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Clarice Lispector: Tempo para gastar (1.930 horas por ano)

Clarice Lispector: Tempo para gastar (1.930 horas por ano)

: para gastar (1.930 horas por ano)

Talvez você se capacite de que na realidade tem mais tempo do que pensa, se fizer as contas das horas do dia, da semana, do mês, do ano… Vamos facilitar a tarefa para você.

Um ano tem 360 dias – ou seja, 8.760 horas. Deduza oito horas por dia de sono. Deduza cinco dias de por semana,  a oito horas por dia, durante 49 semanas (descontando, digamos, um mínimo de duas semanas de férias, e mais uns sete dias de feriados). Deduza duas horas diárias, empregadas em condução.

Nessa base, sobram-lhe 1.930 horas por ano. Para você fazer o que quiser.

ANOTE:

Encontramos esta pérola de dica sobre “tempo para gastar” no da Clarice Lispector, “Só para – Conselhos, e Segredos”, Editora Rocco, Rio de Janeiro, 2006.

Clarice Lispector – Escritora brasileira (por naturalização), pernambucana (por autodeclararão), nascida na Ucrânia, em 1920.  Escreveu romances, contos e ensaios, em sua maioria sobre cenas cotidianas simples e momentos leves do dia-a-dia. Chegou ao  em 1922, fugida da Civil Russa, com dois anos de idade. Depois de um breve período em Maceió, a família de Clarice mudou para Recife, onde viveu até os 14 anos de idade. Daí, mudou-se para o Rio de Janeiro, onde estudou Direito, trabalhou como tradutora e se consagrou como escritora e jornalista.  Perto do coração selvagem foi seu livro de estreia; Laços de famíliaA paixão segundo G.H.A hora da estrela e Um sopro de vida foram seus últimos livros publicados. Clarice partiu desse mundo em 1977, no Rio de Janeiro, de um câncer, um dia antes de completar 57 anos.

Algumas frases de Clarice Lispector:

“Que ninguém se engane, só se consegue a simplicidade através de muito trabalho”.

“Até cortar os próprios defeitos pode ser perigoso. Nunca se sabe qual é o defeito que sustenta nosso edifício inteiro.”

“Sim, minha força está na solidão. Não tenho medo nem de chuvas tempestivas nem das grandes ventanias soltas, pois eu também sou o escuro da noite”.

“Que o espelho reflita em meu rosto um doce sorriso. E que essa tensão que me corrói por dentro seja um dia recompensada porque metade de mim é o que penso mas a outra metade é vulcão.”

-se, como eu me rendi. Mergulhe no que você não conhece como eu mergulhei. Não se preocupe em entender, viver ultrapassa qualquer entendimento”.

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UMA REVISTA PRA CHAMAR DE NOSSA

revista 119

Era novembro de 2014. Primeiro fim de semana. Plena campanha da Dilma. Fim de tarde na RPPN dele, a Linda Serra dos Topázios. Jaime e eu começamos a conversar sobre a falta que fazia termos acesso a um veículo independente e democrático de informação.

Resolvemos fundar o nosso. Um espaço não comercial, de resistência. Mais um trabalho de militância, voluntário, por suposto. Jaime propôs um jornal; eu, uma revista. O nome eu escolhi (ele queria Bacurau). Dividimos as tarefas. A capa ficou com ele, a linha editorial também.

Correr atrás da grana ficou por minha conta. A paleta de cores, depois de larga prosa, Jaime fechou questão – “nossas cores vão ser o vermelho e o amarelo, porque revista tem que ter cor de luta, cor vibrante” (eu queria verde-floresta). Na paz, acabei enfiando um branco.

Fizemos a primeira edição da Xapuri lá mesmo, na Reserva, em uma noite. Optamos por centrar na pauta socioambiental. Nossa primeira capa foi sobre os povos indígenas isolados do Acre: ‘Isolados, Bravos, Livres: Um Brasil Indígena por Conhecer”. Depois de tudo pronto, Jaime inventou de fazer uma outra boneca, “porque toda revista tem que ter número zero”.

Dessa vez finquei pé, ficamos com a capa indígena. Voltei pra Brasília com a boneca praticamente pronta e com a missão de dar um jeito de imprimir. Nos dias seguintes, o Jaime veio pra Formosa, pra convencer minha irmã Lúcia a revisar a revista, “de grátis”. Com a primeira revista impressa, a próxima tarefa foi montar o Conselho Editorial.

Jaime fez questão de visitar, explicar o projeto e convidar pessoalmente cada conselheiro e cada conselheira (até a doença agravar, nos seus últimos meses de vida, nunca abriu mão dessa tarefa). Daqui rumamos pra Goiânia, para convidar o arqueólogo Altair Sales Barbosa, nosso primeiro conselheiro. “O mais sabido de nóis,” segundo o Jaime.

Trilhamos uma linda jornada. Em 80 meses, Jaime fez questão de decidir, mensalmente, o tema da capa e, quase sempre, escrever ele mesmo. Às vezes, ligava pra falar da ótima ideia que teve, às vezes sumia e, no dia certo, lá vinha o texto pronto, impecável.

Na sexta-feira, 9 de julho, quando preparávamos a Xapuri 81, pela primeira vez em sete anos, ele me pediu para cuidar de tudo. Foi uma conversa triste, ele estava agoniado com os rumos da doença e com a tragédia que o Brasil enfrentava. Não falamos em morte, mas eu sabia que era o fim.

Hoje, cá estamos nós, sem as capas do Jaime, sem as pautas do Jaime, sem o linguajar do Jaime, sem o jaimês da Xapuri, mas na labuta, firmes na resistência. Mês sim, mês sim de novo, como você sonhava, Jaiminho, carcamos porva e, enfim, chegamos à nossa edição número 100. E, depois da Xapuri 100, como era desejo seu, a gente segue esperneando.

Fica tranquilo, camarada, que por aqui tá tudo direitim.

Zezé Weiss

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