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Do Arraial de Santo Antônio ao Arraial de Couros

Do Arraial de Santo Antônio ao Arraial de Couros

Do Arraial de Santo Antônio ao Arraial de Couros

Não é muito difícil, hoje, imaginar a primeira rua de casas, com a aparência de rua verdadeira, no arraial de Couros.

Por Alfredo A. Saad

Diz a lenda que, tangidos pelas doenças que assolavam o Arraial de Santo Antônio, nas proximidades da Cachoeira do Itiquira, no Vão do Paranã, os habitantes reuniram suas coisas, seus cacaréus e mudaram-se para um sítio mais saudável – o local onde hoje se ergue Formosa.

 Na verdade, a mudança e o consequente abandono de Santo Antônio devem, sim, ter sido motivado, em parte, pelas doenças, malária, em especial, muito comum na região do Paranã, mas, principalmente, deve ter-se realizado, porque a proximidade do Registro da Lagoa Feia certamente tornaria possível melhores negócios para quem vivia do comércio de peles de animais, de carne seca e de couro de gado.

 Aquele era o local de pouso dos tropeiros, vindos da Bahia, de Carinhanha e Barreiras e de outros locais, às margens do rio São Francisco, e de Minas Gerais, de Paracatu e arredores, rumo aos garimpos de Vila Boa, de Meia Ponte, de Santa Luzia e de Cuiabá – e, também, daqueles que, vindos desses lugares, demandavam os garimpos de Cavalcante e os currais daquelas regiões da Bahia.

Pode-se deduzir que os tropeiros, vindos do sul, depois de 1750, aproximadamente, não conduzissem gado, pois este já era criado no Vale do Paranã, senão, como conseguiriam os habitantes do Arraial de Couros os couros que negociavam? Mas é seguro admitir que o escambo era feito na base do couro de gado e carne seca, produzidos na região, e de peles de animais silvestres por sal, ferragens e tecidos, trazidos do litoral.

Quando o Urbano do Couro passou pela Lagoa Feia, a região deveria já ser habitada, não por garimpeiros, pois ali não havia ouro, ou cristais, mas por pescadores e por criadores, forçosamente necessitados de sal, de aquisição tão difícil na região.


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UMA REVISTA PRA CHAMAR DE NOSSA

Era novembro de 2014. Primeiro fim de semana. Plena campanha da Dilma. Fim de tarde na RPPN dele, a Linda Serra dos Topázios. Jaime e eu começamos a conversar sobre a falta que fazia termos acesso a um veículo independente e democrático de informação.

Resolvemos fundar o nosso. Um espaço não comercial, de resistência. Mais um trabalho de militância, voluntário, por suposto. Jaime propôs um jornal; eu, uma revista. O nome eu escolhi (ele queria Bacurau). Dividimos as tarefas. A capa ficou com ele, a linha editorial também.

Correr atrás da grana ficou por minha conta. A paleta de cores, depois de larga prosa, Jaime fechou questão – “nossas cores vão ser o vermelho e o amarelo, porque revista tem que ter cor de luta, cor vibrante” (eu queria verde-floresta). Na paz, acabei enfiando um branco.

Fizemos a primeira edição da Xapuri lá mesmo, na Reserva, em uma noite. Optamos por centrar na pauta socioambiental. Nossa primeira capa foi sobre os povos indígenas isolados do Acre: ‘Isolados, Bravos, Livres: Um Brasil Indígena por Conhecer”. Depois de tudo pronto, Jaime inventou de fazer uma outra boneca, “porque toda revista tem que ter número zero”.

Dessa vez finquei pé, ficamos com a capa indígena. Voltei pra Brasília com a boneca praticamente pronta e com a missão de dar um jeito de imprimir. Nos dias seguintes, o Jaime veio pra Formosa, pra convencer minha irmã Lúcia a revisar a revista, “de grátis”. Com a primeira revista impressa, a próxima tarefa foi montar o Conselho Editorial.

Jaime fez questão de visitar, explicar o projeto e convidar pessoalmente cada conselheiro e cada conselheira (até a doença agravar, nos seus últimos meses de vida, nunca abriu mão dessa tarefa). Daqui rumamos pra Goiânia, para convidar o arqueólogo Altair Sales Barbosa, nosso primeiro conselheiro. “O mais sabido de nóis,” segundo o Jaime.

Trilhamos uma linda jornada. Em 80 meses, Jaime fez questão de decidir, mensalmente, o tema da capa e, quase sempre, escrever ele mesmo. Às vezes, ligava pra falar da ótima ideia que teve, às vezes sumia e, no dia certo, lá vinha o texto pronto, impecável.

Na sexta-feira, 9 de julho, quando preparávamos a Xapuri 81, pela primeira vez em sete anos, ele me pediu para cuidar de tudo. Foi uma conversa triste, ele estava agoniado com os rumos da doença e com a tragédia que o Brasil enfrentava. Não falamos em morte, mas eu sabia que era o fim.

Hoje, cá estamos nós, sem as capas do Jaime, sem as pautas do Jaime, sem o linguajar do Jaime, sem o jaimês da Xapuri, mas na labuta, firmes na resistência. Mês sim, mês sim de novo, como você sonhava, Jaiminho, carcamos porva e, enfim, chegamos à nossa edição número 100. E, depois da Xapuri 100, como era desejo seu, a gente segue esperneando.

Fica tranquilo, camarada, que por aqui tá tudo direitim.

Zezé Weiss

P.S. Você que nos lê pode fortalecer nossa Revista fazendo uma assinatura: www.xapuri.info/assine ou doando qualquer valor pelo PIX: contato@xapuri.info. Gratidão!

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