Lula: É preciso ‘dinheiro novo’ para ajudar o povo e combater o coronavírus

: É preciso ‘dinheiro novo’ para ajudar o povo e combater o coronavírus

O ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva disse nesta quinta-feira (16) que é preciso “rodar dinheiro novo”, garantindo renda para que a população possa ficar em isolamento e fortalecer o sistema público de saúde no combate à pandemia de coronavírus. Ele criticou o governo Bolsonaro pela falta de coordenação com os estados, e disse que os recursos anunciados não chegam aos governadores.

Lula também criticou o ministro da , Paulo Guedes, pela rapidez com que garantiu R$ 1,2 trilhão para salvar instituições financeiras, enquanto demorou a liberar recursos para o pagamento do auxílio emergencial a trabalhadores autônomos, informais e desempregados.

As declarações foram dadas ao jornalista Mário Kertész, para o jornal Bahia no Ar, da Rádio Metrópole. Ele também criticou o ministro da Saúde, Luiz Henrique Mandetta, que “sempre foi contra o SUS” e a favor da privatização da saúde. Também foi um dos responsáveis pelo fim do programa Mais Médicos, que culminou com a saída do Brasil dos médicos cubanos.

Dinheiro novo
“Tem que rodar dinheiro novo. Se o orçamento já não dava quando estamos em tempos de normalidade, em de coronavírus, a gente tem que colocar a máquina para rodar dinheiro. O Brasil não tem que ter medo de colocar 300 bilhões novos. Não vai criar inflação nenhuma. Vai apenas alargar a base monetária. É fazer dinheiro para utilizar com o povo, que está numa medonha”, defendeu o ex-presidente.

Ele afirmou que em “situações de guerra”, não é hora de se preocupar com a dí interna. Citou o caso do , que ampliaram o déficit, durante a 2ª Guerra Mundial não apenas para vencer o conflito, como também para viabilizar o New Deal, plano para reativar a economia. No Brasil, Lula citou que, durante a Guerra do Paraguai (1864-1870), foi gasto o equivalente a 11 vezes o orçamento anual daquele período.

Capitão do Naufrágio
Pelas redes sociais, Lula comparou a atuação de Bolsonaro frente à crise do coronavírus à do capitão do Titanic, navio que afundou no Atlântico, em 1912, depois de bater num bloco de gelo.

Lula

@LulaOficial
 

Diante do esforço no combate à pandemia, Lula afirmou, na entrevista, que os poderes da República e as três esferas de governo – União, estados e municípios – devem atuar em sintonia, tal qual uma orquestra. Mas Bolsonaro, que deveria ser o “maestro”, continua criando conflito.

“O papel do presidente é respeitar as instituições e os entes federados, estabelecendo uma de convivência harmônica e pacífica para que o Brasil possa dar certo. Um presidente não pode ficar brigando todo dia, toda hora, com todo mundo. Bolsonaro tem que governar esse país e deixar de ser ignorante, para fazer as coisas que têm que ser feitas.”


Lula disse ainda que Bolsonaro deve respeitar a população do Nordeste, em vez de tentar retaliar politicamente a região. “Não é possível um presidente determinar na sua cabeça que o Nordeste é inimigo só porque perdeu as . Não é possível o tratamento desrespeitoso com os governadores da região. Dá menos dinheiro do Bolsa Família, menos recursos para combater o coronavírus, por uma bobagem de uma perseguição política.”

Por conta dessas dificuldades, Lula saudou as ações que vem sendo desenvolvidas pelo Consórcio do Nordeste, que reúne os governadores da região para a elaboração de políticas públicas integradas.

Mandeta e Guedes
“Agora a gente está vendo uma briga entre o ministro da Saúde e o presidente, mas esse ministro sempre foi contra o SUS. Foi o responsável por mandar os médicos cubanos embora, acabando com o Mais Médicos. Era um privatista do sistema de saúde”, disse Lula sobre Mandetta.

Sobre o ministro da Economia, o ex-presidente disse que Paulo Guedes foi ágil para atender os bancos e agências de investimento, aprovando a liberação de R$ 1,2 trilhão em recursos. “Se o dinheiro demora tanto tempo para chegar na mão do pobre, por que é que chega com tanta rapidez na mão dos banqueiros? Historicamente acontece isso. É tudo para os ricos e nada para os pobres.”

Fonte: BBC via Blog do Esmael

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UMA REVISTA PRA CHAMAR DE NOSSA

Era novembro de 2014. Primeiro fim de semana. Plena campanha da Dilma. Fim de tarde na RPPN dele, a Linda Serra dos Topázios. Jaime e eu começamos a conversar sobre a falta que fazia termos acesso a um veículo independente e democrático de informação.

Resolvemos fundar o nosso. Um espaço não comercial, de resistência. Mais um trabalho de militância, voluntário, por suposto. Jaime propôs um jornal; eu, uma revista. O nome eu escolhi (ele queria Bacurau). Dividimos as tarefas. A capa ficou com ele, a linha editorial também.

Correr atrás da grana ficou por minha conta. A paleta de cores, depois de larga prosa, Jaime fechou questão – “nossas cores vão ser o vermelho e o amarelo, porque revista tem que ter cor de luta, cor vibrante” (eu queria verde-floresta). Na paz, acabei enfiando um branco.

Fizemos a primeira edição da Xapuri lá mesmo, na Reserva, em uma noite. Optamos por centrar na pauta socioambiental. Nossa primeira capa foi sobre os povos indígenas isolados do Acre: ‘Isolados, Bravos, Livres: Um Brasil Indígena por Conhecer”. Depois de tudo pronto, Jaime inventou de fazer uma outra boneca, “porque toda revista tem que ter número zero”.

Dessa vez finquei pé, ficamos com a capa indígena. Voltei pra Brasília com a boneca praticamente pronta e com a missão de dar um jeito de imprimir. Nos dias seguintes, o Jaime veio pra Formosa, pra convencer minha irmã Lúcia a revisar a revista, “de grátis”. Com a primeira revista impressa, a próxima tarefa foi montar o Conselho Editorial.

Jaime fez questão de visitar, explicar o projeto e convidar pessoalmente cada conselheiro e cada conselheira (até a doença agravar, nos seus últimos meses de vida, nunca abriu mão dessa tarefa). Daqui rumamos pra Goiânia, para convidar o arqueólogo Altair Sales Barbosa, nosso primeiro conselheiro. “O mais sabido de nóis,” segundo o Jaime.

Trilhamos uma linda jornada. Em 80 meses, Jaime fez questão de decidir, mensalmente, o tema da capa e, quase sempre, escrever ele mesmo. Às vezes, ligava pra falar da ótima ideia que teve, às vezes sumia e, no dia certo, lá vinha o texto pronto, impecável.

Na sexta-feira, 9 de julho, quando preparávamos a Xapuri 81, pela primeira vez em sete anos, ele me pediu para cuidar de tudo. Foi uma conversa triste, ele estava agoniado com os rumos da doença e com a tragédia que o Brasil enfrentava. Não falamos em morte, mas eu sabia que era o fim.

Hoje, cá estamos nós, sem as capas do Jaime, sem as pautas do Jaime, sem o linguajar do Jaime, sem o jaimês da Xapuri, mas na labuta, firmes na resistência. Mês sim, mês sim de novo, como você sonhava, Jaiminho, carcamos porva e, enfim, chegamos à nossa edição número 100. E, depois da Xapuri 100, como era desejo seu, a gente segue esperneando.

Fica tranquilo, camarada, que por aqui tá tudo direitim.

Zezé Weiss

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