Quando olho para a Somália…

Quando olho para a Somália…

Por: Felix Fontele

Angustiada, vi as fotos estarrecedoras da Somália, em consequência do atentado terrorista do último dia 14. Se olharmos para trás, percebemos que são apenas mais algumas imagens do sofrimento perene de um , a viver em meio à , à pobreza, à , à indiferença.

Há anos, fotógrafos do mundo inteiro mostram os semi-vivos do país, aquelas pessoas esqueléticas a caminharem rumo ao aniquilamento, sem , castigadas pelo tormento e a desolação. E (incrível) vistas por todos. Mas ninguém olha por elas, de . É tanta degradação humana e moral que não consigo publicar uma imagem desse calvário.

Aqui, começamos a enfrentar a nossa seca, sem chuva e com os reservatórios de água quase vazios. Parece que entramos, definitivamente, na era da tão anunciada e profunda hídrica. Aos poucos, vamos sentindo na pele o que vem por aí, nós e nossos jardins ávidos por esse líquido.

Que Deus nos ajude, e ajude a Somália, esta, sim, bem mais necessitada. #PrayingForSomalia

Somalia

ANOTE AÍ!

SOBRE A SOMÁLIA: Somália, capital Mogadíscio, oficialmente República Federal da Somália é um país localizado no Corno de .  Sua população de 14,32 milhões de habitantes (Banco Mundial, 2016) fala, oficialmente, o Somali e a Árabe. Fonte: Wikipédia

 SOBRE O ATAQUE TERRORISTA NA SOMÁLIA: Uma explosão de um massivo ataque com bombas em Mogadíscio, capital da Somália, matou mais de 300 pessoas no último dia 14 de outubro. Este foi  o ataque mais mortal na Somália desde que o grupo islâmico Al-Shabab iniciou sua insurgência, em 2007. Embora não tenha ficado clara a autoria do atentado, o povo Somali foi às ruas protestar contra o Al-Shabab, que contra o governo. Funcionários do governo  também confirmaram que duas pessoas morreram em um segundo ataque com bombas no distrito de Madina, também na capital. Fonte: BBC.

Maria
Maria Félix Fontele, poetisa, jornalista, editora, escritora e ghost writer na empresa  Marianete, trabalhou como chefe de reportagem no jornal Correio Braziliense, da capital federal do Brasil e também no Governo do Distrito Federal. Maria Felix Fontele é casada com o poeta e cordelista Gustavo Dourado, presidente de Academia Taguatinense de Letras do Distrito Federal, com Gustavo Dourado, com quem tem dois filhos: Gustavo e Elias.

 

 

 

 

 

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UMA REVISTA PRA CHAMAR DE NOSSA

Era novembro de 2014. Primeiro fim de semana. Plena campanha da Dilma. Fim de tarde na RPPN dele, a Linda Serra dos Topázios. Jaime e eu começamos a conversar sobre a falta que fazia termos acesso a um veículo independente e democrático de informação.

Resolvemos fundar o nosso. Um espaço não comercial, de resistência. Mais um trabalho de militância, voluntário, por suposto. Jaime propôs um jornal; eu, uma revista. O nome eu escolhi (ele queria Bacurau). Dividimos as tarefas. A capa ficou com ele, a linha editorial também.

Correr atrás da grana ficou por minha conta. A paleta de cores, depois de larga prosa, Jaime fechou questão – “nossas cores vão ser o vermelho e o amarelo, porque revista tem que ter cor de luta, cor vibrante” (eu queria verde-floresta). Na paz, acabei enfiando um branco.

Fizemos a primeira edição da Xapuri lá mesmo, na Reserva, em uma noite. Optamos por centrar na pauta socioambiental. Nossa primeira capa foi sobre os povos indígenas isolados do Acre: ‘Isolados, Bravos, Livres: Um Brasil Indígena por Conhecer”. Depois de tudo pronto, Jaime inventou de fazer uma outra boneca, “porque toda revista tem que ter número zero”.

Dessa vez finquei pé, ficamos com a capa indígena. Voltei pra Brasília com a boneca praticamente pronta e com a missão de dar um jeito de imprimir. Nos dias seguintes, o Jaime veio pra Formosa, pra convencer minha irmã Lúcia a revisar a revista, “de grátis”. Com a primeira revista impressa, a próxima tarefa foi montar o Conselho Editorial.

Jaime fez questão de visitar, explicar o projeto e convidar pessoalmente cada conselheiro e cada conselheira (até a doença agravar, nos seus últimos meses de vida, nunca abriu mão dessa tarefa). Daqui rumamos pra Goiânia, para convidar o arqueólogo Altair Sales Barbosa, nosso primeiro conselheiro. “O mais sabido de nóis,” segundo o Jaime.

Trilhamos uma linda jornada. Em 80 meses, Jaime fez questão de decidir, mensalmente, o tema da capa e, quase sempre, escrever ele mesmo. Às vezes, ligava pra falar da ótima ideia que teve, às vezes sumia e, no dia certo, lá vinha o texto pronto, impecável.

Na sexta-feira, 9 de julho, quando preparávamos a Xapuri 81, pela primeira vez em sete anos, ele me pediu para cuidar de tudo. Foi uma conversa triste, ele estava agoniado com os rumos da doença e com a tragédia que o Brasil enfrentava. Não falamos em morte, mas eu sabia que era o fim.

Hoje, cá estamos nós, sem as capas do Jaime, sem as pautas do Jaime, sem o linguajar do Jaime, sem o jaimês da Xapuri, mas na labuta, firmes na resistência. Mês sim, mês sim de novo, como você sonhava, Jaiminho, carcamos porva e, enfim, chegamos à nossa edição número 100. E, depois da Xapuri 100, como era desejo seu, a gente segue esperneando.

Fica tranquilo, camarada, que por aqui tá tudo direitim.

Zezé Weiss

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