Conheça a ONG que tem a missão de alimentar mais de 1 milhão de crianças todos os dias
Tudo começou quando o escocês Magnus MacFariane-Barrow ouviu, do filho mais velho de uma mulher que acabara de ver morrer de Aids em Malawi, na África, que seu sonho era ter comida suficiente para sobreviver e, quem sabe um dia, ir à escola. Para Magnus, nenhuma criança deveria ter alimento e educação como preocupação.
Por Jéssica Miwa
Então, em 2002, nasceu a Mary’s Food, uma organização não-governamental que hoje alimenta 1.035.637 crianças, de segunda a sexta-feira. A ONG atua em 12 dos países mais pobres do mundo e tem mostrado resultado também na educação dessas nações.
Em entrevista para a CNN, Magnus explica que muitas crianças que frequentavam a escola com fome começaram a aprender. “A saúde delas melhorou. E nós podemos observar os resultados na performance acadêmica”, conta. “É algo bem simples, mas o resultado vai além desta geração”.
Curtiu a iniciativa? Magnus conta tudo sobre ela no livro “The shed that fed a million children” (em tradução livre algo como “A iniciativa que alimentou um milhão de crianças”). O homem orgulha-se do seu trabalho, mas sua maior preocupação no momento é: quem alimentará as outras 57 milhões de crianças famintas que vivem no mundo?
Fonte: The Green Post. Foto: Divulgação. Este artigo não representa a opinião da Revista e é de responsabilidade da autora.
Era novembro de 2014. Primeiro fim de semana. Plena campanha da Dilma. Fim de tarde na RPPN dele, a Linda Serra dos Topázios. Jaime e eu começamos a conversar sobre a falta que fazia termos acesso a um veículo independente e democrático de informação.
Resolvemos fundar o nosso. Um espaço não comercial, de resistência. Mais um trabalho de militância, voluntário, por suposto. Jaime propôs um jornal; eu, uma revista. O nome eu escolhi (ele queria Bacurau). Dividimos as tarefas. A capa ficou com ele, a linha editorial também.
Correr atrás da grana ficou por minha conta. A paleta de cores, depois de larga prosa, Jaime fechou questão – “nossas cores vão ser o vermelho e o amarelo, porque revista tem que ter cor de luta, cor vibrante” (eu queria verde-floresta). Na paz, acabei enfiando um branco.
Fizemos a primeira edição da Xapuri lá mesmo, na Reserva, em uma noite. Optamos por centrar na pauta socioambiental. Nossa primeira capa foi sobre os povos indígenas isolados do Acre: ‘Isolados, Bravos, Livres: Um Brasil Indígena por Conhecer”. Depois de tudo pronto, Jaime inventou de fazer uma outra boneca, “porque toda revista tem que ter número zero”.
Dessa vez finquei pé, ficamos com a capa indígena. Voltei pra Brasília com a boneca praticamente pronta e com a missão de dar um jeito de imprimir. Nos dias seguintes, o Jaime veio pra Formosa, pra convencer minha irmã Lúcia a revisar a revista, “de grátis”. Com a primeira revista impressa, a próxima tarefa foi montar o Conselho Editorial.
Jaime fez questão de visitar, explicar o projeto e convidar pessoalmente cada conselheiro e cada conselheira (até a doença agravar, nos seus últimos meses de vida, nunca abriu mão dessa tarefa). Daqui rumamos pra Goiânia, para convidar o arqueólogo Altair Sales Barbosa, nosso primeiro conselheiro. “O mais sabido de nóis,” segundo o Jaime.
Trilhamos uma linda jornada. Em 80 meses, Jaime fez questão de decidir, mensalmente, o tema da capa e, quase sempre, escrever ele mesmo. Às vezes, ligava pra falar da ótima ideia que teve, às vezes sumia e, no dia certo, lá vinha o texto pronto, impecável.
Na sexta-feira, 9 de julho, quando preparávamos a Xapuri 81, pela primeira vez em sete anos, ele me pediu para cuidar de tudo. Foi uma conversa triste, ele estava agoniado com os rumos da doença e com a tragédia que o Brasil enfrentava. Não falamos em morte, mas eu sabia que era o fim.
Hoje, cá estamos nós, sem as capas do Jaime, sem as pautas do Jaime, sem o linguajar do Jaime, sem o jaimês da Xapuri, mas na labuta, firmes na resistência. Mês sim, mês sim de novo, como você sonhava, Jaiminho, carcamos porva e, enfim, chegamos à nossa edição número 100. E, depois da Xapuri 100, como era desejo seu, a gente segue esperneando.
Fica tranquilo, camarada, que por aqui tá tudo direitim.
Zezé Weiss
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