Um país ao Deus dará

Um país ao Deus dará – em quarentena
O país não tem mais governo. O sonho da do Estado mínimo se realiza. O reinado do mercado se impõe sobre a e a mercantilização sobre toda a sociedade.
Por Emir Sader 
Tudo se transforma em mercadoria: educação, saúde, – tudo. Tudo tem preço, tudo se compra, tudo se vende. A sociedade se transforma num shopping center, onde tudo é comércio, ninguém tem direitos, o que conta é o poder de compra.
Não há governo. O presidente não preside o país. A única coisa que funciona é o ministério da Economia, que se concentra em terminar de desmontar o Estado, em privatizar e desregulamentar a economia e favorecer todas as condições para os investimentos.
Ainda assim, a economia não anda, muitos milhões de pessoas estão desempregadas ou em trabalhos precários. Apesar de todas as vantagens concedidas aos empresários, não há investimentos. Ao contrario, há fuga de capitais e o groso dos investimentos vai para a especulação, para a bolsa de valores.
O Brasil, o brasileiro, se sentem órfãos, descuidados, aos Deus dará. O povo se sente fragilizado, sem atenção, sem proteção. Se perde o emprego, tem que aceitar o que aparecer, nas condições que lhe forem oferecidas. É vítima da , das catástrofes naturais, da polícia, da falta de escolas e de hospitais.
Principalmente o país não tem presidente. Ele se comporta como uma pessoa, um membro de milícias, que se preocupa em defender os filhos das enrascadas em que eles estão metidos. Não preside o pais, nem sabe o que é presidir. Quando se diz que não tem decoro, se trata de um comportamento cafajeste, sem qualquer consideração pelos outros, que agride, com linguagem chula, palavrões.
Num momento como este, em que os presidentes os países – EUA, China, Russia, Franca, Espanha, Argentina, todos – se comportam como estadistas, se assumem como governantes de todos, aparecem para o país como representante de todos diante de uma ameaça para todos – o daqui se mostra menor ainda. Age com picuinhas, dando banana pros jornalistas e, através deles, para todos que não concordam com ele. A própria mídia diz que a crise brasileira não vem dos efeitos da recessão economica internacional, nem do vírus, mas da falta de uma autoridade que dirija o país.
A ausência de governo fica mais evidente ainda na crise. Economicamente, o Guedes tentou se aproveitar para, como sempre, concentrar na suposta necessidade de aprovar os novos projetos do governo, como única forma de reagir diante da crise. Como fizeram sempre diante de outras crises, mas a aprovação dos projetos neoliberais so deixaram ainda mais fragilizado o pais diante dos problemas que enfrenta. Tentou nao tomar medida alguma de defesa diante da recessão, mas teve que tomar algumas, ainda que pífias.
O país se encontra ao Deus dará. Cada vez mais gente gostaria, por umas ou outras razoes, que ele nao fosse mais o presidente do Brasil. Mas ele se tornou indispensável para a direita, que colocou ele la, está contente com sua econômica, e não tem mais outros dirigentes. Tem esses, que sao as pessoas menos confiáveis no Brasil, aquelas em que ninguém acredita.
Cada vez mais gente está afim do Fora Bolsonaro! Temos um presidente e um governo que não se comporta como o país precisa. Que aumenta a instabilidade e a insegurança, porque a explora para se afirmar, mas gera os sentimentos que as pessoas menos precisam hoje. Os brasileiros precisam de uma economia que volte a crescer, que gere empregos, que de oportunidades para as pessoas. Precisam de governantes com legitimidade, que governem para todos.
Não bastasse tudo isso, uma delegação do governo faz uma viagem desastrosa aos EUA, pegando e espalhando vírus. O que de melhor o governo poderia fazer seria dissolver-se. Não faz falta. Só atrapalha. E daria lugar para o que pais saísse da quarentena atual mais forte, mais confiante, melhor, com um outro governo, que cuidasse do país e do seu povo, o que só pode se dar com o resgate da democracia.
Fonte: Brasil 247


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UMA REVISTA PRA CHAMAR DE NOSSA

Era novembro de 2014. Primeiro fim de semana. Plena campanha da Dilma. Fim de tarde na RPPN dele, a Linda Serra dos Topázios. Jaime e eu começamos a conversar sobre a falta que fazia termos acesso a um veículo independente e democrático de informação.

Resolvemos fundar o nosso. Um espaço não comercial, de resistência. Mais um trabalho de militância, voluntário, por suposto. Jaime propôs um jornal; eu, uma revista. O nome eu escolhi (ele queria Bacurau). Dividimos as tarefas. A capa ficou com ele, a linha editorial também.

Correr atrás da grana ficou por minha conta. A paleta de cores, depois de larga prosa, Jaime fechou questão – “nossas cores vão ser o vermelho e o amarelo, porque revista tem que ter cor de luta, cor vibrante” (eu queria verde-floresta). Na paz, acabei enfiando um branco.

Fizemos a primeira edição da Xapuri lá mesmo, na Reserva, em uma noite. Optamos por centrar na pauta socioambiental. Nossa primeira capa foi sobre os povos indígenas isolados do Acre: ‘Isolados, Bravos, Livres: Um Brasil Indígena por Conhecer”. Depois de tudo pronto, Jaime inventou de fazer uma outra boneca, “porque toda revista tem que ter número zero”.

Dessa vez finquei pé, ficamos com a capa indígena. Voltei pra Brasília com a boneca praticamente pronta e com a missão de dar um jeito de imprimir. Nos dias seguintes, o Jaime veio pra Formosa, pra convencer minha irmã Lúcia a revisar a revista, “de grátis”. Com a primeira revista impressa, a próxima tarefa foi montar o Conselho Editorial.

Jaime fez questão de visitar, explicar o projeto e convidar pessoalmente cada conselheiro e cada conselheira (até a doença agravar, nos seus últimos meses de vida, nunca abriu mão dessa tarefa). Daqui rumamos pra Goiânia, para convidar o arqueólogo Altair Sales Barbosa, nosso primeiro conselheiro. “O mais sabido de nóis,” segundo o Jaime.

Trilhamos uma linda jornada. Em 80 meses, Jaime fez questão de decidir, mensalmente, o tema da capa e, quase sempre, escrever ele mesmo. Às vezes, ligava pra falar da ótima ideia que teve, às vezes sumia e, no dia certo, lá vinha o texto pronto, impecável.

Na sexta-feira, 9 de julho, quando preparávamos a Xapuri 81, pela primeira vez em sete anos, ele me pediu para cuidar de tudo. Foi uma conversa triste, ele estava agoniado com os rumos da doença e com a tragédia que o Brasil enfrentava. Não falamos em morte, mas eu sabia que era o fim.

Hoje, cá estamos nós, sem as capas do Jaime, sem as pautas do Jaime, sem o linguajar do Jaime, sem o jaimês da Xapuri, mas na labuta, firmes na resistência. Mês sim, mês sim de novo, como você sonhava, Jaiminho, carcamos porva e, enfim, chegamos à nossa edição número 100. E, depois da Xapuri 100, como era desejo seu, a gente segue esperneando.

Fica tranquilo, camarada, que por aqui tá tudo direitim.

Zezé Weiss

P.S. Você que nos lê pode fortalecer nossa Revista fazendo uma assinatura: www.xapuri.info/assine ou doando qualquer valor pelo PIX: contato@xapuri.info. Gratidão!

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