Maior usina eólica da América do Sul fica no Brasil, no Estado do Piauí
De vento em popa! Além de subir oito posições em oito anos no ranking de países que tem maior capacidade instalada de energia eólica no mundo, sendo atualmente a 7ª nação da lista, o Brasil ganhou também o título de dono da maior usina de energia eólica da América do Sul.
Por Débora Spitzcovsky/The Green Post
Em operação desde junho de 2021, o empreendimento, batizado de Parque Eólico Lagoa dos Ventos, fica localizado no coração do Estado do Piauí, entre os municípios de Dom Inocêncio, Lagoa do Barro e Queimada Nova, e conta com 716 MW de capacidade instalada.
No total, são 230 geradores de energia eólica operando no local, espalhados por uma área de 120 quilômetros, que juntos conseguem evitar a emissão de 1,6 milhão de toneladas de CO2 por ano, além alimentar com energia limpa cidades do Piauí e de outras regiões do Nordeste.
Além de abrigar a maior usina do setor na América do Sul, o Nordeste bateu outro recorde recente, com a ajuda do Parque Eólico Lagoa dos Ventos. De acordo com a ABEEólica, em 2021, por mais de uma vez, a região foi completamente abastecida durante 100% do dia por energia eólica, pela primeira vez na história, fortalecendo-se cada vez mais no setor – principalmente em tempos de crise hídrica.
Voa, eólica!
Débora Spitzcovsky – Jornalista. Fonte: The Green Post. Foto: Internet/Reprodução. Este artigo não representa a opinião da Revista e é de responsabilidade do autor.
Era novembro de 2014. Primeiro fim de semana. Plena campanha da Dilma. Fim de tarde na RPPN dele, a Linda Serra dos Topázios. Jaime e eu começamos a conversar sobre a falta que fazia termos acesso a um veículo independente e democrático de informação.
Resolvemos fundar o nosso. Um espaço não comercial, de resistência. Mais um trabalho de militância, voluntário, por suposto. Jaime propôs um jornal; eu, uma revista. O nome eu escolhi (ele queria Bacurau). Dividimos as tarefas. A capa ficou com ele, a linha editorial também.
Correr atrás da grana ficou por minha conta. A paleta de cores, depois de larga prosa, Jaime fechou questão – “nossas cores vão ser o vermelho e o amarelo, porque revista tem que ter cor de luta, cor vibrante” (eu queria verde-floresta). Na paz, acabei enfiando um branco.
Fizemos a primeira edição da Xapuri lá mesmo, na Reserva, em uma noite. Optamos por centrar na pauta socioambiental. Nossa primeira capa foi sobre os povos indígenas isolados do Acre: ‘Isolados, Bravos, Livres: Um Brasil Indígena por Conhecer”. Depois de tudo pronto, Jaime inventou de fazer uma outra boneca, “porque toda revista tem que ter número zero”.
Dessa vez finquei pé, ficamos com a capa indígena. Voltei pra Brasília com a boneca praticamente pronta e com a missão de dar um jeito de imprimir. Nos dias seguintes, o Jaime veio pra Formosa, pra convencer minha irmã Lúcia a revisar a revista, “de grátis”. Com a primeira revista impressa, a próxima tarefa foi montar o Conselho Editorial.
Jaime fez questão de visitar, explicar o projeto e convidar pessoalmente cada conselheiro e cada conselheira (até a doença agravar, nos seus últimos meses de vida, nunca abriu mão dessa tarefa). Daqui rumamos pra Goiânia, para convidar o arqueólogo Altair Sales Barbosa, nosso primeiro conselheiro. “O mais sabido de nóis,” segundo o Jaime.
Trilhamos uma linda jornada. Em 80 meses, Jaime fez questão de decidir, mensalmente, o tema da capa e, quase sempre, escrever ele mesmo. Às vezes, ligava pra falar da ótima ideia que teve, às vezes sumia e, no dia certo, lá vinha o texto pronto, impecável.
Na sexta-feira, 9 de julho, quando preparávamos a Xapuri 81, pela primeira vez em sete anos, ele me pediu para cuidar de tudo. Foi uma conversa triste, ele estava agoniado com os rumos da doença e com a tragédia que o Brasil enfrentava. Não falamos em morte, mas eu sabia que era o fim.
Hoje, cá estamos nós, sem as capas do Jaime, sem as pautas do Jaime, sem o linguajar do Jaime, sem o jaimês da Xapuri, mas na labuta, firmes na resistência. Mês sim, mês sim de novo, como você sonhava, Jaiminho, carcamos porva e, enfim, chegamos à nossa edição número 100. E, depois da Xapuri 100, como era desejo seu, a gente segue esperneando.
Fica tranquilo, camarada, que por aqui tá tudo direitim.
Zezé Weiss
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