Dona Maria da Soledade, líder comunitária de Cachoeira da Prata

Dona Maria da Soledade Nascimento criou os oito filhos (só um morreu, aos 25 anos, de acidente) e os 14 netos trabalhando na roça de toco, produzindo farinha. Em ano bom, dona Soledade e o marido plantam duas linhas de mandioca, o que em tese renderia 60 sacas. Em tese, porque a farinha que alimenta a família toda vai sendo processada aos poucos, durante o ano, conforme a necessidade, então sobra pouco para vender.

Por

Com o açude, que vai render peixe pra melhorar a dieta das famílias e peixe pra vender, pra gerar um pouco de para a comunidade, dona Soledade espera ter condições de trazer os dois filhos, que tiveram que ir pra em busca de , de volta. “Eles não se ajustam por lá e nós não nos ajustamos sem eles por aqui, fazem muita falta”, diz dona Soledade.

Como líder comunitária, coube a ela assumir a linha de frente na mobilização da para preparo do açude. “O tanque, a máquina contratada pelo Movimento Solidário cavou, mas a limpeza do tanque quem fez foi a comunidade, mulheres e homens juntos. Não teve uma que não arrancou graveto, na unha”.

Dona Soledade estudou pouco, escreve com dificuldade, mas sabe compor músicas para ocasiões especiais, como a que ela e a irmã Maria fizeram para a inauguração do açude, treinada e cantada por toda a comunidade para recepcionar a delegação do Movimento Solidário. Como ela faz isso sem saber ler? “Ah, isso é fácil, a gente segue os hinos da igreja, depois só precisa fazer rimar”, explica.

Por que homenagear as visitas com rima? “Porque com o peixe vai ser melhor, vamos tirar pra comer, vamos tirar pra vender, vai melhorar as coisas pra nós, eu estou muito feliz e, quando a gente está feliz, a gente canta. Canta e agradece a quem trouxe pra gente a graça de ser feliz. Muito obrigada, Denise, muito obrigada, seu Jair, muito obrigada todo do Movimento Solidário”.


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UMA REVISTA PRA CHAMAR DE NOSSA

Era novembro de 2014. Primeiro fim de semana. Plena campanha da Dilma. Fim de tarde na RPPN dele, a Linda Serra dos Topázios. Jaime e eu começamos a conversar sobre a falta que fazia termos acesso a um veículo independente e democrático de informação.

Resolvemos fundar o nosso. Um espaço não comercial, de resistência. Mais um trabalho de militância, voluntário, por suposto. Jaime propôs um jornal; eu, uma revista. O nome eu escolhi (ele queria Bacurau). Dividimos as tarefas. A capa ficou com ele, a linha editorial também.

Correr atrás da grana ficou por minha conta. A paleta de cores, depois de larga prosa, Jaime fechou questão – “nossas cores vão ser o vermelho e o amarelo, porque revista tem que ter cor de luta, cor vibrante” (eu queria verde-floresta). Na paz, acabei enfiando um branco.

Fizemos a primeira edição da Xapuri lá mesmo, na Reserva, em uma noite. Optamos por centrar na pauta socioambiental. Nossa primeira capa foi sobre os povos indígenas isolados do Acre: ‘Isolados, Bravos, Livres: Um Brasil Indígena por Conhecer”. Depois de tudo pronto, Jaime inventou de fazer uma outra boneca, “porque toda revista tem que ter número zero”.

Dessa vez finquei pé, ficamos com a capa indígena. Voltei pra Brasília com a boneca praticamente pronta e com a missão de dar um jeito de imprimir. Nos dias seguintes, o Jaime veio pra Formosa, pra convencer minha irmã Lúcia a revisar a revista, “de grátis”. Com a primeira revista impressa, a próxima tarefa foi montar o Conselho Editorial.

Jaime fez questão de visitar, explicar o projeto e convidar pessoalmente cada conselheiro e cada conselheira (até a doença agravar, nos seus últimos meses de vida, nunca abriu mão dessa tarefa). Daqui rumamos pra Goiânia, para convidar o arqueólogo Altair Sales Barbosa, nosso primeiro conselheiro. “O mais sabido de nóis,” segundo o Jaime.

Trilhamos uma linda jornada. Em 80 meses, Jaime fez questão de decidir, mensalmente, o tema da capa e, quase sempre, escrever ele mesmo. Às vezes, ligava pra falar da ótima ideia que teve, às vezes sumia e, no dia certo, lá vinha o texto pronto, impecável.

Na sexta-feira, 9 de julho, quando preparávamos a Xapuri 81, pela primeira vez em sete anos, ele me pediu para cuidar de tudo. Foi uma conversa triste, ele estava agoniado com os rumos da doença e com a tragédia que o Brasil enfrentava. Não falamos em morte, mas eu sabia que era o fim.

Hoje, cá estamos nós, sem as capas do Jaime, sem as pautas do Jaime, sem o linguajar do Jaime, sem o jaimês da Xapuri, mas na labuta, firmes na resistência. Mês sim, mês sim de novo, como você sonhava, Jaiminho, carcamos porva e, enfim, chegamos à nossa edição número 100. E, depois da Xapuri 100, como era desejo seu, a gente segue esperneando.

Fica tranquilo, camarada, que por aqui tá tudo direitim.

Zezé Weiss

P.S. Você que nos lê pode fortalecer nossa Revista fazendo uma assinatura: www.xapuri.info/assine ou doando qualquer valor pelo PIX: contato@xapuri.info. Gratidão!

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