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Tefé não registra novas mortes de botos durante o final de semana

Tefé não registra novas mortes de botos durante o final de semana

Pesquisadores correm para tentar descobrir causa da morte de 110 animais durante última semana. Operação de translocação de botos vivos não está descartada.

Por Cristiane Prizibisczki/O Eco

Após a mortandade inexplicável de botos no Lago Tefé (AM), durante a última semana, os pesquisadores do Instituto de Desenvolvimento Sustentável Mamirauá, que coordena as operações de emergência no local, tiveram um final de semana mais tranquilo. Entre sábado e domingo não foram registradas novas mortes.

Entre o sábado (23) e a sexta-feira (29), 110 animais morreram nesta formação lagunar do rio Tefé, afluente do Rio Solimões. Do total de mortes, 70 delas ocorreram na quinta-feira (28).

Segundo a pesquisadora Miriam Marmontel, líder do Grupo de Pesquisa em Mamíferos Aquáticos Amazônicos do Instituto Mamirauá, os trabalhos durante o final de semana ficaram concentrados no resgate de carcaças antigas e no trabalho de necrópsia dos animais resgatados nos dias anteriores

Durante esta segunda-feira (2), especialistas em resgate de cetáceos vivos – membros da força-tarefa criada entre vários órgãos e organizações para acompanhar o caso – saíram em busca de animais vivos debilitados, que serão usados para coleta de amostras de sangue e monitoramento do comportamento dos animais impactados.

Amostras de sangue e tecidos foram enviadas a laboratórios de São Paulo e Rio de Janeiro e nos próximos dias os pesquisadores deverão ter uma resposta para a causa da mortandade. Dependendo do resultado, uma operação de translocação dos animais vivos para o Rio Solimões não está descartada.

Esta é a pior seca já registrada no Lago Tefé e a segunda pior dos últimos 13 na Amazônia como um todo.

Leito do Lago Tefé quase que completamente seco. Foto – André Zumak e Debora Hymans
Cristiane Prizibisczki Jornalista. Fonte: O Eco. Foto: Miguel Monteiro.

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Era novembro de 2014. Primeiro fim de semana. Plena campanha da Dilma. Fim de tarde na RPPN dele, a Linda Serra dos Topázios. Jaime e eu começamos a conversar sobre a falta que fazia termos acesso a um veículo independente e democrático de informação.

Resolvemos fundar o nosso. Um espaço não comercial, de resistência. Mais um trabalho de militância, voluntário, por suposto. Jaime propôs um jornal; eu, uma revista. O nome eu escolhi (ele queria Bacurau). Dividimos as tarefas. A capa ficou com ele, a linha editorial também.

Correr atrás da grana ficou por minha conta. A paleta de cores, depois de larga prosa, Jaime fechou questão – “nossas cores vão ser o vermelho e o amarelo, porque revista tem que ter cor de luta, cor vibrante” (eu queria verde-floresta). Na paz, acabei enfiando um branco.

Fizemos a primeira edição da Xapuri lá mesmo, na Reserva, em uma noite. Optamos por centrar na pauta socioambiental. Nossa primeira capa foi sobre os povos indígenas isolados do Acre: ‘Isolados, Bravos, Livres: Um Brasil Indígena por Conhecer”. Depois de tudo pronto, Jaime inventou de fazer uma outra boneca, “porque toda revista tem que ter número zero”.

Dessa vez finquei pé, ficamos com a capa indígena. Voltei pra Brasília com a boneca praticamente pronta e com a missão de dar um jeito de imprimir. Nos dias seguintes, o Jaime veio pra Formosa, pra convencer minha irmã Lúcia a revisar a revista, “de grátis”. Com a primeira revista impressa, a próxima tarefa foi montar o Conselho Editorial.

Jaime fez questão de visitar, explicar o projeto e convidar pessoalmente cada conselheiro e cada conselheira (até a doença agravar, nos seus últimos meses de vida, nunca abriu mão dessa tarefa). Daqui rumamos pra Goiânia, para convidar o arqueólogo Altair Sales Barbosa, nosso primeiro conselheiro. “O mais sabido de nóis,” segundo o Jaime.

Trilhamos uma linda jornada. Em 80 meses, Jaime fez questão de decidir, mensalmente, o tema da capa e, quase sempre, escrever ele mesmo. Às vezes, ligava pra falar da ótima ideia que teve, às vezes sumia e, no dia certo, lá vinha o texto pronto, impecável.

Na sexta-feira, 9 de julho, quando preparávamos a Xapuri 81, pela primeira vez em sete anos, ele me pediu para cuidar de tudo. Foi uma conversa triste, ele estava agoniado com os rumos da doença e com a tragédia que o Brasil enfrentava. Não falamos em morte, mas eu sabia que era o fim.

Hoje, cá estamos nós, sem as capas do Jaime, sem as pautas do Jaime, sem o linguajar do Jaime, sem o jaimês da Xapuri, mas na labuta, firmes na resistência. Mês sim, mês sim de novo, como você sonhava, Jaiminho, carcamos porva e, enfim, chegamos à nossa edição número 100. E, depois da Xapuri 100, como era desejo seu, a gente segue esperneando.

Fica tranquilo, camarada, que por aqui tá tudo direitim.

Zezé Weiss

P.S. Você que nos lê pode fortalecer nossa Revista fazendo uma assinatura: www.xapuri.info/assine ou doando qualquer valor pelo PIX: contato@xapuri.info. Gratidão!

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