Somos um só pó. Vivemos de uma só poeira. Mundo pequeno: Os nutrientes do ecossistema amazônico são reabastecidos pela poeira do Deserto do Saara…
Dados da Agência Espacial Norte-Americana (NASA) confirmam o que cientistas vêm dizendo há tempos: O solo da Amazônia, essa nossa floresta úmida que cobre grande parte do nordeste da América do Sul, é fertilizado pela poeira do deserto do Saara, aquela linda faixa de areia marrom-dourada que cobre 1/3 do norte da África.
A confirmação se deu pela apresentação dos dados de um novo estudo, realizado entre os anos de de 2007 e 2013, pelo satélite Calipso, da NASA, com tecnologia 3D, sob a coordenação do cientista atmosférico Hongbin Yu, da Universidade de Maryland (EUA), e publicado em 24 de fevereiro deste ano de 2016 na revista “Geophysical Research Letters”.
Segundo o estudo, a cada ano, cerca de 182 milhões de toneladas de poeira do Saara cruzam o Oceano Atlântico, “viajando” 2 mil quilômetros, rumo ao continente americano, pelo vento e pelas correntes climáticas. Desse total, estima-se que cerca de 27,7 milhões caem na Amazônia, a maior floresta tropical do mundo. Outros 43 milhões de toneladas caem no Mar do Caribe.
Rica em nutrientes, essa poeira, formada após o maior lago da África secar, há cerca de mil anos, vem, principalmente, da chamada Depressão Bodele, localizada no Chade, país africano. Com o uso de satélites da mais avançada tecnologia, a NASA calculou a quantidade de poeira que vem da África para a América em três dimensões, estimando também o volume da poeira.
Pesquisadores da Universidade de Maryland (EUA) descobriram que cerca de 22 toneladas, ou 0,08% da poeira corresponde a fósforo, um importante nutriente para as plantas. Essa quantidade de fósforo é suficiente para suprir a necessidade de nutrientes que a floresta amazônica perde com as fortes chuvas e inundações na região, dizem os pesquisadores.
Para o pesquisador Hongbin Yu, os dados apenas confirmam o que já se sabe: “Todo o ecossistema amazônico depende da poeira do Saara para reabastecer suas reservas de nutrientes perdidos”. Mais, afirma, o professor: “Esse é um mundo pequeno e estamos todos conectados”.
Os dados completos do estudo encontram-se disponíveis na Geophysical Research Letters, veja aqui. A NASA divulgou uma animação em 3D que ilustra como tudo acontece, confira:
Era novembro de 2014. Primeiro fim de semana do mês. Plena campanha da Dilma. Fim de tarde na RPPN Linda Serra dos Topázios, do Jaime Sautchuk, em Cristalina, Goiás. Jaime e eu começamos a conversar sobre a falta que fazia termos acesso a um veículo de informação independente e democrático, mas com lado. Ali mesmo, naquela hora, resolvemos criar o nosso. Um espaço não comercial, de resistência. Um trabalho de militância, tipo voluntário, mas de qualidade, profissional.
Jaime propôs um jornal; eu, uma revista. O nome, Xapuri, eu escolhi (ele queria Bacurau). Dividimos as tarefas. A capa ficou com ele, a linha editorial também. Correr atrás de grana ficou por minha conta. A paleta de cores, depois de larga prosa, ele escolheu (eu queria verde-floresta).
Fizemos a primeira edição da Xapuri lá mesmo, na Reserva, praticamente em uma noite. Já voltei pra Brasília com uma revista montada e com a missão de dar um jeito de diagramar e imprimir.
Nos dias seguintes, o Jaime veio pra Formosa, pra convencer minha irmã Lúcia a revisar a revista, no modo grátis. Daqui, rumamos pra Goiânia, pra convidar o arqueólogo Altair Sales Barbosa para o Conselho Editorial. Altair foi o nosso primeiro conselheiro. Até a doença se agravar, Jaime fez questão de explicar o projeto e convidar, ele mesmo, cada pessoa para o Conselho.
O resto é história. Jaime e eu trilhamos juntos uma linda jornada. Depois da Revista Xapuri veio o site, vieram os e-books, a lojinha virtual (pra ajudar a pagar a conta), os podcasts e as lives, que ele amava. Em 80 meses, Jaime fez questão de decidir, mensalmente, o tema da capa e, quase sempre, escrever ele mesmo a matéria.
Na tarde do dia 14 de julho de 2021, aos 67 anos, depois de longa enfermidade, Jaime partiu para o mundo dos encantados. No dia 9 de julho, quando preparávamos a Xapuri 81, pela primeira vez em sete anos, ele me pediu para cuidar de tudo. Foi uma conversa triste, ele estava agoniado com o agravamento da doença e com a tragédia que o Brasil enfrentava. Não falamos em morte, mas eu sabia que era o fim.
É isso. Agora aqui estou eu, com uma turma fantástica, tocando nosso projeto, na fé, mas às vezes falta grana. Você pode me ajudar a manter o projeto assinando nossa revista, que está cada dia mió, como diria o Jaime. Você também pode contribuir conosco comprando um produto em nossa lojinha solidária (lojaxapuri.info) ou fazendo uma doação via pix: contato@xapuri.info. Gratidão!
Zezé Weiss
Editora
Usamos cookies em nosso site para oferecer a você a experiência mais relevante, lembrando suas preferências e visitas repetidas. Ao clicar em "Aceitar", você concorda com o uso de TODOS os cookies.
Este site usa cookies para melhorar a sua experiência enquanto navega pelo site. Destes, os cookies que são categorizados como necessários são armazenados no seu navegador, pois são essenciais para o funcionamento das funcionalidades básicas do site. Também usamos cookies de terceiros que nos ajudam a analisar e entender como você usa este site. Esses cookies serão armazenados em seu navegador apenas com o seu consentimento. Você também tem a opção de cancelar esses cookies. Porém, a desativação de alguns desses cookies pode afetar sua experiência de navegação.
Os cookies funcionais ajudam a realizar certas funcionalidades, como compartilhar o conteúdo do site em plataformas de mídia social, coletar feedbacks e outros recursos de terceiros.
Os cookies de desempenho são usados para compreender e analisar os principais índices de desempenho do site, o que ajuda a fornecer uma melhor experiência do usuário para os visitantes.
Cookies analíticos são usados para entender como os visitantes interagem com o site. Esses cookies ajudam a fornecer informações sobre as métricas do número de visitantes, taxa de rejeição, origem do tráfego, etc.
Os cookies de publicidade são usados para fornecer aos visitantes anúncios e campanhas de marketing relevantes. Esses cookies rastreiam visitantes em sites e coletam informações para fornecer anúncios personalizados.
Os cookies necessários são absolutamente essenciais para o funcionamento adequado do site. Esses cookies garantem funcionalidades básicas e recursos de segurança do site, anonimamentey.