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Lula, sobre a #VazaJato: “A verdade fica doente, mas não morre nunca”

Lula, sobre a #VazaJato: “A verdade fica doente, mas não morre nunca”

Do 247– Os advogados Martins e Roberto Batochio, visitaram seu cliente, o ex-presidente Luiz Inácio da , na manhã desta terça-feira (11) em Curitiba. À saída, disseram que Lula está impactado com o grau de “promiscuidade” das relações entre o ex-juiz e os promotores da Lava Jato.

“Moro atuou como um coordenador da acusação e depois proferiu um veredito em cima de uma acusação que ele próprio ajudou a construir”, disse Zanin. Segundo Batochio, Lula saudou as revelações das reportagens do Inercept publicadas no último domingo (9) dizendo que “a verdade fica doente, mas não morre nunca”.

Zanin reafirmou o que a defesa de Lula tem apontado há anos e disse que os fatos divulgados agora “reforçam que Lula não teve direito a um julgamento imparcial e independente”.

“Vamos (os fatos) reforçar a nulidade do processo e a inocência do ex-. Absoluta falta de equidistância das partes. A acusação foi tratada de uma forma diferente da defesa. Há claramente uma coordenação em relação ao da acusação, o que afronta a nossa “, disse. “Temos a expectativa de que o STF julgue os Habeas Corpus já pendentes, inclusive a falta de imparcialidade do juiz Sérgio Moro em relação ao ex-presidente Lula. Esperamos que esses fatos novos possam sensibilizar e mostrar ao Judiciário que Lula não teve direito a um julgamento justo, imparcial e independente”, complementou.

Batochio destacou o “grau de promiscuidade entre quem julga e quem acusa num mesmo processo”. “Desnatura o princípio da imparcialidade do juiz. A Constituição estabelece condições para validar um processo criminal, que são o Devido Processo Legal. Segundo a Constituição, nenhum julgamento é válido na esfera criminal se o juiz não for imparcial”.

Um das reportagens do site apontou para uma tentativa de Moro em fazer uma interferência no trabalho de procuradores. “Moro sugeriu trocar a ordem de fases da Lava Jato, cobrou novas operações, deu conselhos e pistas e antecipou ao menos uma decisão, mostram conversas privadas ao longo de dois anos”, destaca a matéria.

Em outra matéria, o procurador Deltan Dallagnol duvidava da existência de provas contra Lula no processo do triplex em Guarujá (SP).

“No dia 9 de setembro de 2016, precisamente às 21h36 daquela sexta-feira, Deltan Dallagnol enviou uma mensagem a um grupo batizado de Incendiários ROJ, formado pelos procuradores que trabalhavam no caso’. Ele digitou: ‘Falarão que estamos acusando com base em notícia de jornal e indícios frágeis… então é um item que é bom que esteja bem amarrado. Fora esse item, até agora tenho receio da ligação entre Petrobras e o enriquecimento, e depois que me falaram to com receio da do apto… São pontos em que temos que ter as respostas ajustadas e na ponta da ‘”, diz o site.

Assista à entrevistas dos advogados.

 


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UMA REVISTA PRA CHAMAR DE NOSSA

Era novembro de 2014. Primeiro fim de semana. Plena campanha da Dilma. Fim de tarde na RPPN dele, a Linda Serra dos Topázios. Jaime e eu começamos a conversar sobre a falta que fazia termos acesso a um veículo independente e democrático de informação.

Resolvemos fundar o nosso. Um espaço não comercial, de resistência. Mais um trabalho de militância, voluntário, por suposto. Jaime propôs um jornal; eu, uma revista. O nome eu escolhi (ele queria Bacurau). Dividimos as tarefas. A capa ficou com ele, a linha editorial também.

Correr atrás da grana ficou por minha conta. A paleta de cores, depois de larga prosa, Jaime fechou questão – “nossas cores vão ser o vermelho e o amarelo, porque revista tem que ter cor de luta, cor vibrante” (eu queria verde-floresta). Na paz, acabei enfiando um branco.

Fizemos a primeira edição da Xapuri lá mesmo, na Reserva, em uma noite. Optamos por centrar na pauta socioambiental. Nossa primeira capa foi sobre os povos indígenas isolados do Acre: ‘Isolados, Bravos, Livres: Um Brasil Indígena por Conhecer”. Depois de tudo pronto, Jaime inventou de fazer uma outra boneca, “porque toda revista tem que ter número zero”.

Dessa vez finquei pé, ficamos com a capa indígena. Voltei pra Brasília com a boneca praticamente pronta e com a missão de dar um jeito de imprimir. Nos dias seguintes, o Jaime veio pra Formosa, pra convencer minha irmã Lúcia a revisar a revista, “de grátis”. Com a primeira revista impressa, a próxima tarefa foi montar o Conselho Editorial.

Jaime fez questão de visitar, explicar o projeto e convidar pessoalmente cada conselheiro e cada conselheira (até a doença agravar, nos seus últimos meses de vida, nunca abriu mão dessa tarefa). Daqui rumamos pra Goiânia, para convidar o arqueólogo Altair Sales Barbosa, nosso primeiro conselheiro. “O mais sabido de nóis,” segundo o Jaime.

Trilhamos uma linda jornada. Em 80 meses, Jaime fez questão de decidir, mensalmente, o tema da capa e, quase sempre, escrever ele mesmo. Às vezes, ligava pra falar da ótima ideia que teve, às vezes sumia e, no dia certo, lá vinha o texto pronto, impecável.

Na sexta-feira, 9 de julho, quando preparávamos a Xapuri 81, pela primeira vez em sete anos, ele me pediu para cuidar de tudo. Foi uma conversa triste, ele estava agoniado com os rumos da doença e com a tragédia que o Brasil enfrentava. Não falamos em morte, mas eu sabia que era o fim.

Hoje, cá estamos nós, sem as capas do Jaime, sem as pautas do Jaime, sem o linguajar do Jaime, sem o jaimês da Xapuri, mas na labuta, firmes na resistência. Mês sim, mês sim de novo, como você sonhava, Jaiminho, carcamos porva e, enfim, chegamos à nossa edição número 100. E, depois da Xapuri 100, como era desejo seu, a gente segue esperneando.

Fica tranquilo, camarada, que por aqui tá tudo direitim.

Zezé Weiss

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