Lula e Papa Francisco: dois gigantes dialogam sobre fome e intolerância
Por PT
O ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva viaja nesta terça-feira (11) para o Vaticano, onde se reunirá com o papa Francisco na próxima quinta-feira (13). No encontro, Lula vai abordar com o papa o combate à fome, à desigualdade e à intolerância.
“Vou visitar o Papa Francisco para agradecer não só pela solidariedade que teve comigo em um momento difícil, mas sobretudo pela dedicação dele ao povo oprimido. Também quero debater a experiência brasileira no combate à miséria”, escreveu Lula em sua conta no Twitter na última quarta-feira (5).
Em uma entrevista exclusiva ao jornal argentino Página 12 no final de janeiro, Lula disse ter profundo respeito pelo pontífice e ressaltou o compromisso de Francisco na defesa dos direitos humanos.
“Eu acho que ele tem se notabilizado pela coerência. Ele tem se notabilizado na tentativa de fazer com que a Igreja Católica tenha um compromisso maior com o povo pobre. Ele tem um compromisso de defender os direitos humanos muito forte e tem feito sinais pra humanidade muito positivos”, disse Lula.
O ex-presidente ressaltou ainda o compromisso do papa com a questão ambiental e lembrou o papel da Igreja Católica na realização do Sínodo da Amazônia. “Eu fico feliz que a gente tenha um bispo latinoamericano, argentino, pensando de forma tão progressista como o papa Francisco pensa”, afirmou.
Intermediação argentina
O encontro foi intermediado pelo presidente argentino Alberto Fernández, em visita ao Vaticano no útlimo dia 31. Na ocasião, o presidente argentino comunicou aos jornalistas que o papa Francisco concordou em receber Lula no Vaticano.
Em maio do ano passado, o papa Francisco enviou uma carta em que desejou ânimo ao ex-presidente Lula. No texto, ele afirma que “o bem vencerá o mal, a verdade vencerá a mentira e a Salvação vencerá a condenação”.
Na ocasião o líder religioso disse que acredita, assim como seus antecessores, que “a política pode se tornar uma forma eminente de caridade se for implementada no respeito fundamental pela vida, a liberdade e a dignidade das pessoas”.
Depoimento
Para se encontrar com o papa no Vaticano Lula conseguiu na Justiça alterar a data de um depoimento para a operação Zelotes, que estava previsto para esta terça-feira (11). Por decisão do juiz Ricardo Augusto Soares Leite, da 10ª Vara Criminal Federal de Brasília, a audiência foi remarcada para o dia 19 de fevereiro.
Por Brasil de Fato via PT
Era novembro de 2014. Primeiro fim de semana. Plena campanha da Dilma. Fim de tarde na RPPN dele, a Linda Serra dos Topázios. Jaime e eu começamos a conversar sobre a falta que fazia termos acesso a um veículo independente e democrático de informação.
Resolvemos fundar o nosso. Um espaço não comercial, de resistência. Mais um trabalho de militância, voluntário, por suposto. Jaime propôs um jornal; eu, uma revista. O nome eu escolhi (ele queria Bacurau). Dividimos as tarefas. A capa ficou com ele, a linha editorial também.
Correr atrás da grana ficou por minha conta. A paleta de cores, depois de larga prosa, Jaime fechou questão – “nossas cores vão ser o vermelho e o amarelo, porque revista tem que ter cor de luta, cor vibrante” (eu queria verde-floresta). Na paz, acabei enfiando um branco.
Fizemos a primeira edição da Xapuri lá mesmo, na Reserva, em uma noite. Optamos por centrar na pauta socioambiental. Nossa primeira capa foi sobre os povos indígenas isolados do Acre: ‘Isolados, Bravos, Livres: Um Brasil Indígena por Conhecer”. Depois de tudo pronto, Jaime inventou de fazer uma outra boneca, “porque toda revista tem que ter número zero”.
Dessa vez finquei pé, ficamos com a capa indígena. Voltei pra Brasília com a boneca praticamente pronta e com a missão de dar um jeito de imprimir. Nos dias seguintes, o Jaime veio pra Formosa, pra convencer minha irmã Lúcia a revisar a revista, “de grátis”. Com a primeira revista impressa, a próxima tarefa foi montar o Conselho Editorial.
Jaime fez questão de visitar, explicar o projeto e convidar pessoalmente cada conselheiro e cada conselheira (até a doença agravar, nos seus últimos meses de vida, nunca abriu mão dessa tarefa). Daqui rumamos pra Goiânia, para convidar o arqueólogo Altair Sales Barbosa, nosso primeiro conselheiro. “O mais sabido de nóis,” segundo o Jaime.
Trilhamos uma linda jornada. Em 80 meses, Jaime fez questão de decidir, mensalmente, o tema da capa e, quase sempre, escrever ele mesmo. Às vezes, ligava pra falar da ótima ideia que teve, às vezes sumia e, no dia certo, lá vinha o texto pronto, impecável.
Na sexta-feira, 9 de julho, quando preparávamos a Xapuri 81, pela primeira vez em sete anos, ele me pediu para cuidar de tudo. Foi uma conversa triste, ele estava agoniado com os rumos da doença e com a tragédia que o Brasil enfrentava. Não falamos em morte, mas eu sabia que era o fim.
Hoje, cá estamos nós, sem as capas do Jaime, sem as pautas do Jaime, sem o linguajar do Jaime, sem o jaimês da Xapuri, mas na labuta, firmes na resistência. Mês sim, mês sim de novo, como você sonhava, Jaiminho, carcamos porva e, enfim, chegamos à nossa edição número 100. E, depois da Xapuri 100, como era desejo seu, a gente segue esperneando.
Fica tranquilo, camarada, que por aqui tá tudo direitim.
Zezé Weiss
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