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Yaripo: Povo Yanomami comemora aprovação de visitação ao Pico da Neblina

Falta pouco para que os Yanomami possam iniciar o ao Yaripo, como eles chamam o Pico da Neblina, ponto mais alto do . O , que teve o plano de visitação aprovado pelo ICMBio, aguarda agora a aprovação da Funai para que a atividade esteja regularizada

O Instituto de Conservação da (ICMBio) aprovou o Plano de Visitação Yaripo – Ecoturismo Yanomami apresentado pelos Yanomami em julho do ano passado. Com data de 9 de maio, a portaria foi publicada nesta sexta-feira (11/5) no Diário. Veja aqui.

A elaboração do documento contou com ampla participação dos Yanomami da região de Maturacá (AM) em um processo desenvolvido durante quatro anos em parceria com o próprio ICMBio, Funai, Exército, Secretaria de Turismo de São Gabriel da Cachoeira e Instituto Socioambiental (ISA).

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O Yaripo, como é chamado o Pico da Neblina pelos Yanomami, é duplamente protegido por pertencer à Terra Yanomami e ao Parque Nacional do Pico da Neblina. Por isso, o Plano de Visitação tem de ser aprovado também pela Funai, etapa final para que os Yanomami possam começar a levar turistas ao ponto mais alto do Brasil.

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A gestão da atividade será de responsabilidade da Associação Yanomami do Rio Cauaburis (Ayrca) em conjunto com a Associação das Yanomami Kumirayoma (AMYK).

Alternativa de geração de renda

A visitação se apresenta como uma alternativa de geração de para os Yanomami e deve ajudar a suprir necessidades por bens manufaturados, hoje imprescindíveis à sua sobrevivência física e ao seu bem estar. Estima-se que 80 Yanomami terão renda, beneficiando diretamente 800 pessoas (parentes e afins), e o lucro da atividade turística será revertido para uso comunitário seguindo as determinações da assembleia geral da Ayrca.

Sob o aspecto da proteção territorial, o ecoturismo se apresenta como uma alternativa ao garimpo de ouro atualmente em vigor na região, praticado tanto por invasores quanto pelos próprios nativos. Os Yanomami envolvidos com garimpo são na sua maioria jovens do sexo masculino que buscam na atividade uma renda para manter a família, alegando não terem outra opção. A expectativa de todos eles é que com a chegada do ecoturismo seja possível deixar o garimpo e se engajar em uma atividade mais prazerosa, rentável e que não degrade o .

Quem tiver interesse em conhecer o Yaripo com os Yanomami pode se inscrever em uma lista de espera mantida pela Ayrca, mas deve ter paciência pois a visitação deverá ser aberta ao público somente em 2019, após a aprovação da Funai e a realização de etapas de formação dos Yanomami e melhoria da infraestrutura que ocorrerão ao longo deste ano.

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Fonte: Instituto Socioambiental

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UMA REVISTA PRA CHAMAR DE NOSSA

Era novembro de 2014. Primeiro fim de semana. Plena campanha da Dilma. Fim de tarde na RPPN dele, a Linda Serra dos Topázios. Jaime e eu começamos a conversar sobre a falta que fazia termos acesso a um veículo independente e democrático de informação.

Resolvemos fundar o nosso. Um espaço não comercial, de resistência. Mais um trabalho de militância, voluntário, por suposto. Jaime propôs um jornal; eu, uma revista. O nome eu escolhi (ele queria Bacurau). Dividimos as tarefas. A capa ficou com ele, a linha editorial também.

Correr atrás da grana ficou por minha conta. A paleta de cores, depois de larga prosa, Jaime fechou questão – “nossas cores vão ser o vermelho e o amarelo, porque revista tem que ter cor de luta, cor vibrante” (eu queria verde-floresta). Na paz, acabei enfiando um branco.

Fizemos a primeira edição da Xapuri lá mesmo, na Reserva, em uma noite. Optamos por centrar na pauta socioambiental. Nossa primeira capa foi sobre os povos indígenas isolados do Acre: ‘Isolados, Bravos, Livres: Um Brasil Indígena por Conhecer”. Depois de tudo pronto, Jaime inventou de fazer uma outra boneca, “porque toda revista tem que ter número zero”.

Dessa vez finquei pé, ficamos com a capa indígena. Voltei pra Brasília com a boneca praticamente pronta e com a missão de dar um jeito de imprimir. Nos dias seguintes, o Jaime veio pra Formosa, pra convencer minha irmã Lúcia a revisar a revista, “de grátis”. Com a primeira revista impressa, a próxima tarefa foi montar o Conselho Editorial.

Jaime fez questão de visitar, explicar o projeto e convidar pessoalmente cada conselheiro e cada conselheira (até a doença agravar, nos seus últimos meses de vida, nunca abriu mão dessa tarefa). Daqui rumamos pra Goiânia, para convidar o arqueólogo Altair Sales Barbosa, nosso primeiro conselheiro. “O mais sabido de nóis,” segundo o Jaime.

Trilhamos uma linda jornada. Em 80 meses, Jaime fez questão de decidir, mensalmente, o tema da capa e, quase sempre, escrever ele mesmo. Às vezes, ligava pra falar da ótima ideia que teve, às vezes sumia e, no dia certo, lá vinha o texto pronto, impecável.

Na sexta-feira, 9 de julho, quando preparávamos a Xapuri 81, pela primeira vez em sete anos, ele me pediu para cuidar de tudo. Foi uma conversa triste, ele estava agoniado com os rumos da doença e com a tragédia que o Brasil enfrentava. Não falamos em morte, mas eu sabia que era o fim.

Hoje, cá estamos nós, sem as capas do Jaime, sem as pautas do Jaime, sem o linguajar do Jaime, sem o jaimês da Xapuri, mas na labuta, firmes na resistência. Mês sim, mês sim de novo, como você sonhava, Jaiminho, carcamos porva e, enfim, chegamos à nossa edição número 100. E, depois da Xapuri 100, como era desejo seu, a gente segue esperneando.

Fica tranquilo, camarada, que por aqui tá tudo direitim.

Zezé Weiss

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