Ecoou mata afora: “Vou pra Xapuri ao encontro da morte“
Por Alma Acreana
“Não quero flores no meu enterro, pois sei que irão arrancá-las da floresta. Quero apenas que o meu assassinato sirva para acabar com a impunidade dos jagunços sob a proteção da Polícia Federal do Acre que, de 1975 para cá, já mataram mais de 50 pessoas como eu, líderes seringueiros empenhados em defender a floresta amazônica e fazer dela um exemplo de que é possível progredir sem destruir.
Adeus, foi um prazer. Vou para Xapuri ao encontro da morte, pois dela ninguém se livra, tenho certeza. Não sou fatalista, apenas realista. Já denunciei quem quer me matar e nenhuma providência foi ou será tomada. O delegado da PF do Acre, Mauro Spósito, me persegue não é de hoje.
E não tenho nenhuma dúvida de que os pistoleiros levarão a melhor por um motivo: o delegado mandou cassar meu porte de arma, sob a alegação de que tenho ligações com uma entidade ‘alienígena’ e ‘comunizante’. É a Fundação Ford, dos Estados Unidos. Veja só.”
5 dez. 88, em Piracicaba-SP
A mensagem de despedida de Chico Mendes foi retirada do livro “Chico Mendes por ele mesmo” (São Paulo: Martin Claret, 1992) p.114-115. No vídeo, canta o saudoso e talentoso músico acreano TIÃO NATUREZA.
Chico Mendes foi assassinado às 18 horas e 45 minutos do dia 22 de Dezembro de 1988, à porta da cozinha de sua casa, em Xapuri – AC. Além das dezoito perfurações no braço, ele fora atingido no peito direito por 42 grãos de chumbo.
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