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Tecnologia ‘barata’ que promete tirar CO2 da atmosfera

dizem ter inventado tecnologia ‘barata’ que promete tirar CO2 da atmosfera

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Usina da Carbon Engineering no Canadá; empresa busca investidores para expandir sua atuação | CARBON ENGINEERING

Uma empresa canadense financiada pelo bilionário americano Bill Gates afirma ter inventado uma tecnologia capaz de remover o CO2 do ar a preços acessíveis, o que pode se converter em uma forma eficiente de conter os efeitos das emissões de gás carbônico responsáveis pelas .

A Carbon Engineering publicou no periódico Joule um – revisado por colegas cientistas – dizendo que seu equipamento é capaz de capturar o CO2 por menos de US$ 100 a tonelada.

A tecnologia de remoção de gás CO2 já existe, mas o faz a preços muito mais altos: cerca de US$ 600 a tonelada.

Além disso, a empresa quer inovar na forma como usa o gás retirado do ar, produzindo combustíveis líquidos sintéticos.

Ceticismo

Cientistas costumam ver com ceticismo técnicas de capturar emissões de CO2.

Para muitos deles, os planos de construir escudos solares no espaço ou de lançar ao mar materiais que absorvam o são uma distração à tarefa mais mundana – e difícil – de fazer com que indivíduos e empresas reduzam suas emissões de CO2.

Mas a tecnologia de capturar o CO2 diretamente do ar – basicamente, imitando a ação das árvores – é vista, nesse cenário, como a técnica mais robusta de lidar com o problema.

A ideia foi desenvolvida inicialmente pelo pesquisador Klaus Lackner, nos anos 1990, e desde então algumas empresas de tecnologia construíram protótipos de remoção de carbono.

 

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Ilustração da futura usina energética da empresa, que diz ter baixado os custos da extração de carbono do ar | CARBON ENGINEERING

Os projetos mais recentes são de uma usina de energia na Islândia, que testa uma forma de capturar o CO2 e injetá-lo em formações de basalto (transformando o gás em pedra), e o de uma empresa suíça, a Climeworks, que filtra o gás do ar e armazena-o, para oferecê-lo a estufas, onde vão estimular o crescimento de plantas. Mas o faz a US$ 600 a tonelada, ainda que tenha a meta de baixar esse preço a US$ 100.

A Carbon Enginering afirma já ter alcançado esse limiar de preço.

“Isso é um grande passo adiante”, afirma à BBC News David Keith, da Harvard e cofundador da Carbon Engineering. “Espero que isso mude as visões sobre essa tecnologia – de ser um salvador mágico, que não é, ou de ser absurdamente cara, que tampouco é, para uma tecnologia industrial que é factível e pode ser desenvolvida de modo útil.”

Fundada em 2009, a empresa canadense tem uma planta em funcionamento desde 2015, que captura cerca de uma tonelada de CO2 por dia, em um processo que funciona pela sucção do ar por uma torre refrigeradora com ventiladores.

O gás extraído é usado como matéria-prima para um combustível sintético líquido. A empresa produz atualmente cerca de um barril por dia, combinando o CO2 puro com hidrogênio derivado da água, usando .

Segundo Keith, “o plano de longo prazo é de (produzir) cerca de 2 mil barris por dia”. A empresa agora busca investidores para construir sua próxima usina, que é onde serão levados a cabo os planos de expansão comercial.

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Empresa produz combustível líquido a partir do carbono capturado no ar | CARBON ENGINEERING

Melhor que biocombustível?

A empresa afirma ainda que seu combustível de carbono pode trazer vantagens em relação aos biocombustíveis, por usar menos espaço e água em sua produção.

Observadores do setor elogiaram o fato de a Carbon Engineering estar reduzindo o patamar de custos, mas acreditam que muitos subsídios e incentivos governamentais serão necessários para que deslanche a indústria de captura, armazenamento e utilização de carbono.

“As soluções técnicas para (combater) as mudanças climáticas já estão disponíveis, mas as legislações dos países não oferecem incentivos ou obrigações suficientes para que eles sejam usados em larga escala”, diz à BBC Edda Sif Aradóttir, da empresa Reykjavik Energy, responsável pelo islandês de transformar CO2 em rochas.

A Carbon Engineering admite que ainda tem muitos desafios pela frente – Keith diz que existem “centenas de maneiras pelas quais podemos fracassar” na empreitada. Mas ele acrescenta que a estratégia da empresa ajudará a “descarbonizar” meios de transporte que ainda não foram beneficiados pela tecnologia de veículos elétricos, como a aviação.

“Para combustíveis líquidos, o caminho é essa abordagem, de CO2 do ar mais hidrogênio obtido de fontes renováveis”, defende.

ANOTE AÍ

Fonte: BBC – Brasil

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UMA REVISTA PRA CHAMAR DE NOSSA

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Era novembro de 2014. Primeiro fim de semana. Plena campanha da Dilma. Fim de tarde na RPPN dele, a Linda Serra dos Topázios. Jaime e eu começamos a conversar sobre a falta que fazia termos acesso a um veículo independente e democrático de informação.

Resolvemos fundar o nosso. Um espaço não comercial, de resistência. Mais um trabalho de militância, voluntário, por suposto. Jaime propôs um jornal; eu, uma revista. O nome eu escolhi (ele queria Bacurau). Dividimos as tarefas. A capa ficou com ele, a linha editorial também.

Correr atrás da grana ficou por minha conta. A paleta de cores, depois de larga prosa, Jaime fechou questão – “nossas cores vão ser o vermelho e o amarelo, porque revista tem que ter cor de luta, cor vibrante” (eu queria verde-floresta). Na paz, acabei enfiando um branco.

Fizemos a primeira edição da Xapuri lá mesmo, na Reserva, em uma noite. Optamos por centrar na pauta socioambiental. Nossa primeira capa foi sobre os povos indígenas isolados do Acre: ‘Isolados, Bravos, Livres: Um Brasil Indígena por Conhecer”. Depois de tudo pronto, Jaime inventou de fazer uma outra boneca, “porque toda revista tem que ter número zero”.

Dessa vez finquei pé, ficamos com a capa indígena. Voltei pra Brasília com a boneca praticamente pronta e com a missão de dar um jeito de imprimir. Nos dias seguintes, o Jaime veio pra Formosa, pra convencer minha irmã Lúcia a revisar a revista, “de grátis”. Com a primeira revista impressa, a próxima tarefa foi montar o Conselho Editorial.

Jaime fez questão de visitar, explicar o projeto e convidar pessoalmente cada conselheiro e cada conselheira (até a doença agravar, nos seus últimos meses de vida, nunca abriu mão dessa tarefa). Daqui rumamos pra Goiânia, para convidar o arqueólogo Altair Sales Barbosa, nosso primeiro conselheiro. “O mais sabido de nóis,” segundo o Jaime.

Trilhamos uma linda jornada. Em 80 meses, Jaime fez questão de decidir, mensalmente, o tema da capa e, quase sempre, escrever ele mesmo. Às vezes, ligava pra falar da ótima ideia que teve, às vezes sumia e, no dia certo, lá vinha o texto pronto, impecável.

Na sexta-feira, 9 de julho, quando preparávamos a Xapuri 81, pela primeira vez em sete anos, ele me pediu para cuidar de tudo. Foi uma conversa triste, ele estava agoniado com os rumos da doença e com a tragédia que o Brasil enfrentava. Não falamos em morte, mas eu sabia que era o fim.

Hoje, cá estamos nós, sem as capas do Jaime, sem as pautas do Jaime, sem o linguajar do Jaime, sem o jaimês da Xapuri, mas na labuta, firmes na resistência. Mês sim, mês sim de novo, como você sonhava, Jaiminho, carcamos porva e, enfim, chegamos à nossa edição número 100. E, depois da Xapuri 100, como era desejo seu, a gente segue esperneando.

Fica tranquilo, camarada, que por aqui tá tudo direitim.

Zezé Weiss

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