Buongiorno, Pantanal
Quando o mateiro Xeréu Trindade pegava na viola e a tocava, a música “Chalana” parecia trazer o Pantanal Mato-grossense pra dentro dos lares brasileiros, com seus ruídos, cheiros e cores…
Por Jaime Sautchuk
Contudo, antes de fazer parte da trilha sonora da novela Pantanal, da extinta Rede Manchete, em 1990, na voz do ator (e cantor, violeiro, compositor) Almir Sater, a música já tinha muita história.
A mais intrigante, talvez, é uma contada pelo próprio Sater, tido e havido como seu autor. O fato é que ele iria interpretar o personagem Xeréu na trama, e num dos ensaios antes de a novela ir ao ar, seu diretor, Jayme Monjardim, chegou com uma fita e a jogou em seu colo, anunciando:
– “O Xeréu vai cantar essa música aí, pode ir treinando”.
Assim, Sater ouviu pela primeira vez “Chalana”, composta por Mário Giovanni Zandomeneghi, ou apenas Mário Zan, sanfoneiro nascido na Itália, que virou paulistano por adoção e caipira por vocação.
São dele, também, outros clássicos pantaneiros, como “Siriema”, e grande parte das rancheiras, xotes e valseados que animam as festas juninas de norte a sul do país, dos bochinchos gaúchos aos forrozões nordestinos, como os de Campina Grande (PB) e Caruaru (PE).
Mário nasceu em 1920, veio pro Brasil aos 4 anos e passou a vida toda em São Paulo, capital, sua base. Morreu em 2006, aos 86 anos.
CHALANA
Lá vai uma chalana, bem longe se vai
Riscando o remanso do Rio Paraguai
Oh chalana, sem querer, tu aumentas minha dor
Nessas águas tão serenas vais levando o meu amor
E assim ela se foi, nem de mim se despediu
A chalana vai sumindo lá na curva do rio
E se ela vai magoada eu bem sei que tem razão
Fui ingrato, eu feri o seu meigo coração
SIRIEMA
Oh! Siriema do Mato Grosso
Teu canto triste me faz lembrar
Daqueles tempos que eu viajava
Tenho saudade do teu cantar (2x)
Maracaju, Ponta-porã,
Quero voltar ao meu sertão
Rever os campos que eu conheci
E a siriema, eu quero ir
Oh! siriema, quando tu cantas
de Mato Grosso a saudade vem
Oh! siriema quando tu choras e vai embora
Eu chorava também
Maracaju, Ponta-porã,
Quero voltar ao meu sertão
Rever o campos que eu conheci
Oh! siriema, eu quero ir
NOTA DA REDAÇÃO: Há exatamente um ano, no dia 14 de julho de 2021, nosso editor-chefe, Jaime Sautchuk, embarcou nas asas da quimera, para ser estrela em alguma constelação de esperança, em algum jardim distante, nos insondáveis mistérios do infinito. Neste primeiro aniversário da partida de Jaime do espaço físico deste mundo, além da saudade infinita, pra você, Jaime, a certeza de que estamos fazendo o possível para fazer valer seu legado: A Vida é Dez!