Proteger nossos rios e nossas nascentes custa pouco – Estudo da TNC (The Nature Conservancy), a maior entidade ambiental do planeta, com dados de 4 mil municípios do mundo todo, mostra que a conservação das fontes de água, pelo menos em metade deles, pode custar menos de dois dólares por pessoa por ano.

Outras alternativas para garantir a água necessária para encher os reservatórios ao longo do tempo são o reflorestamento, a conservação das florestas já existentes, que capturam os gases que causam o aquecimento global e, com isso, reduzem os impactos das mudanças climáticas, como as enchentes, as secas, os incêndios, a erosão, e as boas práticas agrícolas.
No caso da agricultura, as boas práticas protegem a diversidade dos animais e dos vegetais. Com isso, o ecossistema fica mais saudável, diz o estudo. Segundo Andrea Erickson-Quiroz, diretora de segurança hídrica da TNC, “atribuindo um valor a esses benefícios indiretos, podemos mobilizar meios inovadores e de melhor custo-benefício, necessários para financiar a proteção dos habitats e as atividades de manejo da terra”
Rio Gregório, Acre. Foto: Sérgio Vale
De acordo com o relatório, para para elevar em 10% a redução dos sedimentos e nutrientes em 90% das bacias de mananciais, seria necessário aumentar os gastos anuais com os programas de financiamento de serviços ambientais de US$ 42 bilhões para US$ 48 bilhões, o que representa cerca de 7% a 8% dos gastos com a água em todo o mundo.
O relatório diz também que com esse nível de investimento, seria possível aumentar a segurança hídrica de pelo menos 1,4 bilhão de pessoas, se ele se concentrar em bacias cuja redução de sedimentos e nutrientes é mais econômica. No caso de metade das cidades analisadas, proteger as águas dos mananciais poderia custar apenas dois dólares ou menos por pessoa, anualmente.
O relatório também destaca a importância dos mecanismos conhecidos como Fundos de Água*, que permitem aos usuários de água que vivem ao longo de uma bacia hidrográfica financiar a preservação e a restauração das terras no começo dessa bacia.
Esse é um mecanismo bem-sucedido para assegurar uma melhor qualidade da água e, em alguns casos, uma vazão mais confiável. O relatório ainda estima que uma em cada seis cidades (o que corresponderia a aproximadamente 690 cidades, prestando serviço a mais de 433 milhões de habitantes em todo o mundo) tem potencial de recuperar integralmente os custos das medidas de preservação somente com a economia que teriam com o tratamento da água.
Outras cidades podem extrair valor adicional dos benefícios indiretos, obtendo, no total, um valor acumulado que proporciona um retorno positivo sobre o investimento.
Lagoa Feia, Formosa, Goiás. Foto: jornalismo.iesb.br
Exemplos globais de atividades de proteção das águas dos mananciais
Fonte: Envolverde
O relatório chama a atenção para a importância do envolvimento cidadão para que os bons exemplos já existentes ganhem escala. O documento registra a necessidade de a sociedade e seus instrumentos de gestão se comprometer com o futuro dos recursos hídricos, o que inclui governos nacionais e locais, empresas, organizações civis, as companhias de abastecimento de água e a própria população.
“As nossas aspirações de criar um mundo melhor exigem uma atuação coletiva”, diz Erickson-Quiroz. “Não podemos nos permitir trabalhar em grupos com motivação, jurisdição ou recursos financeiros isolados. As cidades podem tomar a dianteira, mas não sozinhas. Todos nós temos um papel a desempenhar”.
No Brasil, um exemplo de ação conjunta pela proteção dos mananciais é a Coalizão Cidades pela Água, uma iniciativa da TNC em parceria com o setor privado, lançada em novembro de 2015, com objetivo de ampliar a segurança hídrica de 12 regiões metropolitanas brasileiras, até 202.
Por meio de ações de conservação de nascentes e rios em áreas críticas para a produção de água, a iniciativa ajudará a garantir disponibilidade de água para 42 milhões de pessoas nessas cidades, trará benefícios para 46 mil famílias em áreas urbanas e rurais no começo das 21 bacias hidrográficas onde o projeto atua e recuperará ou protegerá cerca de 460 mil hectares de florestas.
“Esse estudo amplia as evidências de que as soluções baseadas na natureza aumentam a segurança hídrica nas cidades. Essas iniciativas não podem mais ser apenas uma alternativa, elas devem estar no centro das decisões dos gestores públicos e privados para a gestão da água”, afirma Samuel Barrêto, gerente de Água da TNC no Brasil.
O relatório foi elaborado em parceria com o Projeto Natural Capital, a Forest Trends, o Banco Interamericano de Desenvolvimento e a Parceria de Fundos de Água da América Latina.
Foto: Salto do Itiquira, Formosa, Goiás. Fonte: Maythe Souza
ANOTE AÍ:
Fontes desta matéria:
http://www.revistaecologico.com.br/
Foto: Rio Moa, Acre. Foto: abides.org.br