Mulheres produzem bijuterias usando lixo eletrônico

A produção dos acessórios é feita por mulheres e acontece em Centros Comunitários e em Associações de Bairros. Por essa razão o projeto também incentiva as mulheres a conquistarem autonomia financeira. Além de proporcionar conhecimento tecnológico, o que é de extrema importância atualmente.
Quem coordena o processo de criação são os artistas plásticos: Simoni Uaska e Adriano Moro. O principal objetivo do trabalho é justamente transformar o lixo eletrônico em matéria-prima e com isso criar acessórios femininos e masculinos.
O design inovador carrega beleza e uma importante mensagem. As peças são refinadas, possuem o estilo cyber que tem se tornado tendencia no mercado da moda.

O projeto Tech Girls trouxe soluções inteligentes e ecológicas contra poluição. A estética das peças transcendem a beleza e pode-se ver claramente que o proposito é muito maior que apenas vender. O processo de criação envolve completamente as pessoas envolvidas, devolvendo autonomia para as mulheres, incentivando cada vez investimentos sustentáveis que englobem também comunidades.
Veja aqui mais detalhes sobre o projeto e peças disponíveis: Tech Girls. Loja Tech.
Maria Letícia Marques – Colunista voluntária da Revista Xapuri. Este artigo não representa a opinião da Revista e é de responsabilidade da autora.
Era novembro de 2014. Primeiro fim de semana. Plena campanha da Dilma. Fim de tarde na RPPN dele, a Linda Serra dos Topázios. Jaime e eu começamos a conversar sobre a falta que fazia termos acesso a um veículo independente e democrático de informação.
Resolvemos fundar o nosso. Um espaço não comercial, de resistência. Mais um trabalho de militância, voluntário.
Jaime propôs um jornal; eu, uma revista. O nome eu escolhi (ele queria Bacurau). Dividimos as tarefas. A capa ficou com ele, a linha editorial também. Correr atrás da grana ficou por minha conta. A paleta de cores, depois de larga prosa, ele escolheu (eu queria verde-floresta).
Fizemos a primeira edição da Xapuri lá mesmo, na Reserva, em uma noite. Já voltei pra Brasília com a boneca praticamente pronta e com a missão de dar um jeito de imprimir.
Nos dias seguintes, o Jaime veio pra Formosa, pra convencer minha irmã Lúcia a revisar a revista, “de grátis”. A próxima tarefa foi montar o Conselho Editorial.
Jaime fez questão de visitar, explicar o projeto e convidar cada conselheiro/a pessoalmente (até a doença agravar, nos seus últimos meses de vida, nunca abriu mão dessa tarefa). Daqui rumamos pra Goiânia, para convidar o arqueólogo Altair Sales Barbosa, nosso primeiro conselheiro. “O mais sabido de nóis,” segundo o Jaime.
Trilhamos uma linda jornada. Em 80 meses, Jaime fez questão de decidir, mensalmente, o tema da capa e, quase sempre, escrever ele mesmo.
Na sexta-feira, 9 de julho, quando preparávamos a Xapuri 81, pela primeira vez em sete anos, ele me pediu para cuidar de tudo. Foi uma conversa triste, ele estava agoniado com os rumos da doença e com a tragédia que o Brasil enfrentava. Não falamos em morte, mas eu sabia que era o fim.
Outras 19 edições e cá estamos nós, sem as capas do Jaime, sem as pautas do Jaime, sem o linguajar do Jaime, sem o jaimês da Xapuri, mas na labuta, firmes na resistência. Mês sim, mês sim de novo, como você queria, Jaiminho, carcamos porva e, enfim, chegamos à nossa edição número 100. Fica tranquilo, camarada, que por aqui tá tudo direitim.
Zezé Weiss
P.S. Você que nos lê pode pode fortalecer nossa Revista fazendo uma assinatura: www.xapuri.info/assine ou doando qualquer valor pelo PIX: contato@xapui.info. Gratidão!