Seria o presidente JK a reencarnação de um faraó egípcio?
Mesmo sendo uma cidade ainda muito jovem, além de sua arquitetura planejada, de seus ipês maravilhosos e do céu mais lindo do Brasil, em seus 62 anos Brasília já acumula muitas lendas, algumas assustadoras, outras simplesmente insólitas.
Por Revista Xapuri
Uma delas – e uma das mais bizarras e extraordinárias – é a que coloca o ex-presidente Juscelino Kubitscheck de Oliveira como uma reencarnação do faraó Akhenaton (ou Amenothep IV), que viveu há cerca de 3.600 anos, no antigo Egito.
Diz a lenda candanga que, assim como a cidade de Akhetaton, construída por Akhenaton, nono rei da 13ª dinastia egípcia, para ser um centro político, Brasília também tem muitas pirâmides e formas similares em sua arquitetura.
Exemplos não faltam, como a Ermida de Dom Bosco, a Torre de TV e o Templo da Boa Vontade. O próprio Teatro Nacional, a maior pirâmide da capital federal, seria, segundo as teorias do misticismo, uma representação da Pirâmide de Kéops, também uma pirâmide sem ápice.
Uma das coincidências que reforçam a lenda é o fato de tanto o faraó Akhenaton como o presidente JK fizeram suas cidades em quatro anos, ambas com um lago artificial para amenizar a qualidade do ar, ambas em forma de um pássaro (ou avião, no caso de Brasília) e ambas divididas em asas, com os prédios administrativos longe da área residencial.
Para completar, Akhenaton e JK faleceram exatos 16 anos depois da inauguração das lindas cidades que construíram. Seria então o presidente bossa-nova que construiu Brasília a reencarnação do próprio faraó Akhenaton do Egito antigo? Haja imaginação!
Revista Xapuri Socioambiental – Jornalismo de resistência. Foto: Divulgação.
Era novembro de 2014. Primeiro fim de semana. Plena campanha da Dilma. Fim de tarde na RPPN dele, a Linda Serra dos Topázios. Jaime e eu começamos a conversar sobre a falta que fazia termos acesso a um veículo independente e democrático de informação.
Resolvemos fundar o nosso. Um espaço não comercial, de resistência. Mais um trabalho de militância, voluntário, por suposto. Jaime propôs um jornal; eu, uma revista. O nome eu escolhi (ele queria Bacurau). Dividimos as tarefas. A capa ficou com ele, a linha editorial também.
Correr atrás da grana ficou por minha conta. A paleta de cores, depois de larga prosa, Jaime fechou questão – “nossas cores vão ser o vermelho e o amarelo, porque revista tem que ter cor de luta, cor vibrante” (eu queria verde-floresta). Na paz, acabei enfiando um branco.
Fizemos a primeira edição da Xapuri lá mesmo, na Reserva, em uma noite. Optamos por centrar na pauta socioambiental. Nossa primeira capa foi sobre os povos indígenas isolados do Acre: ‘Isolados, Bravos, Livres: Um Brasil Indígena por Conhecer”. Depois de tudo pronto, Jaime inventou de fazer uma outra boneca, “porque toda revista tem que ter número zero”.
Dessa vez finquei pé, ficamos com a capa indígena. Voltei pra Brasília com a boneca praticamente pronta e com a missão de dar um jeito de imprimir. Nos dias seguintes, o Jaime veio pra Formosa, pra convencer minha irmã Lúcia a revisar a revista, “de grátis”. Com a primeira revista impressa, a próxima tarefa foi montar o Conselho Editorial.
Jaime fez questão de visitar, explicar o projeto e convidar pessoalmente cada conselheiro e cada conselheira (até a doença agravar, nos seus últimos meses de vida, nunca abriu mão dessa tarefa). Daqui rumamos pra Goiânia, para convidar o arqueólogo Altair Sales Barbosa, nosso primeiro conselheiro. “O mais sabido de nóis,” segundo o Jaime.
Trilhamos uma linda jornada. Em 80 meses, Jaime fez questão de decidir, mensalmente, o tema da capa e, quase sempre, escrever ele mesmo. Às vezes, ligava pra falar da ótima ideia que teve, às vezes sumia e, no dia certo, lá vinha o texto pronto, impecável.
Na sexta-feira, 9 de julho, quando preparávamos a Xapuri 81, pela primeira vez em sete anos, ele me pediu para cuidar de tudo. Foi uma conversa triste, ele estava agoniado com os rumos da doença e com a tragédia que o Brasil enfrentava. Não falamos em morte, mas eu sabia que era o fim.
Hoje, cá estamos nós, sem as capas do Jaime, sem as pautas do Jaime, sem o linguajar do Jaime, sem o jaimês da Xapuri, mas na labuta, firmes na resistência. Mês sim, mês sim de novo, como você sonhava, Jaiminho, carcamos porva e, enfim, chegamos à nossa edição número 100. E, depois da Xapuri 100, como era desejo seu, a gente segue esperneando.
Fica tranquilo, camarada, que por aqui tá tudo direitim.
Zezé Weiss
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