Um abraço negro no Combate ao Racismo

Um abraço negro no combate ao Racismo 

Por: Bia de Lima

Racismo é crime. E este crime inafiançável contra nossa sociedade e, especialmente, contra o povo negro brasileiro, o combate com ações pedagógicas nas escolas goianas que culminam, todo ano, com um grande Abraço Negro em , capital do nosso estado.

As preparações para o Abraço Negro começam no dia 13 de maio, Dia Nacional de Denúncia contra o Racismo, com ações sistemáticas que vão possibilitando as discussões sobre as relações raciais no ambiente escolar, organizadas por meio de diálogos, debates, encontros, atividades pedagógicas e vários momentos de formação continuada, para consolidar, em chão goiano, um de antirracista.

Assim tem sido desde o ano 2000, quando cerca de trezentos estudantes e trabalhadores da Educação realizaram no Bosque dos Buritis, com o apoio do Unificado Bia de Lima (MNU) e do Centro de Referência Negra Lélia Gonzalez e a participação das escolas municipais Evangelina Pereira da Costa e Salmon Gomes Figueiredo, o primeiro Abraço Negro em Goiânia.

Desde então, nosso Abraço Negro é realizado em 20 de Novembro, Dia Nacional da Consciência Negra, data instituída pelo Movimento Negro para honrar a de Zumbi, o grande líder do Quilombo dos Palmares que, como tantos outros, escreveu, com a própria história (Zumbi foi assassinado em 20 de novembro de 1695), a história do povo liberto da escravidão por sua capacidade de luta e resistência nos quilombos do Brasil.

Em 2018, ante as ameaças de extermínio dos direitos já conquistados pelas populações afrodescendentes, o SINTEGO faz do Abraço Negro um momento de chamada à sobre a importância de fazer valer a Lei 10.639, que torna obrigatório o ensino da História da África e da Cultura Afro- -brasileira na Educação Básica do Brasil.

O Abraço Negro é, portanto, um espaço que consolida o esforço cotidiano dos nossos profissionais da educação para conscientizar a sociedade do nosso Estado sobre a importância de erradicar o sofrimento vivido por milhares de e jovens negros, devido ao preconceito e ao racismo não somente em Goiânia, mas em e no Brasil.

Ao mobilizar toda a comunidade escolar, professores, estudantes, enfim, nossa comunidade, para o Abraço Negro, o SINTEGO se junta a todos aqueles que, de todas as formas possíveis, lutam por uma Educação justa, inclusiva, solidária e, sobretudo, antirracista.

Ao abraçar simbolicamente uma escola, uma praça, um espaço comum, o SINTEGO exercita, no seu quefazer pedagógico, uma das mais belas lições herdadas da africana, o conceito do UNBUTU: “Eu sou porque nós somos”.

Racismo Racismo Racismo Racismo  Racismo  Racismo

Bia

Bia de Lima
Educadora. Presidenta do Sintego


sintego cut

Deixe seu comentário

UMA REVISTA PRA CHAMAR DE NOSSA

Era novembro de 2014. Primeiro fim de semana. Plena campanha da Dilma. Fim de tarde na RPPN dele, a Linda Serra dos Topázios. Jaime e eu começamos a conversar sobre a falta que fazia termos acesso a um veículo independente e democrático de informação.

Resolvemos fundar o nosso. Um espaço não comercial, de resistência. Mais um trabalho de militância, voluntário, por suposto. Jaime propôs um jornal; eu, uma revista. O nome eu escolhi (ele queria Bacurau). Dividimos as tarefas. A capa ficou com ele, a linha editorial também.

Correr atrás da grana ficou por minha conta. A paleta de cores, depois de larga prosa, Jaime fechou questão – “nossas cores vão ser o vermelho e o amarelo, porque revista tem que ter cor de luta, cor vibrante” (eu queria verde-floresta). Na paz, acabei enfiando um branco.

Fizemos a primeira edição da Xapuri lá mesmo, na Reserva, em uma noite. Optamos por centrar na pauta socioambiental. Nossa primeira capa foi sobre os povos indígenas isolados do Acre: ‘Isolados, Bravos, Livres: Um Brasil Indígena por Conhecer”. Depois de tudo pronto, Jaime inventou de fazer uma outra boneca, “porque toda revista tem que ter número zero”.

Dessa vez finquei pé, ficamos com a capa indígena. Voltei pra Brasília com a boneca praticamente pronta e com a missão de dar um jeito de imprimir. Nos dias seguintes, o Jaime veio pra Formosa, pra convencer minha irmã Lúcia a revisar a revista, “de grátis”. Com a primeira revista impressa, a próxima tarefa foi montar o Conselho Editorial.

Jaime fez questão de visitar, explicar o projeto e convidar pessoalmente cada conselheiro e cada conselheira (até a doença agravar, nos seus últimos meses de vida, nunca abriu mão dessa tarefa). Daqui rumamos pra Goiânia, para convidar o arqueólogo Altair Sales Barbosa, nosso primeiro conselheiro. “O mais sabido de nóis,” segundo o Jaime.

Trilhamos uma linda jornada. Em 80 meses, Jaime fez questão de decidir, mensalmente, o tema da capa e, quase sempre, escrever ele mesmo. Às vezes, ligava pra falar da ótima ideia que teve, às vezes sumia e, no dia certo, lá vinha o texto pronto, impecável.

Na sexta-feira, 9 de julho, quando preparávamos a Xapuri 81, pela primeira vez em sete anos, ele me pediu para cuidar de tudo. Foi uma conversa triste, ele estava agoniado com os rumos da doença e com a tragédia que o Brasil enfrentava. Não falamos em morte, mas eu sabia que era o fim.

Hoje, cá estamos nós, sem as capas do Jaime, sem as pautas do Jaime, sem o linguajar do Jaime, sem o jaimês da Xapuri, mas na labuta, firmes na resistência. Mês sim, mês sim de novo, como você sonhava, Jaiminho, carcamos porva e, enfim, chegamos à nossa edição número 100. E, depois da Xapuri 100, como era desejo seu, a gente segue esperneando.

Fica tranquilo, camarada, que por aqui tá tudo direitim.

Zezé Weiss

P.S. Você que nos lê pode fortalecer nossa Revista fazendo uma assinatura: www.xapuri.info/assine ou doando qualquer valor pelo PIX: contato@xapuri.info. Gratidão!

PARCERIAS

CONTATO

logo xapuri

REVISTA