Parque Serra das Areias: Patrimônio Verde de Aparecida de Goiânia

PARQUE SERRA DAS AREIAS: PATRIMÔNIO VERDE DE APARECIDA DE GOIÂNIA

A Serra das Areias está localizada na região sul de Aparecida de Goiânia e é a principal reserva ambiental do município, correspondendo a 17% do território da cidade. Ao todo, a serra possui uma área de 2.890 hectares. Em 1999, foi legalmente criado o Parque Serra das Areias, reconhecendo a grande flora e fauna existentes na região e a necessidade de preservá-las…

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Mesmo com a devastação de parte de sua mata nativa e de seus mananciais, praticada até a criação do parque, a Serra das Areias conserva ainda hoje incríveis quedas d’água, animais e nascentes.

Os mananciais, além de serem o principal atrativo do local, são extremamente importantes para a população, pois 90% deles são afluentes do Ribeirão das Lajes, responsável por parte do abastecimento da cidade.

Geograficamente, o subsistema da Serra das Areias situa-se entre 840 e 999 metros de altitude e destaca-se por apresentar uma pluviosidade disposta entre 1450 a 1550mm/a (Dambrós et al., op. cit.).

A vegetação natural é composta por savana arborizada com de galeria nos fundos de vales. Justamente pelas belas paisagens que abriga, a Serra das Areias sempre atraiu uma grande quantidade de turistas, principalmente da Região Metropolitana de .

Em função da região acidentada e vegetação densa, os visitantes lançam mão de diversos instrumentos para explorar o local, como bicicletas e motocicletas. A realização de trilhas na Serra era, até bem pouco tempo, atividade frequente no manancial, o que muitas vezes afugentava os animais e contribuía para a devastação da mata.

Os loteamentos irregulares realizados ao longo do crescimento de Aparecida de Goiânia – o maior município em número de habitantes do Centro-Oeste brasileiro, com exceção das capitais – também foram responsáveis por parte da destruição ambiental da Serra das Areias.

Com a implantação do Plano de Manejo da Área de (APA) da Serra das Areias, a administração do prefeito Maguito Vilela (PMDB) pretende mudar para melhor a realidade do local. Em novembro de 2013, a composição do plano teve início com a assinatura de um Termo de Cooperação Técnica entre a Prefeitura de Aparecida e a Associação Comercial e Industrial de Aparecida de Goiânia (ACIAG).

No termo, a entidade se comprometeu a contratar uma equipe técnica especializada para realizar o Plano de Manejo da Reserva da Serra das Areias. A contratação da empresa não teve qualquer ônus para o município, e o objetivo do termo era permitir a utilização de áreas próximas à serra por empresas e comércio também.

Assinado o termo, a elaboração do plano de manejo da Serra das Areias teve início com uma minuciosa coletânea de dados da geologia, da e flora existentes, além dos impactos que a ocupação provoca no local e detalhes socioeconômicos da região, com suas consequências sobre o manancial.

Após esse levantamento, a equipe de técnicos coordenada pelo geólogo Sílvio Mattos, com a participação de técnicos da Secretaria Municipal de Meio Ambiente (Semma), realizou diversas oficinas e reuniões públicas com a aparecidense, ao longo de 2014. Todo o trabalho foi feito em consonância com o Sistema Nacional de Unidade de da .

Cuidou-se ainda de uma série de aspectos legais do município, como as Leis Municipais nº 2018, nº 2253 e os Decretos nº 909, de 04 de junho de 2004, e nº 391, de 24 de novembro de 2009, que, entre outras coisas, autorizam o Executivo a desapropriar ou declarar de utilidade pública áreas, imóveis urbanos e rurais para a implantação da Unidade de Conservação (UC) Serra das Areias.

Durante o levantamento, foi constatado que cerca de 40 bairros, além de propriedades rurais, encontram-se na zona da serra considerada pelo plano. O objetivo então foi, com a participação popular, chegar a formas de uso sustentável do espaço ocupado, já que a desapropriação pura e simples é mais complexa e traumática.

Dessa forma, o plano delimitou a Serra das Areias em três zonas distintas e definiu as atividades que serão permitidas ou não em cada uma delas. A primeira, determinada Zona de Preservação, compreende uma área total de mais 2.716 hectares e terá uso prioritário para fins de pesquisa, educacionais e recreativos, com restrição de práticas mais agressivas ao meio ambiente.

A segunda, denominada Zona Rurbana, compreende pouco mais de 547 hectares e comportará ações de recuperação e ocupação controlada, com medidas de proteção ambiental nos empreendimentos existentes e cumprindo as legislações federal, estadual e municipal.

Nesse perímetro, poderão ser implantadas atividades econômicas autossustentáveis, que tenham infraestrutura própria, independente e com controle ambiental, como sítios de recreios, ecovilas e agrovilas, escolas rurais, entre outras estruturas. A última área é a Zona Agropecuária, com cerca de 660 hectares, onde propriedades rurais já estabelecidas continuarão atuando sob a orientação do município, cumprindo as normas estabelecidas no plano de manejo como compensação ambiental, entre outras.

Todo o trabalho de elaboração do plano de manejo da Serra das Areias teve a contribuição de outros núcleos da administração municipal, bem como da comunidade afetada e seus representantes, como associações de moradores e instituições não governamentais. Após a última audiência pública, realizada em janeiro de 2015, o plano de manejo passou por últimos ajustes no seu texto e será encaminhado à Câmara Municipal de Vereadores ainda neste semestre para apreciação e .

CAMINHADA ECOLÓGICA

Para sensibilizar e conscientizar a população aparecidense para a preservação da Serra das Areias, em junho de 2013, o prefeito Maguito Vilela promoveu uma caminhada ecológica que atraiu a participação de cerca de 50 pessoas.

O objetivo também era despertar os moradores da cidade para o seu papel em todo o processo de proteção do manancial local, que sofreu muito com retiradas de areia, pedras e madeira, desde o início do povoamento de Aparecida. O trajeto foi de quatro quilômetros (ida e volta), até a Garganta do Guará, uma das mais bonitas cachoeiras da serra.

A atividade teve início com o hasteamento das bandeiras Nacional, Estadual e Municipal no alto da Serra, a 990 metros do nível do mar. O prefeito destacou o fato de que a Serra das Areias já chegou a possuir 14 cachoeiras, hoje reduzidas a apenas seis.

Com a fiscalização estabelecida em 2009, no início da atual gestão, a administração municipal já conseguiu estender o limite de área preservada para 50 quilômetros. O próximo passo para a recuperação do ecossistema local é a implantação do Plano de Manejo.

Texto editado por Zezé Weiss com base em recebida do município de Aparecida de Goiânia. 

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UMA REVISTA PRA CHAMAR DE NOSSA

Era novembro de 2014. Primeiro fim de semana. Plena campanha da Dilma. Fim de tarde na RPPN dele, a Linda Serra dos Topázios. Jaime e eu começamos a conversar sobre a falta que fazia termos acesso a um veículo independente e democrático de informação.

Resolvemos fundar o nosso. Um espaço não comercial, de resistência. Mais um trabalho de militância, voluntário, por suposto. Jaime propôs um jornal; eu, uma revista. O nome eu escolhi (ele queria Bacurau). Dividimos as tarefas. A capa ficou com ele, a linha editorial também.

Correr atrás da grana ficou por minha conta. A paleta de cores, depois de larga prosa, Jaime fechou questão – “nossas cores vão ser o vermelho e o amarelo, porque revista tem que ter cor de luta, cor vibrante” (eu queria verde-floresta). Na paz, acabei enfiando um branco.

Fizemos a primeira edição da Xapuri lá mesmo, na Reserva, em uma noite. Optamos por centrar na pauta socioambiental. Nossa primeira capa foi sobre os povos indígenas isolados do Acre: ‘Isolados, Bravos, Livres: Um Brasil Indígena por Conhecer”. Depois de tudo pronto, Jaime inventou de fazer uma outra boneca, “porque toda revista tem que ter número zero”.

Dessa vez finquei pé, ficamos com a capa indígena. Voltei pra Brasília com a boneca praticamente pronta e com a missão de dar um jeito de imprimir. Nos dias seguintes, o Jaime veio pra Formosa, pra convencer minha irmã Lúcia a revisar a revista, “de grátis”. Com a primeira revista impressa, a próxima tarefa foi montar o Conselho Editorial.

Jaime fez questão de visitar, explicar o projeto e convidar pessoalmente cada conselheiro e cada conselheira (até a doença agravar, nos seus últimos meses de vida, nunca abriu mão dessa tarefa). Daqui rumamos pra Goiânia, para convidar o arqueólogo Altair Sales Barbosa, nosso primeiro conselheiro. “O mais sabido de nóis,” segundo o Jaime.

Trilhamos uma linda jornada. Em 80 meses, Jaime fez questão de decidir, mensalmente, o tema da capa e, quase sempre, escrever ele mesmo. Às vezes, ligava pra falar da ótima ideia que teve, às vezes sumia e, no dia certo, lá vinha o texto pronto, impecável.

Na sexta-feira, 9 de julho, quando preparávamos a Xapuri 81, pela primeira vez em sete anos, ele me pediu para cuidar de tudo. Foi uma conversa triste, ele estava agoniado com os rumos da doença e com a tragédia que o Brasil enfrentava. Não falamos em morte, mas eu sabia que era o fim.

Hoje, cá estamos nós, sem as capas do Jaime, sem as pautas do Jaime, sem o linguajar do Jaime, sem o jaimês da Xapuri, mas na labuta, firmes na resistência. Mês sim, mês sim de novo, como você sonhava, Jaiminho, carcamos porva e, enfim, chegamos à nossa edição número 100. E, depois da Xapuri 100, como era desejo seu, a gente segue esperneando.

Fica tranquilo, camarada, que por aqui tá tudo direitim.

Zezé Weiss

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