Ouro Preto: Guardas civis destroem tapete de serragem em homenagem a Marielle

Ouro Preto: Guardas civis destroem tapete de serragem em a Marielle

de expressão não é absoluta”, afirmou a Guarda Civil da cidade, após agentes pisotearem um tapete de serragem, em memória da vereadora carioca, que morreu por defender policiais contra milícias
 
Por: Redação RBA – redebrasilatual

– Agentes da Guarda Municipal de Ouro Preto, em , destruíram uma homenagem à vereadora Marielle Franco (Psol-RJ) neste domingo (21). Vídeos que circulam nas mostram os guardas pisoteando um tapete de serragem em memória da ativista que estava exposto na rua como parte do tradicional encerramento da Semana Santa na cidade histórica. Moradores e turistas que presenciaram a ação questionaram os guardas e protestaram sob gritos de “Marielle Vive” e “Ei Bolsonaro, vai tomar…”.

Em meio às críticas, a Guarda Civil rebateu, em nota, que “desenhos de cunho político” não têm relação com o intuito da confecção dos “tapetes devocionais”. “Informamos que a liberdade de expressão não é absoluta ainda mais quando outros direitos estão sendo afetados”, afirmou a corporação. “O recado já foi dado em 2018, em 2019 não foi diferente”, prosseguiu a nota.

O comportamento dos agentes, diante de homenagens a Marielle não é um episódio novo. No ano passado, os guardas também desmancharam um tapete, confeccionado pela população local, que fazia referência à vereadora –  assassinada em março de 2018, ao lado de Anderson Gomes, que dirigia o carro em que ambos foram emboscados . Um crime político que, passados 400 dias, segue sem respostas quanto aos seus mandantes e suas motivações.

 Pelo Twitter, a deputada federal Áurea Carolina (Psol-MG) considerou a ação da GCM de Ouro Preto como uma tentativa de “apagar a memória da vereadora”. “Porque Marielle é força e “, defendeu a parlamentar que vê a ação como um reflexo da cultura do ódio. “Nesta Páscoa, que caiu no Dia de Tiradentes, que a simbologia do e da liberdade possam vencer o mal e a da “, finalizou.

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Mas, apesar de atacado, o de Marielle segue sendo homenageado em outras partes do país. Recentemente, o nome da vereadora foi escolhido para intitular o jardim de uma praça suspensa ao lado da Gare de l’Est, considerada uma das principais estações de trem de Paris, na França.

Fonte: https://www.redebrasilatual.com.br/cidadania/2019/04/como-ditadura–guarda-de-ouro-preto-destroi-homenagem-a-marielle

CGM Marielle Franco População local criticou ação dos agentes e protestou sob gritos de “Marielle Vive” – Foto Reprodução
 
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UMA REVISTA PRA CHAMAR DE NOSSA

Era novembro de 2014. Primeiro fim de semana. Plena campanha da Dilma. Fim de tarde na RPPN dele, a Linda Serra dos Topázios. Jaime e eu começamos a conversar sobre a falta que fazia termos acesso a um veículo independente e democrático de informação.

Resolvemos fundar o nosso. Um espaço não comercial, de resistência. Mais um trabalho de militância, voluntário, por suposto. Jaime propôs um jornal; eu, uma revista. O nome eu escolhi (ele queria Bacurau). Dividimos as tarefas. A capa ficou com ele, a linha editorial também.

Correr atrás da grana ficou por minha conta. A paleta de cores, depois de larga prosa, Jaime fechou questão – “nossas cores vão ser o vermelho e o amarelo, porque revista tem que ter cor de luta, cor vibrante” (eu queria verde-floresta). Na paz, acabei enfiando um branco.

Fizemos a primeira edição da Xapuri lá mesmo, na Reserva, em uma noite. Optamos por centrar na pauta socioambiental. Nossa primeira capa foi sobre os povos indígenas isolados do Acre: ‘Isolados, Bravos, Livres: Um Brasil Indígena por Conhecer”. Depois de tudo pronto, Jaime inventou de fazer uma outra boneca, “porque toda revista tem que ter número zero”.

Dessa vez finquei pé, ficamos com a capa indígena. Voltei pra Brasília com a boneca praticamente pronta e com a missão de dar um jeito de imprimir. Nos dias seguintes, o Jaime veio pra Formosa, pra convencer minha irmã Lúcia a revisar a revista, “de grátis”. Com a primeira revista impressa, a próxima tarefa foi montar o Conselho Editorial.

Jaime fez questão de visitar, explicar o projeto e convidar pessoalmente cada conselheiro e cada conselheira (até a doença agravar, nos seus últimos meses de vida, nunca abriu mão dessa tarefa). Daqui rumamos pra Goiânia, para convidar o arqueólogo Altair Sales Barbosa, nosso primeiro conselheiro. “O mais sabido de nóis,” segundo o Jaime.

Trilhamos uma linda jornada. Em 80 meses, Jaime fez questão de decidir, mensalmente, o tema da capa e, quase sempre, escrever ele mesmo. Às vezes, ligava pra falar da ótima ideia que teve, às vezes sumia e, no dia certo, lá vinha o texto pronto, impecável.

Na sexta-feira, 9 de julho, quando preparávamos a Xapuri 81, pela primeira vez em sete anos, ele me pediu para cuidar de tudo. Foi uma conversa triste, ele estava agoniado com os rumos da doença e com a tragédia que o Brasil enfrentava. Não falamos em morte, mas eu sabia que era o fim.

Hoje, cá estamos nós, sem as capas do Jaime, sem as pautas do Jaime, sem o linguajar do Jaime, sem o jaimês da Xapuri, mas na labuta, firmes na resistência. Mês sim, mês sim de novo, como você sonhava, Jaiminho, carcamos porva e, enfim, chegamos à nossa edição número 100. E, depois da Xapuri 100, como era desejo seu, a gente segue esperneando.

Fica tranquilo, camarada, que por aqui tá tudo direitim.

Zezé Weiss

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