Lula lança novo pacote e titula 5 terras quilombolas

Lula lança novo pacote e titula 5 terras

A ministra da Igualdade Racial, Aniele Franco, destacou que um país que enfrenta o racismo e promove a igualdade racial é um país mais desenvolvido, mais justo e democrático

Por Poderes Pretos/Mídia Ninja

Neste Dia da , o presidente Luiz Inácio Lula da Silva anunciou o segundo pacote do governo brasileiro pela igualdade racial, composto por 13 ações estruturantes destinadas a promover a vida, inclusão, , e reparação para a população negra do país.

No discurso realizado durante a celebração, Lula destacou que as medidas apresentadas representam o pagamento de uma “dívida histórica que a supremacia branca construiu nesse país desde que ele foi descoberto”. O presidente homenageou a deputada federal Benedita da Silva, ressaltando sua contribuição na construção do partido e sua resistência diante das adversidades enfrentadas.

“Eu acho que um jeito de homenagear o dia de hoje é colocar uma pessoa que eu tenho um profundo amor, respeito, carinho, uma figura que nasceu na política junto comigo, ajudou a construir esse partido, já foi vítima de dezena de maldades pregadas por esse país, uma mulher que eu conheci na favela, onde morou muito , criou seus filhos, seus netos, uma mulher que ainda hoje continua intacta, mais bela do que quando tinha 40 anos de idade”, disse, destacando que a população negra é responsável pela construção e pela identidade nacional do Brasil.

A ministra da Igualdade Racial, Aniele Franco, destacou que um país que enfrenta o racismo e promove a igualdade racial é um país mais desenvolvido, mais justo e democrático.

“Reconhecer e contar a nossa história é um dos pilares da consciência negra. Foi ocupando as ruas e os espaços de poder que os movimentos deram passos necessários para que chegássemos até aqui. Essas sementes foram plantadas para garantir a responsabilidade do da promoção de direitos para as pessoas negras, que somam 56% da população”, disse. “Enfrentar o racismo é combater as raízes das desigualdades e da exclusão social”, acrescentou, elencando as ações do governo.

Titulação de terras quilombolas: Avanços para a valorização cultural

Como parte do pacote, cinco terras quilombolas foram tituladas, contribuindo para a valorização da cultura quilombola, modos de vida e conservação da . A insegurança territorial, principal causa dos conflitos enfrentados pela população quilombola, será abordada com a meta de fazer avançar mais de 1,8 mil processos de titulação.

O presidente Lula assinou o decreto que institui a Política Nacional de Gestão Territorial e Ambiental Quilombola (PNGTAQ), com um orçamento de mais de R$ 20 milhões, visando o desenvolvimento sustentável dos territórios quilombolas e a efetivação de direitos sociais.

Ações afirmativas e comunicação antirracista: Rumo à equidade
O Programa Nacional de Ações Afirmativas busca formular políticas voltadas para e pessoas negras, quilombolas, indígenas, ciganas ou com deficiência, com um investimento de R$ 9 milhões. Foi instituído o Grupo de Interministerial de Comunicação Antirracista, com o objetivo de promover uma comunicação mais inclusiva e respeitosa na administração pública.

Combate à fome e valorização da cultura Hip Hop
Um acordo de cooperação técnica entre os ministérios da Igualdade Racial e do Desenvolvimento Social reafirma o compromisso do governo com a construção do Plano Brasil Sem Fome, buscando promover a equidade de raça e gênero. O hip hop foi reconhecido como referência cultural brasileira, estabelecendo diretrizes nacionais de valorização.

Investimentos em cultura e agroecologia: fortalecendo identidades
O governo anunciou um investimento de R$ 4,4 milhões em uma chamada pública de incentivo à produção cultural, economia de axé e agroecologia, voltada para povos e comunidades tradicionais, quilombolas e ciganos. Um acordo de cooperação com o BNDES visa implementar projetos culturais em prol da preservação e valorização da herança africana.

Educação e pesquisa: caminhos Amefricanos e observatório de políticas públicas
O programa “Caminhos Amefricanos” foi lançado para promover intercâmbios entre Brasil, África, e Caribe, visando diálogo, pesquisa, produção científica e cooperação. Além disso, o governo investirá em pesquisa, monitoramento e avaliação de dados em parceria com instituições como o IBGE e o Ipea, fortalecendo a construção do Observatório de Políticas Públicas em Igualdade Racial.

*Com informações da Agência Brasil

Fonte: Agência Brasil Capa: Fábio Rodrigues Pozzebom/Agência Brasil


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UMA REVISTA PRA CHAMAR DE NOSSA

Era novembro de 2014. Primeiro fim de semana. Plena campanha da Dilma. Fim de tarde na RPPN dele, a Linda Serra dos Topázios. Jaime e eu começamos a conversar sobre a falta que fazia termos acesso a um veículo independente e democrático de informação.

Resolvemos fundar o nosso. Um espaço não comercial, de resistência. Mais um trabalho de militância, voluntário, por suposto. Jaime propôs um jornal; eu, uma revista. O nome eu escolhi (ele queria Bacurau). Dividimos as tarefas. A capa ficou com ele, a linha editorial também.

Correr atrás da grana ficou por minha conta. A paleta de cores, depois de larga prosa, Jaime fechou questão – “nossas cores vão ser o vermelho e o amarelo, porque revista tem que ter cor de luta, cor vibrante” (eu queria verde-floresta). Na paz, acabei enfiando um branco.

Fizemos a primeira edição da Xapuri lá mesmo, na Reserva, em uma noite. Optamos por centrar na pauta socioambiental. Nossa primeira capa foi sobre os povos indígenas isolados do Acre: ‘Isolados, Bravos, Livres: Um Brasil Indígena por Conhecer”. Depois de tudo pronto, Jaime inventou de fazer uma outra boneca, “porque toda revista tem que ter número zero”.

Dessa vez finquei pé, ficamos com a capa indígena. Voltei pra Brasília com a boneca praticamente pronta e com a missão de dar um jeito de imprimir. Nos dias seguintes, o Jaime veio pra Formosa, pra convencer minha irmã Lúcia a revisar a revista, “de grátis”. Com a primeira revista impressa, a próxima tarefa foi montar o Conselho Editorial.

Jaime fez questão de visitar, explicar o projeto e convidar pessoalmente cada conselheiro e cada conselheira (até a doença agravar, nos seus últimos meses de vida, nunca abriu mão dessa tarefa). Daqui rumamos pra Goiânia, para convidar o arqueólogo Altair Sales Barbosa, nosso primeiro conselheiro. “O mais sabido de nóis,” segundo o Jaime.

Trilhamos uma linda jornada. Em 80 meses, Jaime fez questão de decidir, mensalmente, o tema da capa e, quase sempre, escrever ele mesmo. Às vezes, ligava pra falar da ótima ideia que teve, às vezes sumia e, no dia certo, lá vinha o texto pronto, impecável.

Na sexta-feira, 9 de julho, quando preparávamos a Xapuri 81, pela primeira vez em sete anos, ele me pediu para cuidar de tudo. Foi uma conversa triste, ele estava agoniado com os rumos da doença e com a tragédia que o Brasil enfrentava. Não falamos em morte, mas eu sabia que era o fim.

Hoje, cá estamos nós, sem as capas do Jaime, sem as pautas do Jaime, sem o linguajar do Jaime, sem o jaimês da Xapuri, mas na labuta, firmes na resistência. Mês sim, mês sim de novo, como você sonhava, Jaiminho, carcamos porva e, enfim, chegamos à nossa edição número 100. E, depois da Xapuri 100, como era desejo seu, a gente segue esperneando.

Fica tranquilo, camarada, que por aqui tá tudo direitim.

Zezé Weiss

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