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Ramilla Rodrigues

ICMBio: Produção científica ganha destaque mundial

ICMBio é exemplo para o Brasil

Produção científica dos Centros de Pesquisa do ICMBio ganha progressivamente importância mundial.

O Brasil é o país com a maior biodiversidade do mundo. São inúmeras as espécies de plantas e animais distribuídas nos , , Cerrado, Mata Atlântica, Marinho-Costeiro, Pampas e , incluindo espécies que são só vistas em território brasileiro. Isso só aumenta a responsabilidade pela busca de conhecimento pela natureza brasileira, onde ainda há muito o que se descobrir.

Promover a pesquisa é uma das metas do Instituto de Conservação da Biodiversidade (ICMBio). São 14 Centros de Pesquisa em todo o país que possuem o papel de fornecer suporte técnico científico para as unidades de conservação desenvolverem ações de conservação, protocolos de coleta de dados e monitoramento. Os Centros também são responsáveis por coordenar os Planos de Ações Nacionais (PANs) para espécies ameaçadas de tais como a ararinha-azul, o sauim-de-coleira, corais e onças.

Só nos últimos cinco anos, os Centros já publicaram mais de 450 artigos científicos nos principais periódicos do país, além das participações em seminários, simpósios e outras convenções. Se os Centros já são reconhecidos pela sua excelência em nível nacional, em nível internacional essa participação só vem aumentando.

CBC

O Centro Nacional de Pesquisa e Conservação do Cerrado (CBC) é exemplo na pesquisa sobre restauração de áreas degradadas. Em setembro do ano passado, o de restauração de campos e savanas no Parque Nacional da Chapada dos Veadeiros foi premiado como a melhor inciativa na VII Conferência Mundial da Sociedade Internacional de Restauração Ecológica. O prêmio foi a cereja do bolo do projeto que começou há 8 anos e mudou a vida da comunidade local da Chapada dos Veadeiros com a cooperativa de sementes nativas do Cerrado e que proporcionou a recuperação de mais de 100 hectares com o método, considerado mais eficaz que o tradicional plantio de mudas.
A equipe do CBC, ao lado de outros analistas do ICMBio e instituições parceiras, também publicou em periódicos internacionais artigos referentes à recuperação de áreas degradadas, manejo integrado do , fauna invasora além de trabalhos diversos focados em espécies endêmicas do Cerrado.

CEMAVE

O Centro Nacional de Pesquisa e Conservação de Aves (Cemave) também tem mostrado importantes resultados a nível internacional na marcação e anilhamento de aves. Em agosto, a analista ambiental Manuella Souza, que coordena o Sistema Nacional de Anilhamento de Aves Silvestres (SNA), representará o Cemave num workshop do Comitê de Coordenação de Pesquisa em Marcação de Aves em Vancouver (Canadá), dentro do Congresso Internacional de Ornitologia. O Cemave é referência no anilhamento de aves silvestres no Brasil e constantemente está em intercâmbio com outros sistemas de anilhamento no mundo.

CEPSUL

O Centro Nacional de Pesquisa e Conservação da Biodiversidade Marinha do Sudeste e Sul (Cepsul) atua na pesquisa de peixes e invertebrados dessa região do país. O Cepsul conta com 8 pesquisadores e estudantes com nível de doutorado, 7 com mestrado e mais outros especialistas e graduados. Entre 2013 e 2018, os analistas ambientais do Cepsul e pesquisadores associados produziram 49 artigos científicos, 5 livros e 18 capítulos em livros, fora as coautorias.

No ano passado, o Cepsul marcou presença no 17º Congresso Latino-Americano de Ciências do Mar (COLACMAR) que ocorreu em Balnerário Camboriú (SC) e mais recentemente na Sharks International Conference, em João Pessoa (PB) evento que reuniu cientistas e pesquisadores de tubarões e raias.
 
Populações Tradicionais

O Centro Nacional de Pesquisa e Conservação das Populações Tradicionais (CNPT) se dedica à pesquisa deste tema no ICMBio. Nos últimos anos, a tese da analista ambiental Vasco sobre Gestão de Áreas Protegidas em sobreposição com Terras , fruto de uma pesquisa realizada pelo CNPT, foi apresentada e debatida em vários congressos de peso internacional. Em 2014, fez parte de sessão no VI Congresso Mundial de Parques da UICN, na Austrália e do I Encontro de Aborígenes, Indígenas e Comunidades Tradicionais dos Cinco Continentes. O evento ocorreu em 2014, no Parque Nacional de Blue Mountains, também na Austrália. O trabalho também foi apresentado durante o Seminário Internacional de Gestão de Áreas Protegidas (Sigap), em Manaus.

O CNPT também foi responsável pela organização do II Encontro Latinoamericano sobre Áreas Protegidas e Inclusão Social (ELAPIS) que ocorreu dentro do VII SAPIS, em Santa Catarina que congregou áreas protegidas da América do Sul. No ano passado, o CNPT participou da comissão científica da terceira edição do Encontro, que vai se realizar no VIII SAPIS, desta vez no Rio de Janeiro.

Outra temática que constantemente aparece nos congressos internacionais é a do turismo interativo com a fauna Amazônia, especialmente o turismo com botos no Parque Nacional de Anavilhanas. A pesquisa é fruto do esforço do analista Marcelo Vidal e já foi apresentada em países como Canadá e Chile.

CENAP

Os analistas do Centro Nacional de Pesquisa e Conservação de Mamíferos Carnívoros (Cenap) têm participado de diversos eventos, palestras e reuniões e capacitações em instituições conceituadas como o Instituto Smithsonian e a Sociedade Americana da Vida Selvagem, além de palestras em países como Dinamarca, Paraguai e Colômbia. Os trabalhos tratam de temáticas como canídeos e felinos, especialmente a onça-pintada. Só neste ano, o Cenap participou de 4 eventos internacionais, inclusive do Fórum de Alto Nível sobre Jaguares, realizado na ONU, em março.

De 2013 para cá, servidores do Cenap produziram e publicaram 32 artigos científicos em periódicos internacionais, tendo a onça-pintada como um dos principais temas, mas também tratando de assuntos como grandes felinos brasileiros, sauim-de-cara-suja, canídeos e outros predadores carnívoros
brasileiros.
 
Fonte: IcmBio

 
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UMA REVISTA PRA CHAMAR DE NOSSA

revista 119

Era novembro de 2014. Primeiro fim de semana. Plena campanha da Dilma. Fim de tarde na RPPN dele, a Linda Serra dos Topázios. Jaime e eu começamos a conversar sobre a falta que fazia termos acesso a um veículo independente e democrático de informação.

Resolvemos fundar o nosso. Um espaço não comercial, de resistência. Mais um trabalho de militância, voluntário, por suposto. Jaime propôs um jornal; eu, uma revista. O nome eu escolhi (ele queria Bacurau). Dividimos as tarefas. A capa ficou com ele, a linha editorial também.

Correr atrás da grana ficou por minha conta. A paleta de cores, depois de larga prosa, Jaime fechou questão – “nossas cores vão ser o vermelho e o amarelo, porque revista tem que ter cor de luta, cor vibrante” (eu queria verde-floresta). Na paz, acabei enfiando um branco.

Fizemos a primeira edição da Xapuri lá mesmo, na Reserva, em uma noite. Optamos por centrar na pauta socioambiental. Nossa primeira capa foi sobre os povos indígenas isolados do Acre: ‘Isolados, Bravos, Livres: Um Brasil Indígena por Conhecer”. Depois de tudo pronto, Jaime inventou de fazer uma outra boneca, “porque toda revista tem que ter número zero”.

Dessa vez finquei pé, ficamos com a capa indígena. Voltei pra Brasília com a boneca praticamente pronta e com a missão de dar um jeito de imprimir. Nos dias seguintes, o Jaime veio pra Formosa, pra convencer minha irmã Lúcia a revisar a revista, “de grátis”. Com a primeira revista impressa, a próxima tarefa foi montar o Conselho Editorial.

Jaime fez questão de visitar, explicar o projeto e convidar pessoalmente cada conselheiro e cada conselheira (até a doença agravar, nos seus últimos meses de vida, nunca abriu mão dessa tarefa). Daqui rumamos pra Goiânia, para convidar o arqueólogo Altair Sales Barbosa, nosso primeiro conselheiro. “O mais sabido de nóis,” segundo o Jaime.

Trilhamos uma linda jornada. Em 80 meses, Jaime fez questão de decidir, mensalmente, o tema da capa e, quase sempre, escrever ele mesmo. Às vezes, ligava pra falar da ótima ideia que teve, às vezes sumia e, no dia certo, lá vinha o texto pronto, impecável.

Na sexta-feira, 9 de julho, quando preparávamos a Xapuri 81, pela primeira vez em sete anos, ele me pediu para cuidar de tudo. Foi uma conversa triste, ele estava agoniado com os rumos da doença e com a tragédia que o Brasil enfrentava. Não falamos em morte, mas eu sabia que era o fim.

Hoje, cá estamos nós, sem as capas do Jaime, sem as pautas do Jaime, sem o linguajar do Jaime, sem o jaimês da Xapuri, mas na labuta, firmes na resistência. Mês sim, mês sim de novo, como você sonhava, Jaiminho, carcamos porva e, enfim, chegamos à nossa edição número 100. E, depois da Xapuri 100, como era desejo seu, a gente segue esperneando.

Fica tranquilo, camarada, que por aqui tá tudo direitim.

Zezé Weiss

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