Marco Temporal é aprovado no plenário do Senado

é aprovado no plenário do Senado

O PL 2903/2023, cuja tese carrega o Marco Temporal e viola os , foi aprovado ontem (27), no plenário do Senado Federal, com 43 votos a favor e 21 contrários. O segue agora à sanção do Presidente da República. A decisão pelo Senado ocorreu no mesmo dia em que o Supremo Tribunal Federal retomou julgamento para avaliar indenizações e a exploração de .

Por Maria Letícia M.

Após o parecer do Senador Marcos Rogério (PL) ter sido aprovado na Comissão de e (CCJ) ontem (27), com o placar da votação em 16 (dezesseis) votos favoráveis ao relatório e 10 (dez) votos desfavoráveis, a matéria seguiu para o plenário no mesmo dia, juntamente com um requerimento de urgência, o qual também foi aprovado. 

O Relator da matéria pela CCJ rejeitou todas as emendas apresentadas na CCJ e no plenário, incluindo a emenda de n°13, sugerida pelo Partido dos (PT), onde dispõe sobre o contato com isolados. A emenda de n°13 tinha como objetivo barrar quaisquer contato com povos isolados, que deve acontecer somente por intermédio da Funai. Porém, o senador Marcos Rogério se posicionou veemente contrário a proposta. Além disso, as emendas ao projeto visavam barrar artigos do PL 2903/2023 que visivelmente violam os direitos indígenas e que podem ocasionar em danos ambientais severos. 

Atualmente, a previsão é de que a matéria tramite para a sanção do Presidente Luiz Inácio da , em decisão terminativa no âmbito do Poder Legislativo. Vale destacar que, apesar do Presidente do Senado, Rodrigo Pacheco, afirmar que não há “sentimento de revanchismo” por parte do Senado, a situação é de clara contraposição quanto a decisão da Suprema Corte, que derrubou a tese do Marco Temporal com placar de 9 a 2.

Em suma, o PL 2903 pode ser prejudicado pela decisão do STF, que pode sobrepor-se à decisão favorável do Legislativo, visto que, ficou determinada a inconstitucionalidade da tese pelo próprio Supremo brasileiro. 

Maria Letícia M. – Colunista voluntária da Xapuri. Foto: Apib|Mídia Ninja/MNI.

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UMA REVISTA PRA CHAMAR DE NOSSA

Era novembro de 2014. Primeiro fim de semana. Plena campanha da Dilma. Fim de tarde na RPPN dele, a Linda Serra dos Topázios. Jaime e eu começamos a conversar sobre a falta que fazia termos acesso a um veículo independente e democrático de informação.

Resolvemos fundar o nosso. Um espaço não comercial, de resistência. Mais um trabalho de militância, voluntário, por suposto. Jaime propôs um jornal; eu, uma revista. O nome eu escolhi (ele queria Bacurau). Dividimos as tarefas. A capa ficou com ele, a linha editorial também.

Correr atrás da grana ficou por minha conta. A paleta de cores, depois de larga prosa, Jaime fechou questão – “nossas cores vão ser o vermelho e o amarelo, porque revista tem que ter cor de luta, cor vibrante” (eu queria verde-floresta). Na paz, acabei enfiando um branco.

Fizemos a primeira edição da Xapuri lá mesmo, na Reserva, em uma noite. Optamos por centrar na pauta socioambiental. Nossa primeira capa foi sobre os povos indígenas isolados do Acre: ‘Isolados, Bravos, Livres: Um Brasil Indígena por Conhecer”. Depois de tudo pronto, Jaime inventou de fazer uma outra boneca, “porque toda revista tem que ter número zero”.

Dessa vez finquei pé, ficamos com a capa indígena. Voltei pra Brasília com a boneca praticamente pronta e com a missão de dar um jeito de imprimir. Nos dias seguintes, o Jaime veio pra Formosa, pra convencer minha irmã Lúcia a revisar a revista, “de grátis”. Com a primeira revista impressa, a próxima tarefa foi montar o Conselho Editorial.

Jaime fez questão de visitar, explicar o projeto e convidar pessoalmente cada conselheiro e cada conselheira (até a doença agravar, nos seus últimos meses de vida, nunca abriu mão dessa tarefa). Daqui rumamos pra Goiânia, para convidar o arqueólogo Altair Sales Barbosa, nosso primeiro conselheiro. “O mais sabido de nóis,” segundo o Jaime.

Trilhamos uma linda jornada. Em 80 meses, Jaime fez questão de decidir, mensalmente, o tema da capa e, quase sempre, escrever ele mesmo. Às vezes, ligava pra falar da ótima ideia que teve, às vezes sumia e, no dia certo, lá vinha o texto pronto, impecável.

Na sexta-feira, 9 de julho, quando preparávamos a Xapuri 81, pela primeira vez em sete anos, ele me pediu para cuidar de tudo. Foi uma conversa triste, ele estava agoniado com os rumos da doença e com a tragédia que o Brasil enfrentava. Não falamos em morte, mas eu sabia que era o fim.

Hoje, cá estamos nós, sem as capas do Jaime, sem as pautas do Jaime, sem o linguajar do Jaime, sem o jaimês da Xapuri, mas na labuta, firmes na resistência. Mês sim, mês sim de novo, como você sonhava, Jaiminho, carcamos porva e, enfim, chegamos à nossa edição número 100. E, depois da Xapuri 100, como era desejo seu, a gente segue esperneando.

Fica tranquilo, camarada, que por aqui tá tudo direitim.

Zezé Weiss

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