Menina que nasceu sem as mãos é bicampeã em caligrafia

Menina que nasceu sem as mãos é bicampeã em concurso de caligrafia nos EUA

Por Vitor Paiva

Se desconhecer limites de qualquer tipo para alcançar objetivos apesar das dificuldades pode ser uma definição de superação, poucas histórias serão tão perfeitamente ilustrativas de tão força quanto a da jovem estudante americana Anaya Ellick. Atual vencedora do concurso de caligrafia “Nicholas Maxim para Excelência em Caligrafia Cursiva”, Anaya superou outros 50 alunos de diversas escolas do país, para conquistar o certificado, o troféu e o prêmio de 1 mil dólares – cerca de 3,7 mil reais. O imenso detalhe que faz do feito de Anaya um verdadeiro épico é o fato da jovem não possuir as duas mãos.

Hoje com 9 anos, Anaya nasceu sem as duas mãos, e nunca quis usar próteses que, segundo ela, lhe atrapalhavam para as mais diversas tarefas. Dessa forma, ela foi descobrindo e desenvolvendo técnicas para conseguir realizar atividades como desenhar e, claro, escrever.

A estudante do terceiro ano fundamental segura o lápis com o braço direito e, com o cotovelo esquerdo, estabiliza o papel sobre a mesa – é assim que ela desenha sua caligrafia campeã.

O espanto, no entanto, não para por aí: essa é a segunda vez que Anaya ganha o concurso; sua primeira vitória foi em 2016, quando ainda cursava o 1º ano. No Greenbrier Christian Academy, colégio na cidade de Chesapeake, no da Virgínia, nos EUA – onde ela estuda -, Anaya virou de fato uma inspiração. “O merecido primeiro lugar de Anaya nos lembra o que a determinação e o trabalho duro podem alcançar. Estamos bastante orgulhosos dela e de suas realizações. Parabéns Anaya por sua conquista, você inspira a todos!”, disse o post oficial da comentando seu feito.

Anaya4

O Nicholas Maxim é parte da competição nacional de caligrafia Zaner-Bloser, premiando em caligrafia os alunos com algum tipo de necessidade especial.

*Vitor Paiva – Escritor, jornalista e músico, doutorando em pela PUC-Rio, publica artigos, ensaios e reportagens. É autor dos Tudo Que Não é Cavalo, Boca Aberta, Só o Sol Sabe Sair de Cena e Dólar e outros amores.

Fonte: Hypeness

Gentileza babylook pink 3 3

Salve! Este site é mantido com a venda de nossas camisetas. É também com a venda de camisetas que apoiamos a do Comitê Chico Mendes, no , e a do indígena , em . Ao comprar uma delas, você fortalece um veículo de independente, você investe na Resistência. Comprando duas, seu frete sai grátis para qualquer lugar do Brasil. Visite nossa Loja Solidária, ou fale conosco via WhatsApp: 61 9 9611 6826.

Gentileza pink 2 675x450 1

 

Deixe seu comentário

UMA REVISTA PRA CHAMAR DE NOSSA

Era novembro de 2014. Primeiro fim de semana. Plena campanha da Dilma. Fim de tarde na RPPN dele, a Linda Serra dos Topázios. Jaime e eu começamos a conversar sobre a falta que fazia termos acesso a um veículo independente e democrático de informação.

Resolvemos fundar o nosso. Um espaço não comercial, de resistência. Mais um trabalho de militância, voluntário, por suposto. Jaime propôs um jornal; eu, uma revista. O nome eu escolhi (ele queria Bacurau). Dividimos as tarefas. A capa ficou com ele, a linha editorial também.

Correr atrás da grana ficou por minha conta. A paleta de cores, depois de larga prosa, Jaime fechou questão – “nossas cores vão ser o vermelho e o amarelo, porque revista tem que ter cor de luta, cor vibrante” (eu queria verde-floresta). Na paz, acabei enfiando um branco.

Fizemos a primeira edição da Xapuri lá mesmo, na Reserva, em uma noite. Optamos por centrar na pauta socioambiental. Nossa primeira capa foi sobre os povos indígenas isolados do Acre: ‘Isolados, Bravos, Livres: Um Brasil Indígena por Conhecer”. Depois de tudo pronto, Jaime inventou de fazer uma outra boneca, “porque toda revista tem que ter número zero”.

Dessa vez finquei pé, ficamos com a capa indígena. Voltei pra Brasília com a boneca praticamente pronta e com a missão de dar um jeito de imprimir. Nos dias seguintes, o Jaime veio pra Formosa, pra convencer minha irmã Lúcia a revisar a revista, “de grátis”. Com a primeira revista impressa, a próxima tarefa foi montar o Conselho Editorial.

Jaime fez questão de visitar, explicar o projeto e convidar pessoalmente cada conselheiro e cada conselheira (até a doença agravar, nos seus últimos meses de vida, nunca abriu mão dessa tarefa). Daqui rumamos pra Goiânia, para convidar o arqueólogo Altair Sales Barbosa, nosso primeiro conselheiro. “O mais sabido de nóis,” segundo o Jaime.

Trilhamos uma linda jornada. Em 80 meses, Jaime fez questão de decidir, mensalmente, o tema da capa e, quase sempre, escrever ele mesmo. Às vezes, ligava pra falar da ótima ideia que teve, às vezes sumia e, no dia certo, lá vinha o texto pronto, impecável.

Na sexta-feira, 9 de julho, quando preparávamos a Xapuri 81, pela primeira vez em sete anos, ele me pediu para cuidar de tudo. Foi uma conversa triste, ele estava agoniado com os rumos da doença e com a tragédia que o Brasil enfrentava. Não falamos em morte, mas eu sabia que era o fim.

Hoje, cá estamos nós, sem as capas do Jaime, sem as pautas do Jaime, sem o linguajar do Jaime, sem o jaimês da Xapuri, mas na labuta, firmes na resistência. Mês sim, mês sim de novo, como você sonhava, Jaiminho, carcamos porva e, enfim, chegamos à nossa edição número 100. E, depois da Xapuri 100, como era desejo seu, a gente segue esperneando.

Fica tranquilo, camarada, que por aqui tá tudo direitim.

Zezé Weiss

P.S. Você que nos lê pode fortalecer nossa Revista fazendo uma assinatura: www.xapuri.info/assine ou doando qualquer valor pelo PIX: contato@xapuri.info. Gratidão!