Viagem ao centro da Terra: mantos internos e crosta terrestre

Pequena viagem ao centro da : mantos internos e crosta terrestre

De acordo com estudos da Física Contemporânea, que baseia suas conclusões na dispersão das micro-ondas, acredita-se que o Universo se originou há cerca de 13 bilhões de anos. A Terra, juntamente com o Sistema Solar, se formou há 4 bilhões e 600 milhões de anos.

Por Altair Sales Barbosa

No início, a Terra era frequentemente bombardeada por pequenos planetas e meteoritos. Esse fenômeno convertia a sua superfície em um mar de magma, mas também liberava para a primitiva atmosfera do vapores de água, oriundos da fissura de minerais silicatados. A Terra era uma bola de .

Por volta de 4 bilhões e 300 milhões de anos, a superfície esfriou o bastante para permitir a precipitação da água atmosférica. O Planeta foi recoberto por um que o circundava todo, numa profundidade média de 4 km. A precipitação dessa água possibilitou a formação da crosta terrestre, formada de basaltos antigos.

Mais tarde, a presença da água em líquido permitiu a formação de grandes profundidades do granito, que por sua densidade emergiu até a superfície formando as terras emersas, mais tarde constituídas nos continentes atuais. O mar primitivo que circundava o planeta ainda sequestrou da atmosfera, possibilitando a formação de rochas carbonatadas, incluindo o Calcário.

A Crosta Terrestre, ou Crosta Continental, ou Placa Crustal, resultou desse resfriamento e é constituída em sua maior parte por material sólido, tendo até 100 km de profundidade, com média de 30 km, variando de espessuras maiores nas até espessuras menores no fundo oceânico.

A crosta não é contínua, mas se nos apresenta na forma de grandes placas que flutuam sobre uma fina camada fluída, denominada Astenosfera, que marca o início do Manto da Terra. É na Crosta Terrestre onde se desenvolve toda forma de conhecida no Planeta.

Abaixo da Crosta Continental existe o chamado Manto da Terra que se divide em Manto Superior ou Externo e Manto Inferior ou Interno. O Manto Externo se situa de 100 km a 670 km de profundidade. Seu estado físico é o de um fluído muito viscoso que confere ao planeta propriedades físicas peculiares.

Abaixo do Manto Superior, situa-se o Manto Inferior, ou Mesosfera, que abrange de 670 km a 2.900 km de profundidade. Embora seja aparentemente sólido, estranhamente exibe características de fluido. Desse modo, se algo pesado for colocado sobre a superfície da Terra por um longo , o peso será transmitido ao manto, formando uma depressão.

É no Manto da Terra onde se formam as correntes de convecção, responsáveis pelo campo magnético do Planeta e uma sucessão de fenômenos que atingem a sua superfície, desde o vulcanismo, tectonismo, aquecimento e resfriamento das águas oceânicas, que modificam as correntes marítimas, que por sua vez influenciam nas correntes aéreas, mudando o clima continental, etc.

Logo abaixo da camada que forma o Manto Interno, encontra-se o Núcleo Externo com a profundidade de 2.900 a 5.100 km. Sua composição é quase igual à composição do Núcleo Interno, mas contém cerca de 10% de oxigênio. A consistência é de um fluido macio por onde circulam lentas correntes de convecção.

Abaixo do Núcleo Externo encontra-se o Núcleo Interno, com profundidade de 5.100 km a 6.400 km de profundidade. É formado por compostos metálicos de Ferro, Níquel e Enxofre. Apesar de apresentar uma altíssima temperatura de acima de 5.000ºC, permanece em estado sólido dada a alta pressão.

Como se pode observar, o que se configura abaixo dos nossos pés é constituído por camadas que funcionam em equilíbrio. Hoje, conhecer a Terra superficialmente é uma tarefa não muito difícil, tendo em vista o advento técnico do Sensoriamento Remoto.

Mas o conhecimento do interior do Planeta é muito difícil e se baseia na dispersão das ondas sísmicas já que as grandes perfurações com intuito econômico ou científico ainda não ultrapassaram 14 km. Sendo o raio da Terra (metade do diâmetro) de 6.400 km, essas perfurações são insignificantes.

O importante a salientar é que o magnetismo da Terra, bem como o clima, a água e a própria vida do planeta dependem das forças energéticas que movem esse dinâmico dínamo que é o interior da Terra.

E, por incrível que pareça, até as camadas da atmosfera, da Troposfera à Magnetosfera, dependem em parte dos fenômenos que ocorrem na crosta terrestre, que são consequências dos fenômenos ocorridos nas camadas inferiores do interior da Terra, podendo também afetar essas camadas.

Portanto, a Terra é um sistema interdependente, ainda em equilíbrio, e só dessa forma pode ser compreendida. A Terra é um planeta dinâmico.


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UMA REVISTA PRA CHAMAR DE NOSSA

Era novembro de 2014. Primeiro fim de semana. Plena campanha da Dilma. Fim de tarde na RPPN dele, a Linda Serra dos Topázios. Jaime e eu começamos a conversar sobre a falta que fazia termos acesso a um veículo independente e democrático de informação.

Resolvemos fundar o nosso. Um espaço não comercial, de resistência. Mais um trabalho de militância, voluntário, por suposto. Jaime propôs um jornal; eu, uma revista. O nome eu escolhi (ele queria Bacurau). Dividimos as tarefas. A capa ficou com ele, a linha editorial também.

Correr atrás da grana ficou por minha conta. A paleta de cores, depois de larga prosa, Jaime fechou questão – “nossas cores vão ser o vermelho e o amarelo, porque revista tem que ter cor de luta, cor vibrante” (eu queria verde-floresta). Na paz, acabei enfiando um branco.

Fizemos a primeira edição da Xapuri lá mesmo, na Reserva, em uma noite. Optamos por centrar na pauta socioambiental. Nossa primeira capa foi sobre os povos indígenas isolados do Acre: ‘Isolados, Bravos, Livres: Um Brasil Indígena por Conhecer”. Depois de tudo pronto, Jaime inventou de fazer uma outra boneca, “porque toda revista tem que ter número zero”.

Dessa vez finquei pé, ficamos com a capa indígena. Voltei pra Brasília com a boneca praticamente pronta e com a missão de dar um jeito de imprimir. Nos dias seguintes, o Jaime veio pra Formosa, pra convencer minha irmã Lúcia a revisar a revista, “de grátis”. Com a primeira revista impressa, a próxima tarefa foi montar o Conselho Editorial.

Jaime fez questão de visitar, explicar o projeto e convidar pessoalmente cada conselheiro e cada conselheira (até a doença agravar, nos seus últimos meses de vida, nunca abriu mão dessa tarefa). Daqui rumamos pra Goiânia, para convidar o arqueólogo Altair Sales Barbosa, nosso primeiro conselheiro. “O mais sabido de nóis,” segundo o Jaime.

Trilhamos uma linda jornada. Em 80 meses, Jaime fez questão de decidir, mensalmente, o tema da capa e, quase sempre, escrever ele mesmo. Às vezes, ligava pra falar da ótima ideia que teve, às vezes sumia e, no dia certo, lá vinha o texto pronto, impecável.

Na sexta-feira, 9 de julho, quando preparávamos a Xapuri 81, pela primeira vez em sete anos, ele me pediu para cuidar de tudo. Foi uma conversa triste, ele estava agoniado com os rumos da doença e com a tragédia que o Brasil enfrentava. Não falamos em morte, mas eu sabia que era o fim.

Hoje, cá estamos nós, sem as capas do Jaime, sem as pautas do Jaime, sem o linguajar do Jaime, sem o jaimês da Xapuri, mas na labuta, firmes na resistência. Mês sim, mês sim de novo, como você sonhava, Jaiminho, carcamos porva e, enfim, chegamos à nossa edição número 100. E, depois da Xapuri 100, como era desejo seu, a gente segue esperneando.

Fica tranquilo, camarada, que por aqui tá tudo direitim.

Zezé Weiss

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