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Resgatada no Brasil, onça-pintada em extinção é solta no Pantanal e se torna 1ª da espécie a poder viver livre na natureza em 70 anos

Resgatada no Brasil, onça-pintada em extinção é solta no Pantanal e se torna 1ª da espécie a poder viver livre na natureza em 70 anos

A onça-pintada Jatobazinho foi solta no Pantanal de Iberá, na Argentina, no começo deste ano, graças a uma iniciativa do Pnuma, o Programa das Nações Unidas para o Meio Ambiente. Em extinção, ele é o primeiro macho a ter a oportunidade de viver livre na região após 70 anos.

Por Débora Spitzcovsky/ The Green Post

Encontrado próximo a uma escola, na fronteira com o Brasil, em 2019, o animal foi resgatado pelas autoridades brasileiras e uma ONG local fez os atendimentos médicos. Meses depois, ele foi levado ao Centro de Reintegração de Onças-Pintadas do Parque Iberá e sua presença no local foi fundamental para o nascimento de quatro filhotes.

A ação do Pnuma busca proteger a espécie. Apenas na Argentina,  mais de 95% do habitat dos grandes felinos foi perdido devido ao aumento da urbanização, projetos de infraestrutura, agricultura e pecuária. O programa em Iberá busca recuperar o papel ecológico de seu principal predador.

O projeto, realizado com o apoio da ONG Global Environment Facility, é o maior esforço de conversação da onça-pintada do país. O principal objetivo é reduzir o declínio da espécie adotando medidas contra a predação para evitar conflitos entre homens e onças. Na prática, as medidas ajudam a proteger o gado das onças. Cercas elétricas, monitoramento com armadilhas fotográficas e outras tecnologias auxiliam no posicionamento de pastagens e na modificação dos padrões de rotação do gado.

A última COP da Biodiversidade reafirmou a urgência de reverter a perda de biodiversidade até 2030, minimizando a degradação de ecossistemas e contendo as mudanças climáticas para alcançar o desenvolvimento sustentável.

Espécies-chave, como a onça-pintada, o maior felino das Américas, desempenham um papel fundamental na estrutura e funcionamento dos ecossistemas. Segundo o Pnuma, seu retorno à natureza restaura a saúde e a integridade das florestas, componentes essenciais que ajudam a mitigar a perda global de biodiversidade e as mudanças climáticas.

Débora Spitzcovsky Jornalista. Fonte: The Green Post. Foto: Reprodução/Victor Utreras. Este artigo não representa a opinião da Revista e é de responsabilidade do autor.

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Era novembro de 2014. Primeiro fim de semana. Plena campanha da Dilma. Fim de tarde na RPPN dele, a Linda Serra dos Topázios. Jaime e eu começamos a conversar sobre a falta que fazia termos acesso a um veículo independente e democrático de informação.

Resolvemos fundar o nosso. Um espaço não comercial, de resistência. Mais um trabalho de militância, voluntário, por suposto. Jaime propôs um jornal; eu, uma revista. O nome eu escolhi (ele queria Bacurau). Dividimos as tarefas. A capa ficou com ele, a linha editorial também.

Correr atrás da grana ficou por minha conta. A paleta de cores, depois de larga prosa, Jaime fechou questão – “nossas cores vão ser o vermelho e o amarelo, porque revista tem que ter cor de luta, cor vibrante” (eu queria verde-floresta). Na paz, acabei enfiando um branco.

Fizemos a primeira edição da Xapuri lá mesmo, na Reserva, em uma noite. Optamos por centrar na pauta socioambiental. Nossa primeira capa foi sobre os povos indígenas isolados do Acre: ‘Isolados, Bravos, Livres: Um Brasil Indígena por Conhecer”. Depois de tudo pronto, Jaime inventou de fazer uma outra boneca, “porque toda revista tem que ter número zero”.

Dessa vez finquei pé, ficamos com a capa indígena. Voltei pra Brasília com a boneca praticamente pronta e com a missão de dar um jeito de imprimir. Nos dias seguintes, o Jaime veio pra Formosa, pra convencer minha irmã Lúcia a revisar a revista, “de grátis”. Com a primeira revista impressa, a próxima tarefa foi montar o Conselho Editorial.

Jaime fez questão de visitar, explicar o projeto e convidar pessoalmente cada conselheiro e cada conselheira (até a doença agravar, nos seus últimos meses de vida, nunca abriu mão dessa tarefa). Daqui rumamos pra Goiânia, para convidar o arqueólogo Altair Sales Barbosa, nosso primeiro conselheiro. “O mais sabido de nóis,” segundo o Jaime.

Trilhamos uma linda jornada. Em 80 meses, Jaime fez questão de decidir, mensalmente, o tema da capa e, quase sempre, escrever ele mesmo. Às vezes, ligava pra falar da ótima ideia que teve, às vezes sumia e, no dia certo, lá vinha o texto pronto, impecável.

Na sexta-feira, 9 de julho, quando preparávamos a Xapuri 81, pela primeira vez em sete anos, ele me pediu para cuidar de tudo. Foi uma conversa triste, ele estava agoniado com os rumos da doença e com a tragédia que o Brasil enfrentava. Não falamos em morte, mas eu sabia que era o fim.

Hoje, cá estamos nós, sem as capas do Jaime, sem as pautas do Jaime, sem o linguajar do Jaime, sem o jaimês da Xapuri, mas na labuta, firmes na resistência. Mês sim, mês sim de novo, como você sonhava, Jaiminho, carcamos porva e, enfim, chegamos à nossa edição número 100. E, depois da Xapuri 100, como era desejo seu, a gente segue esperneando.

Fica tranquilo, camarada, que por aqui tá tudo direitim.

Zezé Weiss

P.S. Você que nos lê pode fortalecer nossa Revista fazendo uma assinatura: www.xapuri.info/assine ou doando qualquer valor pelo PIX: contato@xapuri.info. Gratidão!

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