Vitória de Lula emplaca Flávio Dino no STF

Vitória de Lula emplaca Flávio Dino no STF

O governo também conseguiu emplacar o nome de Paulo Gonet para a chefia da Procuradoria-Geral da República (PGR)

Por Iram Alfaia/Portal Vermelho

Ao aprovar no Senado a indicação de Flávio Dino a uma vaga de ministro no Supremo Tribunal Federal (STF), o governo do presidente Luiz Inácio Lula da Silva conseguiu nesta quarta-feira (13) mais uma vitória naquela Casa contra a bancada bolsonarista.

O ministro da e e senador licenciado obteve 47 votos favoráveis, 31 contra e 2  abstenções. Eram exigidos 41 votos dos 81 senadores, ou seja, maioria absoluta.

O governo também conseguiu emplacar o nome de Paulo Gonet para a chefia da Procuradoria-Geral da República (PGR) com um placar mais folgado, 65 a 11. Ele tinha menor da oposição.

Em mais de dez horas, os dois foram sabatinados na Comissão de e Justiça (CCJ).

Na do colegiado, Dino obteve 17 votos a favor e 10 contras. Já Gonet teve 23 votos favoráveis e 4 contrários. Eles precisavam de no mínimo 14 votos dos 27 senadores do colegiado.

Dino afirmou que tem um compromisso “indeclinável com a harmonia entre os Poderes”.

Para ele, é um dever fazer com que a independência seja preservada, mas sobretudo a harmonia.

“Controvérsias são normais; controvérsias fazem parte da plural da sociedade democrática. Mas elas não podem ser de qualquer maneira e não podem ser paralisantes, inibidoras do bom funcionamento das instituições”, defendeu ao ser questionado sobre decisões monocráticas.

Ele disse que se uma lei é aprovada no parlamento de forma colegiada, “o desfazimento, salvo situações excepcionalíssimas, não pode se dar por decisões monocráticas, ou seja, para desfazer colegiados”.

“A não ser em situações claras de perecimento de direito, quando houver por exemplo o risco de uma , de alguém morrer, de não haver hábil para impedir a lesão a um direito em obediência a uma causa constitucional”, prosseguiu.

O ministro foi bastante elogiado por evitar cair em provocações e pela firmeza nas respostas. Por exemplo, ele afastou qualquer possibilidade de fazer um debate político no colegiado.

“É claro que, quando o presidente da República me honra com a indicação para aqui estar, não vim aqui fazer debate político, não me cabe neste momento. Vim aqui apenas responder ao atendimento dos dois requisitos constitucionais: notável saber jurídico e reputação ilibada”, disse.

Durante a sabatina, Dino afirmou que tratará como cláusulas pétreas, não passíveis de modificação, temas como a forma federativa do Estado; o voto direto, secreto, universal e periódico; a separação dos poderes; e a defesa dos direitos e garantias fundamentais.

A aprovação foi comemorada pelos governistas. O vice-líder do governo no Congresso, deputado Daniel Almeida (PCdoB-BA), postou uma foto com o novo ministro nas .

“Comprimentos ao ministro do STF, Flávio Dino. Certeza de mais qualidade e força na suprema corte!”, festejou.

O líder do governo no Congresso, senador Randolfe Rodrigues (sem partido-AP), afirmou que o Brasil saiu vitorioso com um novo ministro que trabalhará pelo fortalecimento da nossa e pela defesa dos direitos fundamentais.

“Seu notável saber jurídico ficou mais do que comprovado na sabatina de hoje. O Judiciário ganha de volta um dos grandes! Parabéns, ministro!”, comemorou.

O senador Wellington Dias (PT-PI), que se licenciou do cargode ministro para votar em Dino, classificou a sessão de aprovação dos dois indicados como “um momento histórico” para o país e teceu elogios ao nome do novo ministro do STF.

“Hoje escolhemos um dos mais preparados brasileiros para o Supremo Tribunal Federal. E isso será importante para a estabilidade da Suprema Corte”, avaliou.

Fonte: Portal Vermelho Capa: Alessandro Dantas/PT no Senado

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UMA REVISTA PRA CHAMAR DE NOSSA

Era novembro de 2014. Primeiro fim de semana. Plena campanha da Dilma. Fim de tarde na RPPN dele, a Linda Serra dos Topázios. Jaime e eu começamos a conversar sobre a falta que fazia termos acesso a um veículo independente e democrático de informação.

Resolvemos fundar o nosso. Um espaço não comercial, de resistência. Mais um trabalho de militância, voluntário, por suposto. Jaime propôs um jornal; eu, uma revista. O nome eu escolhi (ele queria Bacurau). Dividimos as tarefas. A capa ficou com ele, a linha editorial também.

Correr atrás da grana ficou por minha conta. A paleta de cores, depois de larga prosa, Jaime fechou questão – “nossas cores vão ser o vermelho e o amarelo, porque revista tem que ter cor de luta, cor vibrante” (eu queria verde-floresta). Na paz, acabei enfiando um branco.

Fizemos a primeira edição da Xapuri lá mesmo, na Reserva, em uma noite. Optamos por centrar na pauta socioambiental. Nossa primeira capa foi sobre os povos indígenas isolados do Acre: ‘Isolados, Bravos, Livres: Um Brasil Indígena por Conhecer”. Depois de tudo pronto, Jaime inventou de fazer uma outra boneca, “porque toda revista tem que ter número zero”.

Dessa vez finquei pé, ficamos com a capa indígena. Voltei pra Brasília com a boneca praticamente pronta e com a missão de dar um jeito de imprimir. Nos dias seguintes, o Jaime veio pra Formosa, pra convencer minha irmã Lúcia a revisar a revista, “de grátis”. Com a primeira revista impressa, a próxima tarefa foi montar o Conselho Editorial.

Jaime fez questão de visitar, explicar o projeto e convidar pessoalmente cada conselheiro e cada conselheira (até a doença agravar, nos seus últimos meses de vida, nunca abriu mão dessa tarefa). Daqui rumamos pra Goiânia, para convidar o arqueólogo Altair Sales Barbosa, nosso primeiro conselheiro. “O mais sabido de nóis,” segundo o Jaime.

Trilhamos uma linda jornada. Em 80 meses, Jaime fez questão de decidir, mensalmente, o tema da capa e, quase sempre, escrever ele mesmo. Às vezes, ligava pra falar da ótima ideia que teve, às vezes sumia e, no dia certo, lá vinha o texto pronto, impecável.

Na sexta-feira, 9 de julho, quando preparávamos a Xapuri 81, pela primeira vez em sete anos, ele me pediu para cuidar de tudo. Foi uma conversa triste, ele estava agoniado com os rumos da doença e com a tragédia que o Brasil enfrentava. Não falamos em morte, mas eu sabia que era o fim.

Hoje, cá estamos nós, sem as capas do Jaime, sem as pautas do Jaime, sem o linguajar do Jaime, sem o jaimês da Xapuri, mas na labuta, firmes na resistência. Mês sim, mês sim de novo, como você sonhava, Jaiminho, carcamos porva e, enfim, chegamos à nossa edição número 100. E, depois da Xapuri 100, como era desejo seu, a gente segue esperneando.

Fica tranquilo, camarada, que por aqui tá tudo direitim.

Zezé Weiss

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