Lúcio Terena Ancestralizou

O Covid leva mais uma grande liderança indígena… Lúcio Flores Terena faleceu na noite deste domingo, 10 de janeiro, levado por este vírus maldito, aos 66 anos de idade. Nascido na Aldeia Jaguapiru, na Reserva Indígena Federal de Dourados, Mato Grosso do Sul, Lúcio Terena dedicou sua vida à defesa da saúde indígena, ao estudo das plantas medicinais utilizadas pelos indígenas brasileiros, e à defesa dos direitos dos povos originários brasileiros. Nossos sentidos pêsames à sua esposa, Matilde Madicai, a seus familiares, ao Terena e a todos os povos indígenas do Brasil.

Meu pai sempre foi respeitado pela sua liderança e articulação indígena.

Em casa ele sempre foi um cara engraçado, se achava o gatão, lindão, magrão, lutador de boxe (no aquecimento para o banho), gostava de deitar no chão depois do almoço pra cochilar conosco, andava de mãos dadas comigo, era um amante da natureza e das pescarias, amava viajar, pé descalço sempre…
Era uma alma livre, não suportou ficar preso a uma cama e a um respirador, se libertou como sempre fez, resolveu voar… Vai pai, voa mais alto e mais longe! E daí, onde estiver, levanta novas lideranças, inspire novos desafios, nos veremos em breve.
E que o Grande ITUKOÓVIT te receba!

 

Nota de Pesar da APIB

A APIB está de Luto. Morreu no último domingo, 10 de janeiro do corrente, vítima da Covid – 19, aos 66 anos, o líder Lúcio Paiva Flores. Lúcio Terena, como era mais conhecido, nasceu na Aldeia Jaguapiru, no Estado Mato Grosso do Sul. Sociólogo e Mestre em Ciências da , nos anos 90, morando em Cuiabá, estado de Mato Grosso.

Fez parte da Diretoria do Conselho de Missão entre Índios (COMIN), depois mudou-se para Manaus – AM, onde trabalhou no Centro de Formação e no Departamento Etnoambiental da COIAB. Nos últimos 5 anos trabalhava, em Brasília, na Assessoria de Controle Social da Secretaria Especial de Saúde Indígena (SESAI).

Lúcio teve valiosas contribuições ao movimento indígena. Destacamos, dentre elas, a sua participação nas lutas que povos, organizações e lideranças indígenas enfrentaram para tornar realidade a criação, em 2010, da SESAI, e na formatação e execução do Projeto Gestão Ambiental de Terras Indígenas (GATI) iniciativa que visava impulsionar, depois, a Política Nacional de Gestão Territorial e Ambiental das Terras Indígenas (PNGATI).

A APIB, que perde mais um de suas lideranças para o Novo Coronavirus, manifesta a todos os familiares de Lucio Terena as suas condolências e solidariedade fraterna. E que o Pai Tupã os conforte. Descansa em paz querido Lúcio Terena.

Brasília, 11 de janeiro de 2021.

 

Nota de Pesar da Coiab

A Coordenação das Organizações Indígenas da Brasileira (COIAB) informa e lamenta profundamente o falecimento de nosso parente Lúcio Terena, ocorrido na noite deste domingo (10), em Brasília (DF), em decorrência da Covid-19.
“Seu Lúcio Terena”, assim chamado carinhosamente por nós, parente do povo Terena, da Terra Indígena Jaguapiru (MS), era escritor, teólogo, sociólogo e mestre em Ciência da Religião. Esteve conosco e com outras organizações indígenas em muitas lutas, era um diplomata nato.
Cumpriu a missão e deixou , como a discussão e construção da Política Nacional de Gestão Territorial e Ambiental de Terras Indígenas (PNGATI), assessorou o Departamento Etnoambiental da COIAB, coordenou o Centro Amazônico de Formação Indígena (CAFI), concorreu a Vice Coordenação da COIAB em 2013 e, atualmente, trabalhava na Assessoria do Controle Social da SESAI, em Brasília.
Estendemos nossos mais sinceros sentimentos a todo povo Terena, a sua esposa Matilde Bakairi, seus familiares e amigos.
Nossa gratidão ao nosso GRANDE e INESQUECÍVEL GUERREIRO, SEU LÚCIO TERENA!

Lucio Terena

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UMA REVISTA PRA CHAMAR DE NOSSA

Era novembro de 2014. Primeiro fim de semana. Plena campanha da Dilma. Fim de tarde na RPPN dele, a Linda Serra dos Topázios. Jaime e eu começamos a conversar sobre a falta que fazia termos acesso a um veículo independente e democrático de informação.

Resolvemos fundar o nosso. Um espaço não comercial, de resistência. Mais um trabalho de militância, voluntário, por suposto. Jaime propôs um jornal; eu, uma revista. O nome eu escolhi (ele queria Bacurau). Dividimos as tarefas. A capa ficou com ele, a linha editorial também.

Correr atrás da grana ficou por minha conta. A paleta de cores, depois de larga prosa, Jaime fechou questão – “nossas cores vão ser o vermelho e o amarelo, porque revista tem que ter cor de luta, cor vibrante” (eu queria verde-floresta). Na paz, acabei enfiando um branco.

Fizemos a primeira edição da Xapuri lá mesmo, na Reserva, em uma noite. Optamos por centrar na pauta socioambiental. Nossa primeira capa foi sobre os povos indígenas isolados do Acre: ‘Isolados, Bravos, Livres: Um Brasil Indígena por Conhecer”. Depois de tudo pronto, Jaime inventou de fazer uma outra boneca, “porque toda revista tem que ter número zero”.

Dessa vez finquei pé, ficamos com a capa indígena. Voltei pra Brasília com a boneca praticamente pronta e com a missão de dar um jeito de imprimir. Nos dias seguintes, o Jaime veio pra Formosa, pra convencer minha irmã Lúcia a revisar a revista, “de grátis”. Com a primeira revista impressa, a próxima tarefa foi montar o Conselho Editorial.

Jaime fez questão de visitar, explicar o projeto e convidar pessoalmente cada conselheiro e cada conselheira (até a doença agravar, nos seus últimos meses de vida, nunca abriu mão dessa tarefa). Daqui rumamos pra Goiânia, para convidar o arqueólogo Altair Sales Barbosa, nosso primeiro conselheiro. “O mais sabido de nóis,” segundo o Jaime.

Trilhamos uma linda jornada. Em 80 meses, Jaime fez questão de decidir, mensalmente, o tema da capa e, quase sempre, escrever ele mesmo. Às vezes, ligava pra falar da ótima ideia que teve, às vezes sumia e, no dia certo, lá vinha o texto pronto, impecável.

Na sexta-feira, 9 de julho, quando preparávamos a Xapuri 81, pela primeira vez em sete anos, ele me pediu para cuidar de tudo. Foi uma conversa triste, ele estava agoniado com os rumos da doença e com a tragédia que o Brasil enfrentava. Não falamos em morte, mas eu sabia que era o fim.

Hoje, cá estamos nós, sem as capas do Jaime, sem as pautas do Jaime, sem o linguajar do Jaime, sem o jaimês da Xapuri, mas na labuta, firmes na resistência. Mês sim, mês sim de novo, como você sonhava, Jaiminho, carcamos porva e, enfim, chegamos à nossa edição número 100. E, depois da Xapuri 100, como era desejo seu, a gente segue esperneando.

Fica tranquilo, camarada, que por aqui tá tudo direitim.

Zezé Weiss

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