Vitória Pataxó: STF suspende reintegração de posse contra Aldeia Novos Guerreiros

Vitória Pataxó: STF suspende reintegração de posse contra Aldeia Novos Guerreiros

Por Ana Paula Sabino

O Supremo Tribunal Federal decidiu, nesta quinta-feira, 03/09, favoravelmente à comunidade  Pataxó, suspendendo a decisão do juiz de Eunápolis por descumprir a decisão do STF. Dupla vitória do povo Pataxó, do movimento indígena brasileiro e dos parlamentares que lutam ao lado dos povos .

As 24 famílias que vivem na Aldeia Novos Guerreiros, comunidade, localizada em Ponta Grande, município de Porto Seguro, Bahia, vivem difíceis de e resistência. Por um lado, temos a pandemia, o enfrentamento ao vírus e por outro lado, o seu território sofre ameaças, uma disputa de vidas indígenas e um clube de aviação que ocupa um terço do território da aldeia.

Na última quinta-feira, 20, o juiz federal Pablo Enrique Carneiro Baldivieso, expediu o mandado de reintegração de posse em favor de um Clube de Avião sobreposto à Indígena, que resultará na expulsão de 24 famílias de seus territórios tradicionais, sem considerar despacho anterior da própria Justiça Federal de Eunápolis, que havia determinado a revisão da demarcação da TI Coroa Vermelha.

A decisão contraria determinação do Supremo Tribunal Federal na Arguição de Descumprimento de Preceito Fundamental ADPF) nº 709 em que foram suspensas a tramitação de todos os processos de reintegração de posse contra comunidades indígenas, bem como a anulação de demarcação de no país durante a pandemia. A ADPF foi apresentada pela Articulação dos Povos Indígenas do (Apib), em conjunto com seis partidos da oposição: PSB, PCdoB, PSOL, PT, Rede e PDT em defesa dos povos indígenas e não pode ser descumprida.

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A área é reivindicada na Justiça por um clube de aviação que ocupa um terço do território da aldeia. Os quase 100 indígenas que vivem no local podem ser despejados a qualquer momento.

A Defensoria Pública da União (DPU) recorreu contra a decisão na última quarta-feira, 26. Movimentos e organizações indígenas declararam que pretendem acionar a Justiça contra a retirada de famílias indígenas dos territórios.

Nessa quarta-feira (2), às 18h, houve uma reunião articulada pela Frente Parlamentar Mista em Defesa dos Direitos dos Povos indígenas,  junto com o movimento indígena, a Defensoria Pública e o Supremo Tribunal Federal, recomendando que sejam garantidos os direitos dos povos indígenas levando em consideração as decisões do STF.

Na mesma noite, o Tribunal Regional Federal da 1a Região (TRF1) suspendeu ação de reintegração de posse contra a aldeia Novos Guerreiros, da etnia Pataxó, que faz parte da terra indígena Ponta Grande, em processo de demarcação , localizada entre os municípios de Santa Cruz Cabrália e Porto Seguro, no sul da Bahia. Essa decisão segue o entendimento do Supremo Tribunal Federal (STF,) que suspendeu todas as reintegrações de posse contra indígenas durante a pandemia de covid-19.

No dia seguinte, 03/09, o Ministro Gilmar Mendes, do STF,  decide favorável aos . Com essa decisão, que contribuir para que vidas indígenas sejam salvas e povos indígenas recebem um mínimo de proteção do brasileiro, o  STF segue as recomendações da Organização Mundial da Saúde (OMS), no sentido de garantir aos povos indígenas o devido isolamento social,  o devido isolamento social, para não agravar a situação de comunidades que já vivem em situação de vulnerabilidade, no momento de alastramento da Covid-19.

Ana Paula Sabino – Jornalista. Membro do Conselho Editorial da Revista Xapuri.


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UMA REVISTA PRA CHAMAR DE NOSSA

Era novembro de 2014. Primeiro fim de semana. Plena campanha da Dilma. Fim de tarde na RPPN dele, a Linda Serra dos Topázios. Jaime e eu começamos a conversar sobre a falta que fazia termos acesso a um veículo independente e democrático de informação.

Resolvemos fundar o nosso. Um espaço não comercial, de resistência. Mais um trabalho de militância, voluntário, por suposto. Jaime propôs um jornal; eu, uma revista. O nome eu escolhi (ele queria Bacurau). Dividimos as tarefas. A capa ficou com ele, a linha editorial também.

Correr atrás da grana ficou por minha conta. A paleta de cores, depois de larga prosa, Jaime fechou questão – “nossas cores vão ser o vermelho e o amarelo, porque revista tem que ter cor de luta, cor vibrante” (eu queria verde-floresta). Na paz, acabei enfiando um branco.

Fizemos a primeira edição da Xapuri lá mesmo, na Reserva, em uma noite. Optamos por centrar na pauta socioambiental. Nossa primeira capa foi sobre os povos indígenas isolados do Acre: ‘Isolados, Bravos, Livres: Um Brasil Indígena por Conhecer”. Depois de tudo pronto, Jaime inventou de fazer uma outra boneca, “porque toda revista tem que ter número zero”.

Dessa vez finquei pé, ficamos com a capa indígena. Voltei pra Brasília com a boneca praticamente pronta e com a missão de dar um jeito de imprimir. Nos dias seguintes, o Jaime veio pra Formosa, pra convencer minha irmã Lúcia a revisar a revista, “de grátis”. Com a primeira revista impressa, a próxima tarefa foi montar o Conselho Editorial.

Jaime fez questão de visitar, explicar o projeto e convidar pessoalmente cada conselheiro e cada conselheira (até a doença agravar, nos seus últimos meses de vida, nunca abriu mão dessa tarefa). Daqui rumamos pra Goiânia, para convidar o arqueólogo Altair Sales Barbosa, nosso primeiro conselheiro. “O mais sabido de nóis,” segundo o Jaime.

Trilhamos uma linda jornada. Em 80 meses, Jaime fez questão de decidir, mensalmente, o tema da capa e, quase sempre, escrever ele mesmo. Às vezes, ligava pra falar da ótima ideia que teve, às vezes sumia e, no dia certo, lá vinha o texto pronto, impecável.

Na sexta-feira, 9 de julho, quando preparávamos a Xapuri 81, pela primeira vez em sete anos, ele me pediu para cuidar de tudo. Foi uma conversa triste, ele estava agoniado com os rumos da doença e com a tragédia que o Brasil enfrentava. Não falamos em morte, mas eu sabia que era o fim.

Hoje, cá estamos nós, sem as capas do Jaime, sem as pautas do Jaime, sem o linguajar do Jaime, sem o jaimês da Xapuri, mas na labuta, firmes na resistência. Mês sim, mês sim de novo, como você sonhava, Jaiminho, carcamos porva e, enfim, chegamos à nossa edição número 100. E, depois da Xapuri 100, como era desejo seu, a gente segue esperneando.

Fica tranquilo, camarada, que por aqui tá tudo direitim.

Zezé Weiss

P.S. Você que nos lê pode fortalecer nossa Revista fazendo uma assinatura: www.xapuri.info/assine ou doando qualquer valor pelo PIX: contato@xapuri.info. Gratidão!

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