Cachoeira do Garimpão

Chapada dos Veadeiros: Santuário Ecológico da Humanidade

Chapada dos Veadeiros: Santuário Ecológico da Humanidade

Por Alexandre Saldanha

A cerca de 230 km de Brasília, a  capital do Brasil, sentido nordeste,  encontramos uma das formações mais antigas do continente Sul-Americano em território brasileiro: a Chapada dos Veadeiros.

Parte da Serra Geral que conecta os estados de Goiás, Bahia e Tocantins, a Chapada dos Veadeiros abriga uma paisagem savânica de abundante biodiversidade.  Berço de nascentes que vertem água para a principais bacias hidrográficas brasileiras, a Chapada também abriga uma Reserva da Biosfera que une povos tradicionais e patrimônios naturais, tendo o Parque Nacional da Chapada dos Veadeiros como um exemplo.

O cume da Chapada dos Veadeiros, que é também o  pico mais alto do Planalto Central brasileiro, encontra-se na região do Pouso Alto, onde atinge 1675 metros de altura e localiza-se a aproximadamente a 10 km da cidade de Alto Paraíso.

O PARQUE NACIONAL DA CHAPADA DOS VEADEIROS

Com uma área de 62 mil hectares,  o Parque Nacional da Chapada dos Veadeiros tem sua entrada pela Vila de São Jorge, um povoado de 700 habitante, originado  a partir do garimpo do cristal, e que a partir de São Jorge se espraia pelas veredas, sendo considerado pela UNESCO como “um santuário da vida silvestre de grande relevância para a humanidade.”

Na época da seca,  oferece  as trilhas dos Saltos/Corredeiras, Cânions/Cariocas,  com 10 km de caminhada ( 5 km ida e 5 km volta) e 7 Quedas, uma trilha que compreende 23 km de caminhada, e que pode ser feita com pernoite dentro da Unidade de .

 

ALTO  PARAÍSO E O MOSAICO DA CHAPADA DOS VEADEIROS 

Entre matas de galerias, cachoeiras e veredas, o chamado mosaico da Chapada é composto por oito cidades: Alto Paraíso de Goiás, São João da Aliança, Teresina de Goiás, Colinas do Sul, Cavalcante, Campos Belos, Monte  Alegre e Nova Roma.

Tida como a  “capital” da Chapada, a cidadezinha  de Alto Paraíso de Goiás tem uma pacata povoação de 7 mil habitantes de forte cunho místico. Ponto central do  ecoturismo local, abriga diversas terapias holísticas, centros de yoga, de consciência do alimento orgânico e da qualidade de vida.

Cortada pelo Paralelo 14, linha imaginária que atravessa o globo em pontos de energia do planeta,  como por exemplo Machu Pichu, Alto Paraíso atrai pessoas do todo em torno de experiências místicas e ufológicas. Daí que sua principal fonte de é o ecoturismo, seguido pela agricultura familiar e o setor de serviços.

CAVALCANTE E OS POVOS KALUNGA 

Nas proximidades de Cavalcante, cidade-mãe que originou todo o povoamento da região,   atualmente com cerca de 10 mil habitantes, encontramos a comunidade quilombola do povo Kalunga, Sítio Histórico do nosso ,  compreende uma área de aproximadamente 123 mil hectares, onde vive uma  população de afrodescendentes que se organiza de forma tradicional,  em meio a um Cerrado nativo preservado e inúmeras cachoeiras.

Com ritos e manifestações próprias de sua renitente cultura ancestral, os Kalunga detêm um profundo conhecimento sobre raízes, ervas e caminhos de sua região montanhosa. Dentre suas comunidades, encontra-se a do Engenho II,  mundialmente conhecida por ser a guardiã da belíssima, transparente e esverdeada  Cachoeira Santa Barbara.

COMO EXPLORAR, EM SEGURANÇA,  OS MISTÉRIOS DA CHAPADA

A região proporciona diversos tipos de atrativos naturais,  com graus diferenciados  de dificuldade tanto quanto à  como à distância de caminhada. Desfrutar do ambiente natural em equilíbrio e harmonia com o meio é tarefa  de cada viajante consciente. Pode-se, porém, explorar a Chapada dos Veadeiros com a ajuda de profissionais locais.

Para melhor conhecer a região,  recomenda-se a contratação de um guia local,  que pode ser agendado antecipadamente ou encontrado nos Centros de Atendimento ao Turismo (CAT) das cidades ou vilas. Garantir esse apoio é  sempre uma boa opção para quem quer mais informação e segurança nos passeios.

Em minha viagem, contei com o de um profissional e qualificado, o serviço do guia Victor Vieira (Instagram: @rotasdachapada; E-Mail: rotasdachapada@gmail.com; Zap:(62) 99825-1626.)

Nossa equipe contou com o apoio do Victor por maravilhosos 7 dias na Chapada dos Veadeiros e, por sair muito satisfeita, o recomenda.  Dentre os locais fantásticos que nos foram apresentados por Victor, destacamos:

CATARATA DOS COUROS

Sequência de cânions e cachoeiras cortada pelo rio dos Couros,  onde se pode ver dimensão  e força da savana brasileira.  Localizada a cerca de a51 km da cidade de Alto Paraíso de Goiás em direção a Brasília, para alcançá-la é preciso fazer uma caminhada de 3 km de distância, com com grau de dificuldade médio.

 

CACHOEIRA SANTA BARBARA

Localizada a cerca de 30 km de Cavalcante, Santa Bárbara é a mais conhecida das estimadas 1 mil cachoeiras do território Kalunga.  Para banhar-se em  suas águas verdes e transparentes, é preciso fazer uma caminhada leve de 900 metros. Oacesso é fácil, ideal para todas as idades.

FAZENDA VOLTA DA SERRA – Cachoeira Cordovil + Poço das Emeraldas

Localizada no km 72 da GO 239, que liga o município de Alto Paraíso de Goiás a Vila de São Jorge, compreende uma Reserva Particular do Patrimônio Natural (RPPN) com grande relevância em recursos hídricos e espécies da fauna e flora. O circuito de cachoeiras proporciona rara beleza, tanto pela caminhada nos platôs dos chapadões,  como pelas ótimas piscinas para banho.

Além disso,  a fazenda possuiu sistemas agroflorestais que conciliam o desenvolvimento da apicultura e cafeicultura,  em consórcio com o cerrado nativo. Possui chalés e espaço para camping onde se pode ter belos contatos com a .

 

FAZENDA BARREIRO DA ONÇA 

Outra fazenda muito interessante, a  “Barreiro da Onça”,  encontra-se localizada a cerca de 30 km de Alto Paraíso,  em direção a região do . Nela, você pode fazer uma e uma caminhada de 15 km (7,5 km ida e 7,5 km volta) com grande chance de observar grande movimento da fauna, em especial das aves endêmicas do Cerrado,  como o Sanhaço de (Piranga flava) o Socozinho (Butorides striata) e o Urubu Rei (Sarcopamphus papa). É lá, entre  matas de galeria e secas, que você vai se  deliciar com a visão de uma cachoeira de 110 metros de queda, vossa majestade, a Simão Correia!


Capa de  Victor Vieira. Mais fotos do Vítor podem ser encontradas no seu perfil no instagram.


 
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UMA REVISTA PRA CHAMAR DE NOSSA

Era novembro de 2014. Primeiro fim de semana. Plena campanha da Dilma. Fim de tarde na RPPN dele, a Linda Serra dos Topázios. Jaime e eu começamos a conversar sobre a falta que fazia termos acesso a um veículo independente e democrático de informação.

Resolvemos fundar o nosso. Um espaço não comercial, de resistência. Mais um trabalho de militância, voluntário, por suposto. Jaime propôs um jornal; eu, uma revista. O nome eu escolhi (ele queria Bacurau). Dividimos as tarefas. A capa ficou com ele, a linha editorial também.

Correr atrás da grana ficou por minha conta. A paleta de cores, depois de larga prosa, Jaime fechou questão – “nossas cores vão ser o vermelho e o amarelo, porque revista tem que ter cor de luta, cor vibrante” (eu queria verde-floresta). Na paz, acabei enfiando um branco.

Fizemos a primeira edição da Xapuri lá mesmo, na Reserva, em uma noite. Optamos por centrar na pauta socioambiental. Nossa primeira capa foi sobre os povos indígenas isolados do Acre: ‘Isolados, Bravos, Livres: Um Brasil Indígena por Conhecer”. Depois de tudo pronto, Jaime inventou de fazer uma outra boneca, “porque toda revista tem que ter número zero”.

Dessa vez finquei pé, ficamos com a capa indígena. Voltei pra Brasília com a boneca praticamente pronta e com a missão de dar um jeito de imprimir. Nos dias seguintes, o Jaime veio pra Formosa, pra convencer minha irmã Lúcia a revisar a revista, “de grátis”. Com a primeira revista impressa, a próxima tarefa foi montar o Conselho Editorial.

Jaime fez questão de visitar, explicar o projeto e convidar pessoalmente cada conselheiro e cada conselheira (até a doença agravar, nos seus últimos meses de vida, nunca abriu mão dessa tarefa). Daqui rumamos pra Goiânia, para convidar o arqueólogo Altair Sales Barbosa, nosso primeiro conselheiro. “O mais sabido de nóis,” segundo o Jaime.

Trilhamos uma linda jornada. Em 80 meses, Jaime fez questão de decidir, mensalmente, o tema da capa e, quase sempre, escrever ele mesmo. Às vezes, ligava pra falar da ótima ideia que teve, às vezes sumia e, no dia certo, lá vinha o texto pronto, impecável.

Na sexta-feira, 9 de julho, quando preparávamos a Xapuri 81, pela primeira vez em sete anos, ele me pediu para cuidar de tudo. Foi uma conversa triste, ele estava agoniado com os rumos da doença e com a tragédia que o Brasil enfrentava. Não falamos em morte, mas eu sabia que era o fim.

Hoje, cá estamos nós, sem as capas do Jaime, sem as pautas do Jaime, sem o linguajar do Jaime, sem o jaimês da Xapuri, mas na labuta, firmes na resistência. Mês sim, mês sim de novo, como você sonhava, Jaiminho, carcamos porva e, enfim, chegamos à nossa edição número 100. E, depois da Xapuri 100, como era desejo seu, a gente segue esperneando.

Fica tranquilo, camarada, que por aqui tá tudo direitim.

Zezé Weiss

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