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oferendas e encruzilhadas

Sobre Oferendas e Encruzilhadas

Sobre Oferendas e Encruzilhadas: os vários lados de uma mesma história

Nota do Doutor em História pela UnB, Leandro Bulhões

A bênção às mais velhas; a bênção aos mais velhos.

O texto que está circulando começa com “De acordo com o professor Leandro…”. Isso é perigoso porque alguém cita o meu nome, mas não fui eu quem o escreveu. Eu fiz uma fala pública e uma pessoa que me ouviu escreveu e publicou no Facebook um texto associando os meus argumentos a uma espécie de “história das origens das oferendas e da macumba”.

Em seguida, ela aponta outras coisas de tal modo que não é possível fazer uma separação entre um tema que foi discutido em minha fala e depois as suas considerações próprias a respeito do assunto. Na medida em que este texto viralizou, ficou parecendo que se tratava de um texto de minha autoria, mas não é o caso. Peço licença para explicar nestas próximas linhas o meu entendimento sobre o acontecido.

Na semana passada, eu participei de uma banca de defesa de trabalho de conclusão de curso na Universidade de Brasília. Na ocasião, houve uma discussão sobre como as encruzilhadas atuais das cidades modernas são espaços de sociabilidades e de resistências. Nos semáforos, homens, mulheres e crianças, expressivamente negros e negras, realizam trabalhos diários, conseguindo dinheiro por meio da venda de doces, água, panos de prato, frutas, entre outros produtos.

Na condição de historiador e avaliador do trabalho, provoquei o autor da pesquisa, chamando atenção para o fato de que muitas ruas e encruzilhadas das cidades do nosso país são espaços de memórias do nosso povo negro, pois são locais onde homens, mulheres e crianças negras fizeram negócios, venderam produtos e conquistaram níveis de autonomia, bem como conquistaram as suas liberdades, comprando-as, no período da escravidão.

A ideia era perceber que a existência majoritária dos corpos negros em situação de vulnerabilidades sociais nas esquinas das cidades brasileiras, lutando diariamente por sobrevivência, é desdobramento do período colonial e do racismo brasileiro e não são apenas um fenômeno da modernização das cidades com seus semáforos e sinaleiras.

Entretanto, além de serem espaços onde negócios aconteciam e acontecem, as encruzilhadas são domínios das entidades das ruas, dos caminhos e da comunicação, como Exus e Pombagiras. As encruzilhadas são, portanto, espaços especiais de cultos que possuem significados específicos para as pessoas que fazem parte das religiões afro-brasileiras. Interessava-me, com este argumento, trazer referências dos conhecimentos africanos e afro-brasileiros ao trabalho do estudante.

Foi neste momento da minha fala que enfatizei que as oferendas nas encruzilhadas PODEM também se configurar como uma importante estratégia de proteção às pessoas em situação de rua, ou que no passado estavam em situação de fuga, uma vez que não é novidade entre as pessoas dos candomblés, dizer que as pessoas nas ruas comem os alimentos que estão nos despachos.

É comum encontrar nas oferendas elementos como frango, ovos, farofa, frutas, cachaça, velas, dinheiro. Vale salientar que o universo dos despachos e oferendas é complexo e não são reduzidos às práticas nas ruas.

Historicamente falando, não é difícil vincular a circulação destes alimentos ritualísticos nas cidades brasileiras às várias estratégias emancipatórias e de proteção criadas pelos povos negros, sobretudo diante das experiências da colonização, com as marcas do abandono social, que gerou marginalidades e fome nas ruas para estes povos.

No entanto, ainda que algumas pessoas tenham feito uso deste possível mecanismo de enfretamento das fomes, como eu falei, estas experiências NÃO SÃO A BASE DA ORIGEM DAS INÚMERAS OFERENDAS DOS CANDOMBLÉS NEM DO “SURGIMENTO DA MACUMBA”.

Esta teoria é falsa e levar essa ideia adiante seria o mesmo que dizer que em uma situação hipotética onde não houvesse negros e negras em situação de vulnerabilidades no passado em nosso país, teria cessado a prática que os povos africanos trouxeram do continente de realizar suas oferendas. Eu não acredito nisso.

Ora, imaginar que um irmão ou irmã negra daria jeito para alimentar outros irmãos e irmãs em situação de rua, seja nos tempos da escravidão ou nos anos difíceis do pós-abolição, fazendo uso de comidas, cachaças e sinalizando comidas com velas em lugares estratégicos com as encruzilhadas, não é difícil de se pensar.

Mas tais práticas se configurariam como experiências particulares ou ainda como ressignificações dos usos das oferendas que já existiam antes, desde as Áfricas, nos cultos aos voduns, nkices e orixás e não explicam o surgimentos dos candomblés nem das inúmeras modalidades de rituais de oferendas.

De fato, em sala de aula, também já enfatizei e enfatizo as estratégias de sobrevivências e de solidariedades que são fundamentais para a resistência do povo negro e já explorei as potencialidades da imagem da circulação de alimentos num contexto urbano, como é o caso de algumas oferendas constituídas por comidas e bebidas.

Um dos principais problemas das ideias que estão no texto que viralizou e que não é da minha autoria é que ele não aponta a dimensão dos conhecimentos, ciências, cosmovisões, projetos de sociedade que os povos africanos trouxeram para o Brasil no tráfico atlântico e dá a entender que os candomblés só podem ser compreendidos no “antes e depois” da escravatura. Isso não poderia ser verdade.

Sobre a viralização deste texto, penso que o fato de ter sido citado que “um historiador da UnB disse…” deve ter tido um peso grande na credibilidade da circulação do mesmo. Há um vício antigo de pensar que historiadores são “os donos da verdade” e profissionais capazes de explicar as origens das coisas.

Pergunto-me, portanto: por quais motivos este tema passou a interessar a tantas pessoas?

As irmãs e os irmãos de candomblé que me procuraram ontem e hoje, perguntaram se o conteúdo do texto era meu e ficaram muito preocupados com a dimensão da circulação das ideias, pelos motivos já aqui expostos.

E, portanto, agradeço pelo cuidado em terem me mantido informado sobre como o meu nome estava circulando no Facebook nos últimos dois dias, já que não estou nesta rede social, além de estar fora de Brasília, trabalhando em viagem de campo.

Esta dimensão de proteção e cuidado de nós negros e negras com nossos irmãos e irmãos negros é a base da explicação sobre porquê ainda hoje existimos enquanto comunidade, ainda que o projeto colonial do passado, com suas heranças no presente, tenha nos educado para nos destruirmos.

A parte positiva da circulação do texto que escreveram é que foi colocado em pauta a discussão acerca das redes de solidariedades e as práticas de cuidado e amor dos nossos antepassados com os seus irmãos e irmãs negras. Isso também não é novidade para nós! Mas é para muita gente.

Então, para as pessoas que estão impressionadas com a história das comidas, cachaças e velas, saibam que definitivamente não é esse movimento isolado que pode explicar o surgimento nem os fundamentos das complexas oferendas nem dos candomblés.

Saibam ainda que os nossos antepassados não só encontraram estratégias para comer e dar de comer aos seus irmãos e irmãs, como construíram inúmeros mecanismos de proteção à escravização de seus corpos no próprio continente africano, fizeram revoltas nos navios negreiros, quebraram engenhos onde realizavam trabalhos forçados, fugiram do cárcere, elaboraram e praticaram projetos de revolução social, criaram e mantiveram quilombos e terreiros de candomblés.

Sem discutir solidariedades, redes de proteção e afetividades é impossível compreender a abolição da escravatura e a permanente luta dos movimentos sociais negros dos séculos XX e XXI. Sem discutir as capacidades de autonomia, autogestão e negação do projeto colonial jamais vamos compreender que os povos africanos que para cá vieram numa migração forçada não foram apenas força de trabalho, como está inscrito na memória nacional.

Os negros e as negras que vieram antes de nós, juntamente com os povos originários desta terra, os chamados indígenas, civilizaram este país e jamais vamos compreender a nossa história e as nossas identidades sem conhecermos este patrimônio que nos pertence e que a experiência colonial capitaneada pelos brancos tentou nos tirar.

Quando falei publicamente da importância das encruzilhadas quis exatamente chamar a atenção para as formas com as quais estes espaços possuem outras lógicas para o povo de santo, sobretudo no que diz respeito a conhecimentos que estão na oralidade e que a universidade não sabe.

Repito que quem tem o mínimo de conhecimento sobre as religiões de matrizes africanas sabe que relacionar escravidão, fome, oferendas e surgimento dos candomblés não faz o menor sentido. E por isso, muita gente está revoltada com a circulação da referida teoria.

Este fenômeno pode revelar também que os povos de santo e o povo negro, de um modo geral, possuem uma memória de contestação das ideias que são elaboradas e defendidas em espaços majoritariamente brancos e elitistas como foram e ainda são as universidades brasileiras.

Muita gente de candomblé, mas não apenas, se enfureceu com o fato de que supostamente um “professor da UnB” teria dito algo sobre o “surgimento” dos cultos de matrizes afro-brasileiras. Ora, certamente muita gente questionou: “quem o professor pensa que é para falar sobre os nossos conhecimentos, mistérios e ciências? Quem ele pensa que é para falar por nós, povos de santo?”.

De fato, passou-se o tempo em que intelectuais podiam carregar as supostas verdades sobre as coisas do mundo. Isso levanta uma questão muito importante que a nossa geração de professores e professoras, pesquisadoras e pesquisadores negros (bem como os e as integrantes de movimentos sociais) temos debatido e denunciado nos espaços acadêmicos: nós não aceitamos mais que os discursos ditos científicos digam o que somos sem a nossa participação ativa.  

Claro que isso não impede que pesquisas e trabalhos, etc, sejam realizados, mas desde a conquista das cotas raciais nas universidades brasileiras que há uma expectativa relacionada a recente entrada de estudantes e professores negros e negras, dos quais me incluo, em transformar urgentemente as metodologias e abordagens que os e as cientistas historicamente utilizaram. Afinal, se antes, nós negros e negras éramos os chamados “objetos” de pesquisa, hoje estamos nas salas de aula e laboratórios na condição de pesquisadoras, pesquisadores e cientistas.

Mas ainda somos muito poucos nesta condição (Eu, inclusive, sou professor substituto na Universidade de Brasília. Meu contrato vence este mês de junho). Aliás, qual a porcentagem de docentes negras e negros nas universidades públicas e privadas, estaduais e federais em nosso país podendo falar sobre a história do próprio povo negro, entre outros temas? E professores e professoras indígenas?

O texto que viralizou não traz o meu nome completo e sei que muitas pessoas se referiram a este post associando a imagem do doutor ao branco, não supondo sequer que o “professor Leandro da UnB” poderia ser um homem negro engajado em difundir respeitosamente os conhecimentos ligados às tradições brasileiras de matrizes africanas.

É preciso ressaltar que a falta de conhecimentos que o povo brasileiro tem sobre as religiões de matrizes africanas não é um acidente. É parte do racismo estrutural que demonizou e demoniza, perseguiu e persegue as pessoas que fazem parte destas religiões. São permanências de um Brasil do passado que criminalizou os batuques, a capoeira, os candomblés.

Trata-se de desconhecimentos estratégicos que negam as nossas capacidades de pensamento, agência de nossas próprias vidas e soberania intelectual e que trazem à tona a necessidade da Lei 10.639 que em 2003 instaurou a obrigatoriedade do ensino da História e Cultura africana e afro-brasileira nas escolas do nosso país.

Ainda assim, mesmo depois de 14 anos de promulgação desta Lei, o que sabemos sobre as sociedades africanas, especialmente sobre os povos que vieram para o Brasil no tráfico atlântico? O que sabemos sobre a história e a memória das trajetórias dos nossos antepassados negros e sobre os cultos dos orixás, nkises e voduns?

As escolas e as universidades estão cumprindo o seu papel no enfrentamento ao racismo e na formação de gente qualificada para lidar com as questões como o racismo religioso? Ora, não é difícil encontrar pessoas que dizem que as oferendas são “coisas do diabo”, nem é difícil encontrarmos irmãos e irmãs negros que já sofreram com o racismo quando tentaram exercer sua fé afro-brasileira.

Brasília, por exemplo, nos últimos anos, teve uma série de casos de terreiros de candomblés violentados.

Chego ao fim deste texto, pedindo imensas desculpas, em especial ao povo de santo e aos povos negros deste país, por todo este mal entendido. Sabemos o quanto que áreas como a História foram responsáveis na construção de teorias equivocadas sobre as memórias dos nossos antepassados.

Mas a História pode ser também o espaço das releituras do passado, dos novos questionamentos e da elaboração e ressignificação dos sentidos.

Quando falamos, não temos controle sobre como nossas ideias podem ser interpretadas. Ontem, uma amiga que está em São Paulo me ligou preocupada porque disseram a ela que estava havendo uma confusão com o meu nome porque teriam me visto fazendo despachos na UnB e que isso tinha virado um escândalo. Eu já recebi diferentes versões do texto que está circulando e parece que já tem diferentes autorias.

Amigos enviaram-me alguns posts de pessoas negras (que se diziam candomblecistas, de outras religiões ou sem religiões) que pareciam encantadas com a história que circulou. O que será que estas pessoas pensam sobre afetividades, solidariedades e quilombismo do nosso povo? O que será que sabem sobre os candomblés?

Fiquei pensando: o que será que a minha mãe que está na Bahia e que é negra, sabe sobre os candomblés?

E meu pai que morreu e que era branco, que ele sabia sobre tudo isso? Eu também estou aprendendo. Mas sei que quando passei a frequentar alguns terreiros de candomblé, ainda quando eu estava na minha cidade da Bahia, mainha ficou muito preocupada e demorou para compreender que eu e, posteriormente, o meu irmão caçula estávamos nos aproximando do universo das religiões de matrizes africanas. Ela achava que poderia estar perdendo seus filhos para alguma coisa ruim.

É muito triste pensar que as nossas ancestralidades permanecem potencialmente negativadas, inclusive entre nós, povo negro. O racismo promoveu e ainda promove muita desinformação e isso afeta a todos nós.

Desta experiência ficaram alguns aprendizados. Entre eles, que os ensinamentos são constantes e que seguimos aprendendo sobre as histórias do nosso povo, tão mal contadas.

Palavra é encruzilhada.

Leandro Bulhões – Doutor em História – Universidade de Brasília

Sobre Oferendas e Encruzilhadas: Os vários lados de uma mesma história

NOTA DA XAPURI

Encontramos, na manhã do 13 de junho, na timeline de um jornalista e militante dos direitos humanos, no Facebook,um post sobre o papel das oferendas como instrumento de solidariedade entre povos escravizados em busca da liberdade. Recebemos, também, o mesmo texto de outras fontes, via zap. Como o assunto nos pareceu importante ante nosso compromisso para com o fortalecimento da consciência negra em nosso país, optamos por publicá-lo, com a seguinte nota:

Este texto foi originalmente extraído da página de  Pedro César Batista , poeta, escritor, jornalista e bacharel em direito no Facebook. Estamos tentando localizar o professor Leandro, a quem foi atribuída a autoria desta pesquisa, para confirmar os dados e aprofundar a matéria. Caso alguém tenha mais informação sobre este assunto, por favor entrar em contato conosco por meio do email: contato@xapuri.info

Desde então, continuamos tentando localizar o professor Leandro. Por meio de amigos comuns, nós o encontramos na noite do dia 15. Soubemos, em nossa conversa via zap, que o texto não era dele, e que estava preparando uma nota sobre o assunto, que nos chegou no final da manhã de hoje, 16 de junho.  Acima, está a nota, publicada na íntegra, com nosso profundo pedido de desculpas ao professor Leandro Bulhões, e a você que nos leu ou lê, pela reprodução de uma informação tão relevante sem antes localizar seu autor ou autora, ou conseguir falar com o autor citado.

NOTA ATRIBUÍDA À AUTORA DO TEXTO QUE VIRALIZOU 

No dia 16 de junho, recebemos, via zap, esta nota, atribuída à autora do texto original,  Susana Xavier.  Além de repassá-lo ao professor Leandro Bulhões, por uma questão de clareza e respeito a quem se deu o trabalho de  esclarecer os fatos, a reproduzimos aqui.

“Queridxs,

Primeiro, quero pedir desculpas pelo mal entendido no texto escrito por mim e viralizado na internet. Dirijo as desculpas, principalmente, ao professor Leandro Bulhões, que ficou pressionado por toda a repercussão, e ao povo de terreiro de todas as religiões de matriz africana que, com razão, fez várias críticas ao texto.

Então, vamos escurecer as coisas:

1. A citação do nome do professor se dá em respeito ao próprio, pois eu não poderia me apropriar de uma construção, relato contido no primeiro parágrafo do texto, pois não me pertence.

2. A partir do trecho “…as velas eram postas…” até a conclusão final sobre a origem da macumba, é única e exclusivamente minha, porque acredito que aqui no Brasil, o conceito de “macumba” surgiu como algo demoníaco, e isto se deu neste espaço de colonização, porém não estou me referindo a toda espiritualidade negra, que obviamente, antecede a escravidão, e afinal não tenho conhecimento pra deliberadamente interpor algo sobre isso, mas não posso deixar de dizer que essa palavra, desde muito tempo, é usada para estigmatizar as religiões afro e reforçar os preconceitos contra o povo negro.

3. No mais, todo o restante é minha interpretação e é aí que entra o sujeito com suas vivências, experiências e valores tentando desmistificar a demonização dos cultos de matriz africana, pelo qual tenho imenso respeito, embora não seja praticante.

Ao publicar essa interpretação jamais pensei que ela teria o alcance que obteve, mas observei, que apesar de alguns pensadores e praticantes das religiões afro terem questionado o texto, ele seria capaz de desconstruir preconceitos e discriminações arraigados em nossa sociedade.

Ressalto, que me preocupa o fato da sociedade aceitar como natural um rapaz negro sofrer pena de tortura e virar meme nas redes sociais sem grandes questionamentos. Me preocupa o genocídio da negritude jovem. Me preocupa uma adolescente ser apedrejada por usar a túnica do seu culto e me preocupa o aumento dos índices de homicídios da mulher negra após a instalação da Lei Maria da Penha.

O texto apesar de conter falhas “graves”, em sua contextualização, trouxe para o debate um tema que é tratado na clandestinidade, por isso, gostaria muito que servisse como incentivo à pesquisas de modo que nos expliquem a verdade sobre nossas raízes, já que toda a história foi higienizada pela branquitude.  

Expliquem como se deu e se dá a exploração, a tortura e a eliminação do negro, conscientizem e nos empoderem com conhecimentos para que possamos fazer com propriedade a nossa defesa.

Novamente esclareço que o professor Leandro Bulhões, estudioso da história africana, uma pessoa que tem meu respeito e admiração não tem responsabilidade pelas minhas interpretações e criações neste espaço.”

Susana Xavier

TEXTO INICIAL, VIRALIZADO 

Depois da da nota do professor Leandro Bulhões e do surgimento de uma autoria para o texto viralizado, nós optamos por mantê-lo, apenas como registro da dinâmica desta história, e não como endosso ao seu conteúdo:

“De acordo com o professor Leandro (historiador da UnB) as oferendas deixadas nas encruzilhadas era uma forma dos negros alimentarem seus irmãos escravos que estavam fugindo dos feitores.

Os pretos escolhiam lugares estratégicos por onde escravos fugitivos passariam e colocavam comida pesada; carne, frango e farofa porque sabiam da fome e dos vários dias sem comer desses indivíduos e deixavam também uma boa cachaça pra aliviar as dores do corpo e dar-lhes algum prazer na luta cotidiana.

As velas eram postas em volta dos alimentos pra que animais não se aproximassem e consumissem o que estava reservado para o irmão em fuga e aí surge o que todos conhecem como macumba. O rito permanece sendo realizado pelas religiões afro como forma de agradecimento e pedidos aos seus ancestrais e em homenagem a seus santos.

A cultura branca e eurocêntrica foi quem desvirtou a prática, para causar medo, terror e abominação e reforçar os preconceitos e discriminações contra os negros. Não tenho religião e não pratico nenhum culto mas gosto de saber que já houve tanta solidariedade no mundo e que as pessoas se preocupavam muito umas com as outras a ponto de fazerem um esforço pra alimentarem alguém mesmo sem conhecerem o seu rosto.

Hoje vejo tanta gente em igrejas e igrejas em tantos lugares servindo apenas como instrumento de manipulação e exploração da fé alheia para manutenção do poder. Enfim nós não evoluímos.”

Ilustrações desta matéria, incluindo capa  – quadros do pintor indígena Jaider Esbell Macuxi, vencedor do Prêmio Pipa 2016.

Sobre Oferendas e Encruzilhadas: Os vários lados de uma mesma história

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Era novembro de 2014. Primeiro fim de semana. Plena campanha da Dilma. Fim de tarde na RPPN dele, a Linda Serra dos Topázios. Jaime e eu começamos a conversar sobre a falta que fazia termos acesso a um veículo independente e democrático de informação.

Resolvemos fundar o nosso. Um espaço não comercial, de resistência. Mais um trabalho de militância, voluntário, por suposto. Jaime propôs um jornal; eu, uma revista. O nome eu escolhi (ele queria Bacurau). Dividimos as tarefas. A capa ficou com ele, a linha editorial também.

Correr atrás da grana ficou por minha conta. A paleta de cores, depois de larga prosa, Jaime fechou questão – “nossas cores vão ser o vermelho e o amarelo, porque revista tem que ter cor de luta, cor vibrante” (eu queria verde-floresta). Na paz, acabei enfiando um branco.

Fizemos a primeira edição da Xapuri lá mesmo, na Reserva, em uma noite. Optamos por centrar na pauta socioambiental. Nossa primeira capa foi sobre os povos indígenas isolados do Acre: ‘Isolados, Bravos, Livres: Um Brasil Indígena por Conhecer”. Depois de tudo pronto, Jaime inventou de fazer uma outra boneca, “porque toda revista tem que ter número zero”.

Dessa vez finquei pé, ficamos com a capa indígena. Voltei pra Brasília com a boneca praticamente pronta e com a missão de dar um jeito de imprimir. Nos dias seguintes, o Jaime veio pra Formosa, pra convencer minha irmã Lúcia a revisar a revista, “de grátis”. Com a primeira revista impressa, a próxima tarefa foi montar o Conselho Editorial.

Jaime fez questão de visitar, explicar o projeto e convidar pessoalmente cada conselheiro e cada conselheira (até a doença agravar, nos seus últimos meses de vida, nunca abriu mão dessa tarefa). Daqui rumamos pra Goiânia, para convidar o arqueólogo Altair Sales Barbosa, nosso primeiro conselheiro. “O mais sabido de nóis,” segundo o Jaime.

Trilhamos uma linda jornada. Em 80 meses, Jaime fez questão de decidir, mensalmente, o tema da capa e, quase sempre, escrever ele mesmo. Às vezes, ligava pra falar da ótima ideia que teve, às vezes sumia e, no dia certo, lá vinha o texto pronto, impecável.

Na sexta-feira, 9 de julho, quando preparávamos a Xapuri 81, pela primeira vez em sete anos, ele me pediu para cuidar de tudo. Foi uma conversa triste, ele estava agoniado com os rumos da doença e com a tragédia que o Brasil enfrentava. Não falamos em morte, mas eu sabia que era o fim.

Hoje, cá estamos nós, sem as capas do Jaime, sem as pautas do Jaime, sem o linguajar do Jaime, sem o jaimês da Xapuri, mas na labuta, firmes na resistência. Mês sim, mês sim de novo, como você sonhava, Jaiminho, carcamos porva e, enfim, chegamos à nossa edição número 100. E, depois da Xapuri 100, como era desejo seu, a gente segue esperneando.

Fica tranquilo, camarada, que por aqui tá tudo direitim.

Zezé Weiss

P.S. Você que nos lê pode fortalecer nossa Revista fazendo uma assinatura: www.xapuri.info/assine ou doando qualquer valor pelo PIX: contato@xapuri.info. Gratidão!

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Marli

As 3 almas que morreram por amor, 3 almas que morreram afogadas, são 6 que vão ao coração de (Fulano e Fulana) e deem 3 apertadas e 3 beliscadas se a (Fulana) estiver com o (Fulano). Que ele brigue e se zangue com ela hoje e sempre, definitivamente, que (Fulana) se afaste do (Fulano) de vez, para sempre, que o (Fulano) perca o encanto e o interesse pela (Fulana) pelos poderes das 3 almas afogadas, que a (Fulana) vá embora definitivamente da vida do (Fulano), que as almas perturbem a mente do (Fulano de Fulana) que ele tome nojo, ódio, raiva, fique bruto, ignorante com a (Fulana).

Que ele se sinta mal sempre que estiver com a (fulana) que ele urgentemente se afaste dela para sempre. E que (Fulana) pegue nojo de (Fulano).

Assim seja, assim está feito, assim que eu publicar irá se afastar dela para sempre. Amém! Que (Ciclano) seja o homem na vida de (fulana) e que ela seja feliz com esse homem (Ciclano) e que o (que fulano) vá para bem longe da vida de (fulana).

Ana Maria dos santos

Muito triste a exploracao da cor da pele de um ser humano em textos que se espalham em redes sociais com uso sempre da primeira pessoa.eu acho eu acho.que falta de mestres da linguagem.ainda usam o titulo de professores de universidades.deveriam pensar mais antes de publicar ou dar palestras tão feias.degradam o nome tão de sublime da universidade

Issa

Senhor que (IDCP)nesse momento esteja pensando em mim, querendo a todo custo estar ao meu lado, querendo me ver, me abraçar e me beijar, fazer amor comigo, que sua boca sinta muita vontade de me beijar e que sua mente só tenha a minha presença. Que a minha imagem fique na mente da (IDCP)o dia todo e que a noite ela não pare de sonhar comigo. Assim seja Minha Rainha Pomba Gira Maria Mulambo, Rainha das sete Encruzilhadas, peço assim: vá onde (IDCP)estiver e faça com que ela não descanse enquanto não falar comigo, pelos poderes da terra, pela presença do fogo, pela inspiração do ar, pelas virtudes das águas invoco as 13 almas Benditas, Pela força dos corações sagrados e das lágrimas derramadas por amor, para que se dirija onde (IDCP))estiver e que ela sinta um desejo ardente de ficar comigo, tocar o meu corpo, me abraçar, me beijar. Salve Pomba Gira Maria Mulambo, Rainha das sete Encruzilhadas, te peço assim: Gira, vai mulher gira, gira ao meu favor, gira ao meu favor e traga (IDCP)pra mim. E pedindo assim: Ar move, fogo transforma, água forma, terra cura, e vai girando, e a roda vai girando, vai trazer para mim (IDCP)louca de desejo e muito apaixonada. Que (IDCP)seja carinhosa comigo, que se sinta bem ao meu lado, que sinta minha falta e venha ao meu encontro, e me peça pra ficar com ela. Assim seja, assim será, assim está feito. Salve Pomba Gira Maria Mulambo, Salve Sete Saias, Salve suas irmãs, Maria Padilha, Arrepiada e todas as outras da Falange. Salvem Sete Saias, minha boa e gloriosa princesa, conheço a tua força e o teu poder,te peço atenda o meu pedido. Que (IDCP) não durma e não descanse enquanto não vier ao meu encontro,que o corpo de (IDCP)queime de desejo por mim,que ela fique cega para outras mulheres, que outras mulheres nunca consigam satisfaze-la como eu, somente eu terei esse poder. Que (IDCP) sinta um desejo enorme de me ter em seus braços, de fazer amor comigo. Faça Maria Padilha Mulambo, Rainha das sete Encruzilhadas com que (IDCP)sinta-se bem em ouvir minha voz, que sinta por mim um desejo fora do normal como nunca sentiu por ninguém e nunca sentirá. Pelos Sete Exus que acompanham seus passos, rogo e suplico que amarre (IDCP)nos sete nós de sua saia e nos Sete guizos de sua roupa, somente para mim. Agradeço por estar trabalhando ao meu favor e vou divulgar seu nome em troca desse pedido minha gloriosa Pomba Gira. Maria Padilha traga (IDCP) para mim, fazendo com que ela se torne minha escrava. Ainda que (IDCP)resista, que com seu poder Maria Padilha, Rainha das Setes Encruzilhadas coloque a minha imagem na sua mente para que ela me deseje. Que (IDCP)não consiga parar de pensar em m!im, não consiga ficar longe de mim. Que venha feito uma cobra rastejante, humilde e mansa aos meus encontros, que venha dizendo que me quer sempre ao seu lado, que me deseja. Assim, seja e assim será. Eu profetizo em nome do Pai,do Filho e do Espírito Santo, que (IDCP) vai sentir uma paixão ardente por mim, uma vontade louca de me beijar, me abraçar, me ter em seus braços. Confio no poder das Falanges da Pomba Gira,Rainha das Sete Encruzilhadas,cada vez que for lida essa oração, mais forte ela se fará,estarei publicando esta oração como oferenda, pedindo que me conceda o pedido de fazer com que (IDCP) seja minha até quando eu quiser. Sei que os Espíritos da Falange da Pomba Gira já estão soprando o meu nome no ouvido de (IDCP),e ele não conseguirá fazer nada,não conseguirá se concentrar em nada enquanto não estiver em meus braços,me telefonar. Confio no poder das Setes Encruzilhadas, e vou continuar divulgando essa oração poderosa por sete dias. Que assim seja, assim será e assim está feito. Amém

Eduardo Pereira

Sim, conseguimos localizar o autor citado. É o professor Leandro Bulhões, doutor em História pela UnB. Publicamos, na íntegra, a nota enviada por ele.

José de Oliveira

Parabenizo o texto enegrecido do Professor Doutor Leandro Bulhões, que focalizou com maestria a lei 10.639 -, que foi elaborada pela militância negra de Pernambuco. Pois tenho a honra e orgulho de ter coordenado a concepção desta lei!!! Forte abraço afro-socialista, José de Oliveira.

Rogério Toscano

Se você der uma olhada no site da UnB, no departamento de história, atualmente, não tem nenhum professor Leandro (http://www.his.unb.br/pt/docentes); no caso do Pedro Cesar Batista (https://www.facebook.com/pedro.c.batista.1), tudo indica que ele é um poeta paraense, que até mora em Brasília, mas não é professor da UnB, e no caso do professor Leandro Bulhões – esse sim professor da UnB! – até o dia 29/05 deste ano, que foi a última vez que ele atualizou o currículo lattes dele ( http://lattes.cnpq.br/1892221694481474), ele não havia trabalhado no IFB – ou, pelo menos, não colocou isso no lattes dele! Bom, só aqui já temos uma pequena confusão.

Rogério Toscano

A origem das oferendas nas encruzilhadas e o leite com manga (CUIDADO: TEXTÃO)

Vivemos o momento da “pós-verdade”, isto é, um momento em que os “fatos objetivos têm menos influência em moldar a opinião pública do que apelos à emoção e a crenças pessoais”. Em outras palavras: um momento em que as pessoas formam opinião com base naquilo que elas querem acreditar e não necessariamente nos fatos.

A “pós-verdade” é mais que um boato ou um conto contado com um ponto aumentado. É uma interpretação da realidade que, mesmo parecendo estranha para algumas pessoas, se torna a própria realidade para muita gente. Temos visto isso recentemente com frequência nas discussões que envolvem os acontecimentos políticos, mas a pós-verdade não se limita a um campo específico. Ela é bastante eclética e flexível.

Facebook e Whats App são verdadeiros criadouros de pós-verdades! Ali, elas começam devagar. Ganham corpo de boato e, de repente, estão “vivas” e você as vê sendo repetidas por quem você menos imagina e é aí que, muitas vezes, ganham mais “veracidade”.

Lembra da história de que manga com leite mata? Não, essa não começou no Face ou no Zap zap, mas deve ter começado com uma troça, uma “zoeira” para fazer com que os escravos parassem de consumir o leite. Mas ganhou status de verdade. Certamente era repetida por pessoas ilibadas da época. E deve ter tido muita história de que “numa fazenda, não muito longe daqui, fulano morreu”. E como ninguém ousava questionar, a crença se fortaleceu e se arrastou pelo tempo até bem pouco tempo.

Essa aqui me parece ser uma dessas – ou, pelo menos, uma interpretação meio simplista demais de fato. O post geralmente fala de racismo. Coloca o preconceito de alguns contra as oferendas como falta de conhecimento histórico-social. E apresenta a história como sendo de autoria do professor Leandro ou Pedro Cesar Batista, da UnB, ou ainda Leandro Bulhões, do Instituto Federal de Brasília. Ou seja, apela para emoção, usam o nome de uma pessoa ilibada – o cara é professor da UnB! – e como ninguém que ser ignorante, várias pessoas acharam que a história faz bastante sentido (oi?!) e saíram por aí compartilhando o texto raso. Pronto: ó uma “pós-verdade” nascendo!

Ninguém achou estranho o fato de, em vários posts, o professor não ter um sobrenome? Se você der uma olhada no site da UnB, no departamento de história, atualmente, não tem nenhum professor Leandro (http://www.his.unb.br/pt/docentes); no caso do Pedro Cesar Batista (https://www.facebook.com/pedro.c.batista.1), tudo indica que ele é um poeta paraense, que até mora em Brasília, mas não é professor da UnB, e no caso do professor Leandro Bulhões – esse sim professor da UnB! – até o dia 29/05 deste ano, que foi a última vez que ele atualizou o currículo lattes dele ( http://lattes.cnpq.br/1892221694481474), ele não havia trabalhado no IFB – ou, pelo menos, não colocou isso no lattes dele! Bom, só aqui já temos uma pequena confusão.

Ok, vamos dizer que esse fato tenha passado batido. Mas e o fato das oferendas serem parte importante da história do culto aos Orixás mesmo antes desse culto chegar ao Brasil? Ninguém atentou para isso? E para o fato de que um fugitivo dificilmente usaria as vias oficiais, principais, para se deslocar? E o fato de que, em grande parte, as oferendas que têm animais, esses são ofertados “crus”? E o fato de que, mesmo com as velas acesas, cães e gatos de rua, com fome, não se intimidariam a chegar perto de um bom prato de comida – e ainda, qualquer um que já tenha tentado acender uma vela numa encruza sabe o perrengue que é fazer com que ela fique acesa! E mais: se era para os fugitivos comerem e não para os “santos”, porque toda uma variedade elaborada de pratos, muitos dos quais recebem “adornos” bem pouco práticos caso alguém fosse comê-lo! Seria muito mais fácil um farnel com pão, carne-seca e rapadura, não?!

Ainda, o texto se limita a oferendas colocadas em encruzilhadas. Só esse tipo de oferendas que nasceu assim? As demais oferendas não? Aquelas entregues no mar, nos rios, nas cachoeiras, nas pedras, nos cemitérios, em praças, portas de banco, etc?! Ou seja, em lugares nem tão estratégicos assim. Essas têm outra origem? Será que o fato de as encruzilhadas serem a representação dos muitos caminhos e por isso serem “consagradas” a Exu nas culturas que cultuavam esse Orixá não quer dizer nada?!

E, por fim, o post ainda diz que a prática continuou “como forma de agradecimento e pedidos aos seus ancestrais e em homenagem a seus santos”. Ué? Agora os santos apareceram… E também os ancestrais. Mas lá na África, onde oferendas já eram feitas, era também para os Orixás e para os Ancestrais…

Bom, será que a prática não é realmente parte integrante dos rituais de algumas das religiões de matrizes africanas, que ficou de legado do culto aos Orixás que foi trazido para cá e, algumas vezes, por acaso, acabou alimentando um fugitivo ou outro como hoje ainda alimenta um morador de rua? Será que o entendimento de quem escreveu o texto original não está meio equivocado?!

Bom, deixo aqui minhas dúvidas.

Rogério Toscano

Aparentemente, Pedro Cesar Batista não é o autor dessa história. Ele já consta em algumas versões como o professor da UnB que disse isso! E ainda citam vcs como fonte! Temos um loop aqui! 😉

Cléber Telles

O suposto autor da matéria e professor-doutor da UnB, segue o link:
https://www.escavador.com/sobre/5969953/leandro-santos-bulhoes-de-jesus

Higino Oliveira

Deixo o meu comentário sobre o assunto, alertando que fica dificil se debater sobre determinado assunto quando aqueles que o divulgam não citam e nem sabem a fonte da qual se originou o dito tema! Falei com o Cesar Batista e o mesmo me mandou um link que por sua vez não cita a fonte! Assim cremos que tal teoria é uma inverdade, por dois motivos: primeiro o costume de ofertar alimentos em encruzilhadas, arvores e outros locais isolados vem da mais remota antiguidade dos povos Africanos e de outros povos como os Celtas! Segundo na atual literatura religiosa sobre os cultos afros não encontrei até a presente data nada que ligasse este costume com o que afirma este tal professor Leandro. Creio que os editores deste site antes de publicar esse tipo de materia deveria ao menos tentar encontrar e checar as fontes, tornando assim as informações mais acessiveis e confiaveis!!!

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