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MULHERES NEGRAS

Mulheres Negras reforçam a luta coletiva

Mulheres Negras reforçam a luta coletiva durante Encontro Nacional em Goiânia

Por Iêda Leal 

A cidade de Goiânia, capital do estado de , sediou, entre os dias 6 e 9 de dezembro de 2018, o Encontro Nacional de Mulheres Negras 30 Anos (ENMN) – “Contra o e a e pelo bem viver – Mulheres negras movem o Brasil”. A proposta foram três eixos centrais de discussão: o enfrentamento das violências urbanas, a garantia de direitos sexuais e reprodutivos e o embate ao epistemicídio acadêmico.

Com a participação de delegações de todos os estados brasileiros, o ENMN já nasceu como um evento histórico e ocorreu exatamente três décadas após o Encontro Nacional de Mulheres Negras, sediado na cidade de Valença (RJ), entre os dias 2 e 4 de dezembro de 1988, ano em que se completou o Centenário da Abolição e, simbolicamente, o ano escolhido para pensar avanços frente às desigualdades raciais.

No encontro deste ano, atividades como conferências, mesas, ofi cinas, rodas de conversa, apresentações artísticas, uma feira literária e uma feira de afroempreendedoras movimentaram o Centro de Convenções da Pontifícia Universidade Católica de Goiás (PUC-GO).

Nosso quilombo de resistência e luta foi formado por mais de 1000 mulheres de todo o Brasil, que fazem diariamente a luta em defesa da população negra.

Mulheres da tradição, domésticas, do campo e da cidade, jovens/ estudantes e de todas as idades, mulheres simples que tiveram o coro reforçado de mulheres-destaque e símbolos da luta antirracista e antissexista no , como as escritoras Conceição Evaristo, Cidinha da Silva e Cristiane Sobral; as filósofas Sueli Carneiro e Angela Davis; as deputadas Benedita da Silva e Renata Souza; a ativista Anielle Franco, irmã de .

Esta, negra, vereadora, morta a tiros no Rio de Janeiro, em março de 2018, vítima de um sistema estruturalmente racista, que não tolera a luta de mulheres contrárias aos interesses políticos, que pautam a e a equidade de direitos.

Estávamos reunidas, presentes, lembrando das que já partiram, celebrando as conquistas dos movimentos negros feministas, mas sem esquecer, principalmente, que nossos passos vêm de longe e de muito antes de nós.

O momento foi de lembrar, celebrar e avaliar 30 anos de luta das mulheres negras, desde o encontro de 1988. Luta e movimento que, segundo Conceição Evaristo, nos formam, nos dão consciência, resistência e trazem resiliência às vidas negras.

A importância deste evento deve ser ressaltada pela manutenção e conquista de direitos e pela junção de esforços no embate a todas as formas de opressão e submissão das mulheres negras no Brasil e no mundo. Em Goiânia, mulheres negras fortaleceram as redes e ampliaram as parcerias.

Nós estamos dispostas a lutar sempre por nossas vidas. Resistência sempre. Vidas negras importam

MULHERES NEGRAS

ieda111Iêda Leal de Souza
Vice Presidenta do Sintego
Secretária de Combate ao Racismo da CNTE
Conselheira do Conselho Estadual de – CEE/GO
Coordenadora do Centro de Referência Negra Lélia Gonzales
Coordenadora Nacional do Unifi cado – MNU
Vice Presidenta da CUT – Goiás


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UMA REVISTA PRA CHAMAR DE NOSSA

Era novembro de 2014. Primeiro fim de semana. Plena campanha da Dilma. Fim de tarde na RPPN dele, a Linda Serra dos Topázios. Jaime e eu começamos a conversar sobre a falta que fazia termos acesso a um veículo independente e democrático de informação.

Resolvemos fundar o nosso. Um espaço não comercial, de resistência. Mais um trabalho de militância, voluntário, por suposto. Jaime propôs um jornal; eu, uma revista. O nome eu escolhi (ele queria Bacurau). Dividimos as tarefas. A capa ficou com ele, a linha editorial também.

Correr atrás da grana ficou por minha conta. A paleta de cores, depois de larga prosa, Jaime fechou questão – “nossas cores vão ser o vermelho e o amarelo, porque revista tem que ter cor de luta, cor vibrante” (eu queria verde-floresta). Na paz, acabei enfiando um branco.

Fizemos a primeira edição da Xapuri lá mesmo, na Reserva, em uma noite. Optamos por centrar na pauta socioambiental. Nossa primeira capa foi sobre os povos indígenas isolados do Acre: ‘Isolados, Bravos, Livres: Um Brasil Indígena por Conhecer”. Depois de tudo pronto, Jaime inventou de fazer uma outra boneca, “porque toda revista tem que ter número zero”.

Dessa vez finquei pé, ficamos com a capa indígena. Voltei pra Brasília com a boneca praticamente pronta e com a missão de dar um jeito de imprimir. Nos dias seguintes, o Jaime veio pra Formosa, pra convencer minha irmã Lúcia a revisar a revista, “de grátis”. Com a primeira revista impressa, a próxima tarefa foi montar o Conselho Editorial.

Jaime fez questão de visitar, explicar o projeto e convidar pessoalmente cada conselheiro e cada conselheira (até a doença agravar, nos seus últimos meses de vida, nunca abriu mão dessa tarefa). Daqui rumamos pra Goiânia, para convidar o arqueólogo Altair Sales Barbosa, nosso primeiro conselheiro. “O mais sabido de nóis,” segundo o Jaime.

Trilhamos uma linda jornada. Em 80 meses, Jaime fez questão de decidir, mensalmente, o tema da capa e, quase sempre, escrever ele mesmo. Às vezes, ligava pra falar da ótima ideia que teve, às vezes sumia e, no dia certo, lá vinha o texto pronto, impecável.

Na sexta-feira, 9 de julho, quando preparávamos a Xapuri 81, pela primeira vez em sete anos, ele me pediu para cuidar de tudo. Foi uma conversa triste, ele estava agoniado com os rumos da doença e com a tragédia que o Brasil enfrentava. Não falamos em morte, mas eu sabia que era o fim.

Hoje, cá estamos nós, sem as capas do Jaime, sem as pautas do Jaime, sem o linguajar do Jaime, sem o jaimês da Xapuri, mas na labuta, firmes na resistência. Mês sim, mês sim de novo, como você sonhava, Jaiminho, carcamos porva e, enfim, chegamos à nossa edição número 100. E, depois da Xapuri 100, como era desejo seu, a gente segue esperneando.

Fica tranquilo, camarada, que por aqui tá tudo direitim.

Zezé Weiss

P.S. Você que nos lê pode fortalecer nossa Revista fazendo uma assinatura: www.xapuri.info/assine ou doando qualquer valor pelo PIX: contato@xapuri.info. Gratidão!

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