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Tocantins: O esplendor do bugio-preto na Natureza

Bugio-preto, barbado, guariba, gritador ou roncador… Você, que é amante da natureza, com certeza já ouviu falar desse macaco que habita a , distribuindo-se,  principalmente,  pelos estados costeiros do – da Bahia até o , por e Minas Gerais, pela  Argentina,  Bolívia e  Paraguai,  e que também aparece bastante  por aqui, no interior do Tocantins.
Com um corpo que varia de 30 a 70 centímetros de comprimento e 80 centímetros de cauda, o bugio-preto é um dos maiores primatas das Américas.  Cerca de 80% de sua alimentação é folívora (composta de folhas). A outra parte de sua dieta é frugívera, composta de frutas, brotos e caules de trepadeiras.  o bugio se alimenta sempre no começo da manhã e no final da tarde. Seu de vida oscila entre 20 e 35 anos.
O bugio-preto é um animal que vive em bandos. Sempre chefiados por um macho adulto, os bandos têm de  3 a 12 indivíduos de ambos os sexos e várias idades. De hábito arborícola, o bugio-preto se move mais devagar que outros primatas,  com o auxílio de sua cauda. Além de dormir a noite toda, passa também metade do seu tempo diurno repousando, principalmente no meio da tarde, no horário de sol mais quente.
No começo de setembro de 2016, fotografei uma família de bugios-pretos   enquanto descansavam e se alimentavam de brotos de folhas que cresciam em uma árvore. O bando estava com três fêmeas –  uma carregava um filhote, e  dois machos, o macho dominante, sempre perto das fêmeas, e um mais novo, que ficava sempre mais afastado.
Talvez o  mais jovem já tivesse atingido a maturidade,  que ocorre entre um ano e meio e dois anos de vida,  e, segundo o costume da espécie, estivesse se preparando para deixar o grupo e formar seu próprio bando.  Uma fêmea ficou por cima do macho,  parecia que estava limpando os  parasitas do corpo dele.
Diferenciar os machos das fêmeas foi fácil. O macho adulto tinha a cor castanho-ruivo-escura que lhe é característica, com os pelos mais compridos nos dois lados da face, e tinha também seu cavanhaque. Já as fêmeas, tinham uma coloração mais clara, em tons de castanho-dourado-avermelhado. O filhotinho era marrom-escuro.
 Uma curiosidade dessa espécie é que só os machos roncam,  para mostrar sua força, para agregar o bando, para alertar sobre sinais de perigo, ou simplesmente para demarcar seu território.  O rugido do bugio-preto é muito forte, pode ser intermitente e pode durar até 30 minutos.  A fêmea entra no cio uma vez por ano. Ao final de 100 dias de gestação, nasce o filhote, de cerca de meio quilo.
O status de conservação da espécie é  “pouco preocupante”, segundo a IUCN, mas as populações dos bugios-pretos estão diminuindo cada vez mais.

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ANOTE AÍ:

Texto e fotos desta matéria: Contribuição de Izalete Tavares, estudante do estado do Tocantins.

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UMA REVISTA PRA CHAMAR DE NOSSA

Era novembro de 2014. Primeiro fim de semana. Plena campanha da Dilma. Fim de tarde na RPPN dele, a Linda Serra dos Topázios. Jaime e eu começamos a conversar sobre a falta que fazia termos acesso a um veículo independente e democrático de informação.

Resolvemos fundar o nosso. Um espaço não comercial, de resistência. Mais um trabalho de militância, voluntário, por suposto. Jaime propôs um jornal; eu, uma revista. O nome eu escolhi (ele queria Bacurau). Dividimos as tarefas. A capa ficou com ele, a linha editorial também.

Correr atrás da grana ficou por minha conta. A paleta de cores, depois de larga prosa, Jaime fechou questão – “nossas cores vão ser o vermelho e o amarelo, porque revista tem que ter cor de luta, cor vibrante” (eu queria verde-floresta). Na paz, acabei enfiando um branco.

Fizemos a primeira edição da Xapuri lá mesmo, na Reserva, em uma noite. Optamos por centrar na pauta socioambiental. Nossa primeira capa foi sobre os povos indígenas isolados do Acre: ‘Isolados, Bravos, Livres: Um Brasil Indígena por Conhecer”. Depois de tudo pronto, Jaime inventou de fazer uma outra boneca, “porque toda revista tem que ter número zero”.

Dessa vez finquei pé, ficamos com a capa indígena. Voltei pra Brasília com a boneca praticamente pronta e com a missão de dar um jeito de imprimir. Nos dias seguintes, o Jaime veio pra Formosa, pra convencer minha irmã Lúcia a revisar a revista, “de grátis”. Com a primeira revista impressa, a próxima tarefa foi montar o Conselho Editorial.

Jaime fez questão de visitar, explicar o projeto e convidar pessoalmente cada conselheiro e cada conselheira (até a doença agravar, nos seus últimos meses de vida, nunca abriu mão dessa tarefa). Daqui rumamos pra Goiânia, para convidar o arqueólogo Altair Sales Barbosa, nosso primeiro conselheiro. “O mais sabido de nóis,” segundo o Jaime.

Trilhamos uma linda jornada. Em 80 meses, Jaime fez questão de decidir, mensalmente, o tema da capa e, quase sempre, escrever ele mesmo. Às vezes, ligava pra falar da ótima ideia que teve, às vezes sumia e, no dia certo, lá vinha o texto pronto, impecável.

Na sexta-feira, 9 de julho, quando preparávamos a Xapuri 81, pela primeira vez em sete anos, ele me pediu para cuidar de tudo. Foi uma conversa triste, ele estava agoniado com os rumos da doença e com a tragédia que o Brasil enfrentava. Não falamos em morte, mas eu sabia que era o fim.

Hoje, cá estamos nós, sem as capas do Jaime, sem as pautas do Jaime, sem o linguajar do Jaime, sem o jaimês da Xapuri, mas na labuta, firmes na resistência. Mês sim, mês sim de novo, como você sonhava, Jaiminho, carcamos porva e, enfim, chegamos à nossa edição número 100. E, depois da Xapuri 100, como era desejo seu, a gente segue esperneando.

Fica tranquilo, camarada, que por aqui tá tudo direitim.

Zezé Weiss

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