A LEITURA COMO INSTRUMENTO NA RESSOCIALIZAÇÃO DOS APENADOS

A leitura como instrumento de ressocialização das pessoas apenadas

A leitura como instrumento de ressocialização das pessoas apenadas – O artigo tem por finalidade esmiuçar as condições de progressões penais por meio de políticas educacionais e de alfabetização, por meio de leis e decretos que tornaram possíveis a recondução de pessoas condenadas à em sociedade por meio de incentivo, aprendizagem e recolocação na vida social através da leitura

Por Eduardo Alves de Araújo

Para encontrar os resultados dos questionamentos aqui apresentados, analisamos os programas existentes, com enfoque no “Ler Liberta”, programa existente no Distrito Federal; além de buscar respostas nos estudiosos da e um breve histórico do contexto social em que a comunidade carcerária está inserida e as condições de educação que fazem parte dessa realidade. Por fim, o conclui que os programas de acesso à leitura são necessários como mecanismos transformadores da sociedade que se encontra com restrição e, como dito por um dos estudiosos citados: “transformar a realidade histórica é papel do oprimido” e o acesso aos é um dos meios para essa transformação.

São diversos os problemas da educação no . Mais do que os problemas, a falta de perspectivas e de respostas do poder público para resolver as demandas da sociedade se esbarram na imensa burocracia e má querência quando se trata de encontrar soluções para os problemas que estão à vista. Tentamos explorar as conjunturas e percalços que perpassam qualquer possibilidade de inserção e melhorias no acesso à leitura dentro do sistema carcerário brasileiro e suas consequências.

Mais do que isso, criamos um paralelo histórico das condições sociais dos encarcerados, como a sociedade enxerga e se dispõe a resolver o problema social dessa classe. Na tentativa de elucidar e apontar saídas, visitamos alguns estudiosos que tiveram a sensibilidade de buscar mecanismos e formas que atinjam o objetivo principal quando se dá a inserção da leitura e da educação.

Para isso, fomos atrás do método utilizado por Paulo Freire que destrinchou a aproximação da educação dentro da realidade do educando. Com isso, o interesse e a vontade de aprender muda de foco e obriga os especialistas educacionais a aprimorarem o ensino que praticam para aumentar o alcance do que ensinam. Numa sociedade que pouco lê ou que não tem acesso a livros, encontrar esse paralelo, reforçar a necessidade de que profissionais da área de educação estejam inseridos na realidade dos alunos eleva o papel do pedagogo e de toda a cadeia educacional a fim de mudar a realidade dos apenados no Brasil.

A abordagem feita nesse documento sobre a inserção da leitura nos meios prisionais do Brasil tem por objetivo instigar a discussão do tema e analisar o que já foi feito, bem como o que se espera dos entes da sociedade na compreensão e busca de soluções que possam trazer respostas à demandado tema debatido. A preocupação maior foi mostrar os programas que estão em funcionamento, analisar o ambiente social da população carcerária e como a sociedade, de forma geral, compreende o papel do  ressocializado após cumprimento das penas.

Diante das intenções e preocupações abordadas no texto, o mesmo nos leva a algumas reflexões: há efetividade nesses
programas? A sociedade tem mesmo conhecimento da importância dos projetos de ressocialização, colaborando para que esta seja efetiva? Qual a visão que o apenado tem desses projetos? Se sente ressocializado? Ou tudo o que é elaborado, pensado, construído é apenas o cumprimento legal do que se espera de atitudes humanas para o humano? Por fim, este texto procura evidenciar que entre teoria e prática no sistema de ressocialização prisional há muito o que se questionar e reavaliar, há lacunas entre o que se pretende e o que se alcança, há debates necessários no contexto social sobre o papel que todos devem assumir nesse contexto que é responsabilidade de todos, enfim, o texto aponta a necessidade de pesquisas e debates mais aprofundados sobre esta temática.
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Eduardo Crasco

Eduardo Alves de Araújo (Eduardo Crasco) é de Portuguesa na Secretaria de de Educação do Distrito Federal, escritor e pesquisador da leitura em vários espaços sociais. É também colaborador da Alaneg/RIDE – Academia de Letras e Artes do Nordeste Goiano/RIDE e da Xapuri – site e revista.

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UMA REVISTA PRA CHAMAR DE NOSSA

Era novembro de 2014. Primeiro fim de semana. Plena campanha da Dilma. Fim de tarde na RPPN dele, a Linda Serra dos Topázios. Jaime e eu começamos a conversar sobre a falta que fazia termos acesso a um veículo independente e democrático de informação.

Resolvemos fundar o nosso. Um espaço não comercial, de resistência. Mais um trabalho de militância, voluntário, por suposto. Jaime propôs um jornal; eu, uma revista. O nome eu escolhi (ele queria Bacurau). Dividimos as tarefas. A capa ficou com ele, a linha editorial também.

Correr atrás da grana ficou por minha conta. A paleta de cores, depois de larga prosa, Jaime fechou questão – “nossas cores vão ser o vermelho e o amarelo, porque revista tem que ter cor de luta, cor vibrante” (eu queria verde-floresta). Na paz, acabei enfiando um branco.

Fizemos a primeira edição da Xapuri lá mesmo, na Reserva, em uma noite. Optamos por centrar na pauta socioambiental. Nossa primeira capa foi sobre os povos indígenas isolados do Acre: ‘Isolados, Bravos, Livres: Um Brasil Indígena por Conhecer”. Depois de tudo pronto, Jaime inventou de fazer uma outra boneca, “porque toda revista tem que ter número zero”.

Dessa vez finquei pé, ficamos com a capa indígena. Voltei pra Brasília com a boneca praticamente pronta e com a missão de dar um jeito de imprimir. Nos dias seguintes, o Jaime veio pra Formosa, pra convencer minha irmã Lúcia a revisar a revista, “de grátis”. Com a primeira revista impressa, a próxima tarefa foi montar o Conselho Editorial.

Jaime fez questão de visitar, explicar o projeto e convidar pessoalmente cada conselheiro e cada conselheira (até a doença agravar, nos seus últimos meses de vida, nunca abriu mão dessa tarefa). Daqui rumamos pra Goiânia, para convidar o arqueólogo Altair Sales Barbosa, nosso primeiro conselheiro. “O mais sabido de nóis,” segundo o Jaime.

Trilhamos uma linda jornada. Em 80 meses, Jaime fez questão de decidir, mensalmente, o tema da capa e, quase sempre, escrever ele mesmo. Às vezes, ligava pra falar da ótima ideia que teve, às vezes sumia e, no dia certo, lá vinha o texto pronto, impecável.

Na sexta-feira, 9 de julho, quando preparávamos a Xapuri 81, pela primeira vez em sete anos, ele me pediu para cuidar de tudo. Foi uma conversa triste, ele estava agoniado com os rumos da doença e com a tragédia que o Brasil enfrentava. Não falamos em morte, mas eu sabia que era o fim.

Hoje, cá estamos nós, sem as capas do Jaime, sem as pautas do Jaime, sem o linguajar do Jaime, sem o jaimês da Xapuri, mas na labuta, firmes na resistência. Mês sim, mês sim de novo, como você sonhava, Jaiminho, carcamos porva e, enfim, chegamos à nossa edição número 100. E, depois da Xapuri 100, como era desejo seu, a gente segue esperneando.

Fica tranquilo, camarada, que por aqui tá tudo direitim.

Zezé Weiss

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