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PF: Bolsonaro e os R$ 800 para os EUA

PF: Bolsonaro e os R$ 800 para os EUA

Segundo declarado pela Polícia Federal, essas transações levantam suspeitas sobre a real intenção de Bolsonaro de permanecer no exterior, possivelmente aguardando desfechos do movimento golpista em curso

Por Mídia Ninja

Semanas antes da tentativa de golpe do 8 de janeiro, Jair Bolsonaro (PL) fez uma transferência de R$ 800 mil para bancos nos . O ex-presidente se recusou a passar a faixa presidencial para Lula (PT). A Polícia Federal aponta indícios de que o valor tem relação com a venda irregular de joias e presentes da Presidência da República por intermédio de Mauro Cid, a mando de Bolsonaro. Os investigadores apontam que os valores seriam utilizados para concretizar a tentativa de golpe.

Para se ter uma ideia, o valor equivale a mais de 80% do que Bolsonaro tinha no seu extrato bancário. Nas de 2022, o então presidente tinha declarado que havia R$902 mil, dividido em duas contas.

A operação “Tempos Veritatis” busca esclarecer o papel de militares de alta patente, empresários e políticos que orquestraram formas de manter Bolsonaro na presidência, incluindo a prisão de Alexandre de Moraes, ministro do Supremo Tribunal Federal. Na última semana, 33 mandados de busca e apreensão, além de 4 mandados de prisão, foram cumpridos.

Segundo declarado pela Polícia Federal, essas transações levantam suspeitas sobre a real intenção de Bolsonaro de permanecer no exterior, possivelmente aguardando desfechos do movimento golpista em curso.

Os ex-comandantes do Exército, Paulo Sérgio Nogueira, e da Marinha, Almir Garnier Santos, foram alvos das ações da PF. O ex-ajudante de ordens de Bolsonaro, Mauro Cid, fechou um acordo de delação premiada. Em uma das fotografias encontradas pela polícia, o pai de Cid, general Cid, aparece segurando uma das joias de Bolsonaro, com o objetivo de anunciar a venda. O general não foi alvo de busca e apreensão nesta fase da operação.

Em meio a essas revelações, Jair Bolsonaro convocou seus apoiadores para um ato na Avenida Paulista, em , marcado para o próximo dia 25. Será a primeira manifestação bolsonarista convocada pelo ex-presidente desde o episódio ocorrido em 8 de janeiro de 2023, quando seus seguidores protagonizaram um ataque às sedes dos Três Poderes em .

Juristas apontam o risco de prisão em flagrante de Jair Bolsonaro, caso o ex-presidente incite ou participe de ataques ao Supremo Tribunal Federal, já que o inquérito tramita na suprema corte.

Fonte: Mídia Ninja Capa: Evaristo Sá/AFP


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UMA REVISTA PRA CHAMAR DE NOSSA

Era novembro de 2014. Primeiro fim de semana. Plena campanha da Dilma. Fim de tarde na RPPN dele, a Linda Serra dos Topázios. Jaime e eu começamos a conversar sobre a falta que fazia termos acesso a um veículo independente e democrático de informação.

Resolvemos fundar o nosso. Um espaço não comercial, de resistência. Mais um trabalho de militância, voluntário, por suposto. Jaime propôs um jornal; eu, uma revista. O nome eu escolhi (ele queria Bacurau). Dividimos as tarefas. A capa ficou com ele, a linha editorial também.

Correr atrás da grana ficou por minha conta. A paleta de cores, depois de larga prosa, Jaime fechou questão – “nossas cores vão ser o vermelho e o amarelo, porque revista tem que ter cor de luta, cor vibrante” (eu queria verde-floresta). Na paz, acabei enfiando um branco.

Fizemos a primeira edição da Xapuri lá mesmo, na Reserva, em uma noite. Optamos por centrar na pauta socioambiental. Nossa primeira capa foi sobre os povos indígenas isolados do Acre: ‘Isolados, Bravos, Livres: Um Brasil Indígena por Conhecer”. Depois de tudo pronto, Jaime inventou de fazer uma outra boneca, “porque toda revista tem que ter número zero”.

Dessa vez finquei pé, ficamos com a capa indígena. Voltei pra Brasília com a boneca praticamente pronta e com a missão de dar um jeito de imprimir. Nos dias seguintes, o Jaime veio pra Formosa, pra convencer minha irmã Lúcia a revisar a revista, “de grátis”. Com a primeira revista impressa, a próxima tarefa foi montar o Conselho Editorial.

Jaime fez questão de visitar, explicar o projeto e convidar pessoalmente cada conselheiro e cada conselheira (até a doença agravar, nos seus últimos meses de vida, nunca abriu mão dessa tarefa). Daqui rumamos pra Goiânia, para convidar o arqueólogo Altair Sales Barbosa, nosso primeiro conselheiro. “O mais sabido de nóis,” segundo o Jaime.

Trilhamos uma linda jornada. Em 80 meses, Jaime fez questão de decidir, mensalmente, o tema da capa e, quase sempre, escrever ele mesmo. Às vezes, ligava pra falar da ótima ideia que teve, às vezes sumia e, no dia certo, lá vinha o texto pronto, impecável.

Na sexta-feira, 9 de julho, quando preparávamos a Xapuri 81, pela primeira vez em sete anos, ele me pediu para cuidar de tudo. Foi uma conversa triste, ele estava agoniado com os rumos da doença e com a tragédia que o Brasil enfrentava. Não falamos em morte, mas eu sabia que era o fim.

Hoje, cá estamos nós, sem as capas do Jaime, sem as pautas do Jaime, sem o linguajar do Jaime, sem o jaimês da Xapuri, mas na labuta, firmes na resistência. Mês sim, mês sim de novo, como você sonhava, Jaiminho, carcamos porva e, enfim, chegamos à nossa edição número 100. E, depois da Xapuri 100, como era desejo seu, a gente segue esperneando.

Fica tranquilo, camarada, que por aqui tá tudo direitim.

Zezé Weiss

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