Luiz Lula do Nordeste, obrigado!
Luiz, obrigado!
“É difícil escrever para um ser humano que rescreveu a história com as letras da resistência!”
Por José Marciano Monteiro e Rafael Maracajá Antonino
Querido nordestino,
Ao longo dos dias percebemos como é difícil escrever para um ser humano que reescreveu a história do nosso povo com as letras da resistência, o encanto da ´poesia de ser brasileiro e a alegria contagiante de ser nordestino.
É difícil escrever em tempos estúpidos como estes que estamos vivendo. Principalmente quando nosso sorriso é sequestrado e nossas ideias perdem força diante das fake news que se transformaram em agenda de governo. Mas resistiremos, querido presidente, juntamente com você. Se a esperança venceu o medo, os nossos ideais vencerão os que não possuem ideias, mas tão somente, ódio e vingança…
A alma das pessoas mais simples deste país tem vagado procurando a esperança que plantaste durante os teus governos. Mesmo assim, e diante das desilusões que foram plantadas nestes tempos estultos, conseguimos, como nordestinos, carregarmos certezas. Algumas já aprendemos. Outras, ainda haveremos de construir.
A gente sabe que um filho do povo, talhado na seca, retirante, jamis seria nem será aceito por uma elite embriagada pelo ódio. O filho de Dona Lindu devolveu o Brasil aos brasileiros. O Inácio, de fala simples, sentiu na pele o sofrimento no país de poucos privilegiados, e assim aprendeu como matar a fome de muitos.
Um Luiz que saiu do Nordeste escuro e que voltou trazendo Luz Para Todos. Um Lula que possibilitou a tantos Silvas saciarem a sede dos justos. A gente, que nasceu no Cariri paraibano, sabe o que isso representa. A água era escassa, então “o cara” construiu cisternas. Não sendo suficiente, abençoou a terra árida com novas vidas transpostas pelo Velho Chico.
O rio, pelas mãos do retirante de Caetés, desceu das Minas Gerais para o interior da Paraíba, levando o direito de existir o derramamento de lágrimas em cada gesto singelo de gratidão – uma mistura e emoção e alegria.
A comida era pouca, então “o cara” garantiu o direito de comer. A educação era difícil, por você ergueu universidades, escolas técnicas e entregou livros para que os filhos de pobres e ricos pudessem escrever suas próprias histórias. Se não tinha como o aluno chegar à escola, você criou Caminhos. Agora viajamos de ônibus. O jegue virou apenas um símbolo; o pau de arara é um retrato do passado.
As estradas estavam ruins, então você mandou máquinas para trilhar novas veredas. Aluguel? Surgiu então um tal de “Minha Casa, Minha Vida“, que se multiplicou pelo Brasil como símbolo de perseverança. Para as Donas Lindus do Brasil, sonhos transformaram-se em lar.
Com tudo isso, se você, caro leitor, não conseguiu sorrir, Luiz deu o direito de abrir a boca e ser feliz. O Brasil ficou sorridente. De fato, até então, essas pessoas nunca haviam sentido a presença dos direitos sociais proporcionados pelo Estado em suas vidas. Ao longo dos últimos 500 anos isso foi tomado do povo por aqueles que te prenderam. São os mesmos que se apropriam de algo que pertence a todos os brasileiros.
Uma ínfima elite do atraso tenta de toda forma te julgar, mas não são capazes. Demonstram a cada dia, a jato, a farsa que inventaram. Não sabem, nunca aprenderam, que a “história é parteira da verdade” e que o verdadeiro julgamento é ela quem fará.
Desejam, querido presidente, apagar os teus feitos, mas não conseguirão. Estrelas não se apagam. Nasceste, como teu próprio nome já diz para brilhar. O teu nome Luiz é uma contração de luz… Luz que iluminou e continua a iluminar os brasileiros e, principalmente, a nós, nordestinos.
O Nordeste, graças às tuas ações, continua sendo a região-resistência: antes dos teus governos resistimos à fome e aos efeitos da seca. Hoje resistiremos ao golpe e aos desmontes que estão realizando sobre os direitos sociais conquistados com muito suor e luta dos trabalhadores. Engana-se, Luiz, quem acredita que tua Luz será apagada. Engana-se quem acredita que amanhã, após essa tempestade, não veremos estrelas brilharem. Elas irão brilhar e essa tempestade já está por passar.
A luta conduzirá a luz por dias melhores, em que estrelas reluzirão novamente no céu desse nosso Brasil. Uma será sempre você.
Obrigado, Luiz! Obrigado por despertar no povo brasileiro o desejo de dizer obrigado.
Fonte: As cartas que Lula não recebeu, p 77, Coletânea organizada por Cleusa Slaviero e Fernando Tolentino