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O povo armado seria a solução?

O povo armado seria a solução? O e cantor gigante de nosso cerrado afirma e argumenta que não. E o poeta tem razão!

Por Juraildes da Cruz 

O povo armado contra quem?

contra a ?

Violência versus violência?

Violência não senta na mesa

não discute soluções,

a violência já é o resultado do caos

no cérebro, na e no coração

que poderia ser resolvido na base com ,

quem teve educação oferece educação não oferece armas.

Um povo armado é um povo desarmado de segurança pois,

o ato de se proteger estará garantido pela bala

e um povo garantido pela bala não é um povo amado, seguro

é um povo atirado aos leões pelos desalmados,

e assim estaremos desarmados de segurança

por sermos incentivados a resolver na violência.

Em pleno século 21 cadê a sabedoria?

O mundo esta sendo conduzido a um rumo perigoso,

sem sabedoria; aniquiladas estarão as estações,

em vão terão sido os sonhos os poemas as canções

em detrimento da Ascenção do pesadelo.

Jesus nos ensinou a graça do perdão da solidariedade e do amor,

ser de luz que combatia a tortura do caráter da mentira e da opressão

e hoje vejo falsos líderes religiosos dando folego a quem faz apologia à tortura,

se Jesus combatia a tortura de caráter

porque ele apoiaria a tortura de enfiar uma agulha debaixo da unha do cidadão?

Que nos encha de esperança o sol da manhã

porque aqui nesse chão estão confundindo Jesus com Gengiskan.

 

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Juraildes da Cruz – cantor e compositor tocantinense, desses que vive em plena comunhão com o cerrado, que se traduz em suas belíssimas composições. Traz um versejar popular com um misto híbrido de clássica. É colaborador da Alaneg-RIDE (Academia de Letras e Artes do Goiano e Região Integrada de Desenvolvimento do Entorno e também da Xapuri Socioambiental.


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UMA REVISTA PRA CHAMAR DE NOSSA

Era novembro de 2014. Primeiro fim de semana. Plena campanha da Dilma. Fim de tarde na RPPN dele, a Linda Serra dos Topázios. Jaime e eu começamos a conversar sobre a falta que fazia termos acesso a um veículo independente e democrático de informação.

Resolvemos fundar o nosso. Um espaço não comercial, de resistência. Mais um trabalho de militância, voluntário, por suposto. Jaime propôs um jornal; eu, uma revista. O nome eu escolhi (ele queria Bacurau). Dividimos as tarefas. A capa ficou com ele, a linha editorial também.

Correr atrás da grana ficou por minha conta. A paleta de cores, depois de larga prosa, Jaime fechou questão – “nossas cores vão ser o vermelho e o amarelo, porque revista tem que ter cor de luta, cor vibrante” (eu queria verde-floresta). Na paz, acabei enfiando um branco.

Fizemos a primeira edição da Xapuri lá mesmo, na Reserva, em uma noite. Optamos por centrar na pauta socioambiental. Nossa primeira capa foi sobre os povos indígenas isolados do Acre: ‘Isolados, Bravos, Livres: Um Brasil Indígena por Conhecer”. Depois de tudo pronto, Jaime inventou de fazer uma outra boneca, “porque toda revista tem que ter número zero”.

Dessa vez finquei pé, ficamos com a capa indígena. Voltei pra Brasília com a boneca praticamente pronta e com a missão de dar um jeito de imprimir. Nos dias seguintes, o Jaime veio pra Formosa, pra convencer minha irmã Lúcia a revisar a revista, “de grátis”. Com a primeira revista impressa, a próxima tarefa foi montar o Conselho Editorial.

Jaime fez questão de visitar, explicar o projeto e convidar pessoalmente cada conselheiro e cada conselheira (até a doença agravar, nos seus últimos meses de vida, nunca abriu mão dessa tarefa). Daqui rumamos pra Goiânia, para convidar o arqueólogo Altair Sales Barbosa, nosso primeiro conselheiro. “O mais sabido de nóis,” segundo o Jaime.

Trilhamos uma linda jornada. Em 80 meses, Jaime fez questão de decidir, mensalmente, o tema da capa e, quase sempre, escrever ele mesmo. Às vezes, ligava pra falar da ótima ideia que teve, às vezes sumia e, no dia certo, lá vinha o texto pronto, impecável.

Na sexta-feira, 9 de julho, quando preparávamos a Xapuri 81, pela primeira vez em sete anos, ele me pediu para cuidar de tudo. Foi uma conversa triste, ele estava agoniado com os rumos da doença e com a tragédia que o Brasil enfrentava. Não falamos em morte, mas eu sabia que era o fim.

Hoje, cá estamos nós, sem as capas do Jaime, sem as pautas do Jaime, sem o linguajar do Jaime, sem o jaimês da Xapuri, mas na labuta, firmes na resistência. Mês sim, mês sim de novo, como você sonhava, Jaiminho, carcamos porva e, enfim, chegamos à nossa edição número 100. E, depois da Xapuri 100, como era desejo seu, a gente segue esperneando.

Fica tranquilo, camarada, que por aqui tá tudo direitim.

Zezé Weiss

P.S. Você que nos lê pode fortalecer nossa Revista fazendo uma assinatura: www.xapuri.info/assine ou doando qualquer valor pelo PIX: contato@xapuri.info. Gratidão!

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