Nova área protegida reforça cinturão de floresta na Amazônia
Ao todo, estado do Pará conta agora com 28 unidades de conservação estaduais, sendo 12 de proteção integral, com a recém-criada Estação Ecológica do Mamuru.
Por Duda Menegassi/O Eco
Criada nesta terça-feira (5), Dia da Amazônia, a Estação Ecológica do Mamuru irá proteger cerca de 126 mil hectares de floresta localizada entre os municípios de Aveiro e Juruti. Localizada no oeste do estado paraense, próxima a divisa com o Amazonas, a nova unidade de conservação irá se somar a um mosaico de áreas protegidas na região do Baixo Amazonas.
Na vizinhança da nova área protegida estão as Terras Indígenas Andirá-Marau (ocupada pelo povo Sateré Mawé) e Maró (onde vivem os Arapium e Borari), que juntas somam mais de 800 mil hectares, o Parque Nacional da Amazônia, com pouco mais de 1 milhão de hectares, e a Reserva Extrativista Tapajós-Arapiuns, com 677 mil hectares de extensão.
O rio Mamuru, que dá nome a nova área protegida, é um afluente do rio Amazonas. A Estação Ecológica é a 28ª unidade de conservação estadual do Pará, sendo a 12ª de proteção integral, ou seja, com maior grau de preservação e restrição a impactos. As outras 16 pertencem à classe de uso sustentável, com regras mais permissivas de uso e ocupação do solo, como Áreas de Proteção Ambiental (APAs).
Sob gestão do Instituto de Desenvolvimento Florestal e da Biodiversidade (Ideflor-Bio), a área da Estação Ecológica passará a receber ações de fiscalização, manejo e atividades de educação ambiental com a população local sobre a importância da unidade de conservação.
Duda Menegassi – Jornalista. Fonte: O Eco. Foto: Duda Menegassi.
Era novembro de 2014. Primeiro fim de semana. Plena campanha da Dilma. Fim de tarde na RPPN dele, a Linda Serra dos Topázios. Jaime e eu começamos a conversar sobre a falta que fazia termos acesso a um veículo independente e democrático de informação.
Resolvemos fundar o nosso. Um espaço não comercial, de resistência. Mais um trabalho de militância, voluntário, por suposto. Jaime propôs um jornal; eu, uma revista. O nome eu escolhi (ele queria Bacurau). Dividimos as tarefas. A capa ficou com ele, a linha editorial também.
Correr atrás da grana ficou por minha conta. A paleta de cores, depois de larga prosa, Jaime fechou questão – “nossas cores vão ser o vermelho e o amarelo, porque revista tem que ter cor de luta, cor vibrante” (eu queria verde-floresta). Na paz, acabei enfiando um branco.
Fizemos a primeira edição da Xapuri lá mesmo, na Reserva, em uma noite. Optamos por centrar na pauta socioambiental. Nossa primeira capa foi sobre os povos indígenas isolados do Acre: ‘Isolados, Bravos, Livres: Um Brasil Indígena por Conhecer”. Depois de tudo pronto, Jaime inventou de fazer uma outra boneca, “porque toda revista tem que ter número zero”.
Dessa vez finquei pé, ficamos com a capa indígena. Voltei pra Brasília com a boneca praticamente pronta e com a missão de dar um jeito de imprimir. Nos dias seguintes, o Jaime veio pra Formosa, pra convencer minha irmã Lúcia a revisar a revista, “de grátis”. Com a primeira revista impressa, a próxima tarefa foi montar o Conselho Editorial.
Jaime fez questão de visitar, explicar o projeto e convidar pessoalmente cada conselheiro e cada conselheira (até a doença agravar, nos seus últimos meses de vida, nunca abriu mão dessa tarefa). Daqui rumamos pra Goiânia, para convidar o arqueólogo Altair Sales Barbosa, nosso primeiro conselheiro. “O mais sabido de nóis,” segundo o Jaime.
Trilhamos uma linda jornada. Em 80 meses, Jaime fez questão de decidir, mensalmente, o tema da capa e, quase sempre, escrever ele mesmo. Às vezes, ligava pra falar da ótima ideia que teve, às vezes sumia e, no dia certo, lá vinha o texto pronto, impecável.
Na sexta-feira, 9 de julho, quando preparávamos a Xapuri 81, pela primeira vez em sete anos, ele me pediu para cuidar de tudo. Foi uma conversa triste, ele estava agoniado com os rumos da doença e com a tragédia que o Brasil enfrentava. Não falamos em morte, mas eu sabia que era o fim.
Hoje, cá estamos nós, sem as capas do Jaime, sem as pautas do Jaime, sem o linguajar do Jaime, sem o jaimês da Xapuri, mas na labuta, firmes na resistência. Mês sim, mês sim de novo, como você sonhava, Jaiminho, carcamos porva e, enfim, chegamos à nossa edição número 100. E, depois da Xapuri 100, como era desejo seu, a gente segue esperneando.
Fica tranquilo, camarada, que por aqui tá tudo direitim.
Zezé Weiss
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