Paçoca da Banana-da-Terra: Tupinambá de Olivença

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Paçoca da Banana-da-Terra: Tupinambá de Olivença

Por Lúcia Resende

O povo Tupinambá de Olivença, reconhecido oficialmente como povo indígena pela Funai desde 2001, vive nas proximidades da cidade de Ilhéus, em uma região de Mata Atlântica que se estende da costa marítima da Vila de Olivença até a Serra das Trempes e a Serra do Padeiro, no sul da Bahia.

Embora os Tupinambá de Olivença venham de um longo tempo de contato – a Vila hoje conhecida como Olivença é o local onde, em 1680, foi fundado por missionários de um aldeamento indígena – e se considerem um pouco “caboclos”, os Tupinambá de Olivença são um povo orgulhoso de sua identidade indígena.

Organizado em pequenos grupos familiares, eles mantêm suas tradições culturais ancestrais, incluindo especialidades de sua culinária indígena, que incluem sua própria cachaça, a “giroba” e uma já famosa paçoca de banana-da-terra, que reproduzimos aqui:

INGREDIENTES:

  • Banana-da-Terra
  • Coco ralado fresco
  • Leite de coco fresco

MODO DE FAZER

Descasque e amasse uma boa porção de bananas-da-terra (não muito maduras). Aqueça a massa de banana em fogo baixo, mas sem cozinhar muito. Adicione o coco ralado, mexa bem e vá pingando, aos poucos, o leite do próprio coco. Quando a massa estiver consistente e dando liga, a “paçoca” está pronta. Se por acaso ficar muito massuda, é só acrescentar mais leite de coco. Sirva ao natural, em forminhas individuais.

MODO DE PREPARAR O LEITE DE COCO FRESCO

Bata a parte branca do coco seco com a mesma quantidade de água até alcançar a consistência de um leite branco. Coe em um coador comum. A água que sai é o leite de coco fresco. O que sobrar é o coco ralado, usado na paçoca de banana-da-terra do povo indígena Tupinambá de Olivença.

Fonte: culturaveg.com.br

Lúcia Resende – Professora

 

 

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Era novembro de 2014. Primeiro fim de semana. Plena campanha da Dilma. Fim de tarde na RPPN dele, a Linda Serra dos Topázios. Jaime e eu começamos a conversar sobre a falta que fazia termos acesso a um veículo independente e democrático de informação. 

Resolvemos fundar o nosso.  Um espaço não comercial, de resistência. Mais um trabalho de militância, voluntário.

Jaime propôs um jornal; eu, uma revista. O nome eu escolhi (ele queria Bacurau). Dividimos as tarefas. A capa ficou com ele, a linha editorial também. Correr atrás da grana ficou por minha conta. A paleta de cores, depois de larga prosa, ele escolheu (eu queria verde-floresta).

Fizemos a primeira edição da Xapuri lá mesmo, na Reserva, em uma noite. Já voltei pra Brasília com a boneca praticamente pronta e com a missão de dar um jeito de imprimir.

Nos dias seguintes, o Jaime veio pra Formosa, pra convencer minha irmã Lúcia a revisar a revista, “de grátis”. A próxima tarefa foi montar o Conselho Editorial.

Jaime fez questão de visitar, explicar o projeto e convidar cada conselheiro/a pessoalmente (até a doença agravar, nos seus últimos meses de vida, nunca abriu mão dessa tarefa). Daqui rumamos pra Goiânia, para convidar o arqueólogo Altair Sales Barbosa, nosso primeiro conselheiro. “O mais sabido de nóis,” segundo o Jaime.

Trilhamos uma linda jornada. Em 80 meses, Jaime fez questão de decidir, mensalmente, o tema da capa e, quase sempre, escrever ele mesmo.

Na sexta-feira, 9 de julho, quando preparávamos a Xapuri 81, pela primeira vez em sete anos, ele me pediu para cuidar de tudo. Foi uma conversa triste, ele estava agoniado com os rumos da doença e com a tragédia que o Brasil enfrentava. Não falamos em morte, mas eu sabia que era o fim.

Outras 19 edições e cá estamos nós, sem as capas do Jaime, sem as pautas do Jaime, sem o linguajar do Jaime, sem o jaimês da Xapuri, mas na labuta, firmes na resistência. Mês sim, mês sim de novo, como você queria, Jaiminho, carcamos porva e,  enfim, chegamos à nossa edição número 100. Fica tranquilo, camarada, que por aqui tá tudo direitim.

Zezé Weiss

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