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“Que justiça é essa que manda prender Lula sabendo que terá que libertá-lo?”

Reinaldo Azevedo: mandam prender ex-presidente sabendo o tribunal terá que libertá-lo

 Da coluna do Reinaldo Azevedo na RedeTV.

Que ministros são esses que, na prática, mandam prender um ex-presidente da República sabendo que há pendentes no tribunal que eles integram dois recursos cuja votação, assim que efetivada, vai libertar o dito-cujo, que recorrerá, então, em liberdade à terceira instância? Que pessoas são essas, num ambiente político radicalizado, que já não é mais estranho nem a tiros, capazes de produzir dois eventos dessa magnitude, a saber: a possível prisão e a libertação, que certamente virá em seguida? A questão é só de .

Repondo: cinco desses seis ministros foram indicados pelo PT, a saber: Edson Fachin, Roberto Barroso, Luiz Fux, Rosa Weber e Cármen Lúcia. O único que não é cria dos companheiros é Alexandre de Moraes. Como se nota, não se está diante de uma conspiração urdida por antipetistas. As coisas ficam ainda interessantes quando nos lembramos das razões que levaram ao tribunal alguns desses valentes.

(…)

Três dos cinco votos em favor do habeas corpus vêm de ministros cujos governos o PT combateu com unhas, dentes e, no caso de FHC, baba hidrófoba, Refiro-me a Celso de Mello, indicado por José Sarney; Marco Aurélio, por Fernando Collor, e Gilmar Mendes, por FHC. Este último, então, foi o Belzebu predileto dos petistas nos oito anos de governo Lula e boa parte do governo Dilma. Não faz muito tempo, foi demonizado pelos companheiros — e tratado como herói pela — porque concedeu liminar contra a posse de Lula como ministro da Casa Civil de Dilma. O desvio de finalidade da nomeação havia se tornado público.

As esquerdas estão constatando, na prática, de maneira muito dura, que os órgãos de Estado, em especial a Justiça, não podem servir de campo de manobra de feitiçarias. Ora, Barroso era o homem da reforma do PT. Foi ele quem idealizou, quando o partido é que mandava soltar e prender, uma reforma política que buscava eternizar a legenda no poder. No julgamento do mensalão, estreou com votos que ajudaram a reduzir a pena de petistas. Deu um pito no tribunal, acusando-o de aplicar penas excessivas. Agora, ele se reinventa como o anjo — um anjo coroa — vingador do direito penal.

Muito bem! E o que vai acontecer? Ora, as Ações Declaratórias de Constitucionalidade, que aguardam votação, terão de ser votadas. Se acontecer antes da expedição, por , da ordem de prisão de Lula, alguma turbulência haverá porque se vai frustrar a expectativa de muita gente. Se acontecer depois, teremos já na reta das , dois eventos inéditos: um ex-presidente da República entrará na cadeia e dela sairá. Lembrando sempre que, segundo as pesquisas, se disputasse o pleito, Lula venceria hoje todos os seus adversários com facilidade.

(…)

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UMA REVISTA PRA CHAMAR DE NOSSA

Era novembro de 2014. Primeiro fim de semana. Plena campanha da Dilma. Fim de tarde na RPPN dele, a Linda Serra dos Topázios. Jaime e eu começamos a conversar sobre a falta que fazia termos acesso a um veículo independente e democrático de informação.

Resolvemos fundar o nosso. Um espaço não comercial, de resistência. Mais um trabalho de militância, voluntário, por suposto. Jaime propôs um jornal; eu, uma revista. O nome eu escolhi (ele queria Bacurau). Dividimos as tarefas. A capa ficou com ele, a linha editorial também.

Correr atrás da grana ficou por minha conta. A paleta de cores, depois de larga prosa, Jaime fechou questão – “nossas cores vão ser o vermelho e o amarelo, porque revista tem que ter cor de luta, cor vibrante” (eu queria verde-floresta). Na paz, acabei enfiando um branco.

Fizemos a primeira edição da Xapuri lá mesmo, na Reserva, em uma noite. Optamos por centrar na pauta socioambiental. Nossa primeira capa foi sobre os povos indígenas isolados do Acre: ‘Isolados, Bravos, Livres: Um Brasil Indígena por Conhecer”. Depois de tudo pronto, Jaime inventou de fazer uma outra boneca, “porque toda revista tem que ter número zero”.

Dessa vez finquei pé, ficamos com a capa indígena. Voltei pra Brasília com a boneca praticamente pronta e com a missão de dar um jeito de imprimir. Nos dias seguintes, o Jaime veio pra Formosa, pra convencer minha irmã Lúcia a revisar a revista, “de grátis”. Com a primeira revista impressa, a próxima tarefa foi montar o Conselho Editorial.

Jaime fez questão de visitar, explicar o projeto e convidar pessoalmente cada conselheiro e cada conselheira (até a doença agravar, nos seus últimos meses de vida, nunca abriu mão dessa tarefa). Daqui rumamos pra Goiânia, para convidar o arqueólogo Altair Sales Barbosa, nosso primeiro conselheiro. “O mais sabido de nóis,” segundo o Jaime.

Trilhamos uma linda jornada. Em 80 meses, Jaime fez questão de decidir, mensalmente, o tema da capa e, quase sempre, escrever ele mesmo. Às vezes, ligava pra falar da ótima ideia que teve, às vezes sumia e, no dia certo, lá vinha o texto pronto, impecável.

Na sexta-feira, 9 de julho, quando preparávamos a Xapuri 81, pela primeira vez em sete anos, ele me pediu para cuidar de tudo. Foi uma conversa triste, ele estava agoniado com os rumos da doença e com a tragédia que o Brasil enfrentava. Não falamos em morte, mas eu sabia que era o fim.

Hoje, cá estamos nós, sem as capas do Jaime, sem as pautas do Jaime, sem o linguajar do Jaime, sem o jaimês da Xapuri, mas na labuta, firmes na resistência. Mês sim, mês sim de novo, como você sonhava, Jaiminho, carcamos porva e, enfim, chegamos à nossa edição número 100. E, depois da Xapuri 100, como era desejo seu, a gente segue esperneando.

Fica tranquilo, camarada, que por aqui tá tudo direitim.

Zezé Weiss

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