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Para as noites de luar, a Serenata de Olinda!

Para as noites de luar, a Serenata de Olinda!

Violões, violinos, bandolins, acordeons. Bolero, chorinho, forró, frevo, tango, marchinha, .  Vozes cantando e palmas compondo o coro. distribuídas para as .

Desde 1987, nas noites de sexta-feira, exceto no , moradores apaixonados e turistas entusiasmados formam animado cortejo pelas ruas e becos de casarios do Sítio Histórico de Olinda, em Pernambuco, para acompanhar, a pé, e com à luz luar, a Serenata de Olinda.edu3

Não há burocracia, nem custo. Para acompanhar a Serenata de Olinda, basta se juntar à concentração de pessoas que sai por volta das 21h30 das escadarias da Igreja de São Apóstolo, na Praça João Alfredo. Na última sexta-feira do mês, o ponto de partida é a Faculdade de Olinda, seguindo pela Avenida .

O trajeto passa pela Rua Prudente de Moraes, fazendo parada nos Quatro Cantos – área conhecida por reunir bares –, Mercado da Ribeira, Prefeitura de Olinda e Rua 27 de Maio. O retorno para a praça da igreja ou para os portões da acontece por volta da meia-noite. Mas pode demorar um pouco mais, quando muitas janelas e portas se abrem para saudar os músicos ao longo do caminho.

Dois grupos musicais, o Luar de Olinda e os Seresteiros de Olinda, cada qual com cerca de 12 a 20 integrantes, dos quais grande parte são músicos amadores, se revezam para tocar um repertório de 80 a 100 músicas. Essa é, segundo os moradores, uma forma bonita e criativa de proteger o Histórico de Olinda.

Aliás, a Serenata surgiu depois de um plebiscito realizado em 1987, onde 70% dos moradores votaram contra a abertura do sítio histórico aos carros. Foi decidido o fechamento parcial, com acesso permitido somente em determinados horários.

Para celebrar a medida, na sexta-feira de 8 de maio de 1987, um grupo saiu pelas ruas tocando músicas variadas para celebrar a medida. Ali nascia a Serenata de Olinda!

Eduardo Pereira
Produtor Cultural

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UMA REVISTA PRA CHAMAR DE NOSSA

Era novembro de 2014. Primeiro fim de semana. Plena campanha da Dilma. Fim de tarde na RPPN dele, a Linda Serra dos Topázios. Jaime e eu começamos a conversar sobre a falta que fazia termos acesso a um veículo independente e democrático de informação.

Resolvemos fundar o nosso. Um espaço não comercial, de resistência. Mais um trabalho de militância, voluntário, por suposto. Jaime propôs um jornal; eu, uma revista. O nome eu escolhi (ele queria Bacurau). Dividimos as tarefas. A capa ficou com ele, a linha editorial também.

Correr atrás da grana ficou por minha conta. A paleta de cores, depois de larga prosa, Jaime fechou questão – “nossas cores vão ser o vermelho e o amarelo, porque revista tem que ter cor de luta, cor vibrante” (eu queria verde-floresta). Na paz, acabei enfiando um branco.

Fizemos a primeira edição da Xapuri lá mesmo, na Reserva, em uma noite. Optamos por centrar na pauta socioambiental. Nossa primeira capa foi sobre os povos indígenas isolados do Acre: ‘Isolados, Bravos, Livres: Um Brasil Indígena por Conhecer”. Depois de tudo pronto, Jaime inventou de fazer uma outra boneca, “porque toda revista tem que ter número zero”.

Dessa vez finquei pé, ficamos com a capa indígena. Voltei pra Brasília com a boneca praticamente pronta e com a missão de dar um jeito de imprimir. Nos dias seguintes, o Jaime veio pra Formosa, pra convencer minha irmã Lúcia a revisar a revista, “de grátis”. Com a primeira revista impressa, a próxima tarefa foi montar o Conselho Editorial.

Jaime fez questão de visitar, explicar o projeto e convidar pessoalmente cada conselheiro e cada conselheira (até a doença agravar, nos seus últimos meses de vida, nunca abriu mão dessa tarefa). Daqui rumamos pra Goiânia, para convidar o arqueólogo Altair Sales Barbosa, nosso primeiro conselheiro. “O mais sabido de nóis,” segundo o Jaime.

Trilhamos uma linda jornada. Em 80 meses, Jaime fez questão de decidir, mensalmente, o tema da capa e, quase sempre, escrever ele mesmo. Às vezes, ligava pra falar da ótima ideia que teve, às vezes sumia e, no dia certo, lá vinha o texto pronto, impecável.

Na sexta-feira, 9 de julho, quando preparávamos a Xapuri 81, pela primeira vez em sete anos, ele me pediu para cuidar de tudo. Foi uma conversa triste, ele estava agoniado com os rumos da doença e com a tragédia que o Brasil enfrentava. Não falamos em morte, mas eu sabia que era o fim.

Hoje, cá estamos nós, sem as capas do Jaime, sem as pautas do Jaime, sem o linguajar do Jaime, sem o jaimês da Xapuri, mas na labuta, firmes na resistência. Mês sim, mês sim de novo, como você sonhava, Jaiminho, carcamos porva e, enfim, chegamos à nossa edição número 100. E, depois da Xapuri 100, como era desejo seu, a gente segue esperneando.

Fica tranquilo, camarada, que por aqui tá tudo direitim.

Zezé Weiss

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