Procura
Fechar esta caixa de pesquisa.
FOGO NO LINHÃO

FOGO NO LINHÃO

Fogo no Linhão 

Região por onde passa o traçado da linha de transmissão entre e Porto Velho é ocupada por propriedades rurais, que fazem uso do para limpar roçados e pastagens. Geração podem ter provocado apagão no Acre e em Rondônia. Produção de energia também pode ficar comprometida por causa da do Madeira.

Fabio Pontes – dos varadouros de Rio Branco

O apagão que deixou o Acre e Rondônia sem energia elétrica ontem (22) à tarde pode ter acontecido por influência das queimadas próximas às linhas de transmissão (o linhão) que alimentam os dois estados. É o que afirma o Operador Nacional do Sistema (ONS) em comunicado emitido nesta sexta-feira (23).

Localizado às margens da BR-364, o linhão passa por dentro de grandes fazendas de gado e soja, além de outras propriedades rurais. Nesta época do ano, a região é intensamente impactada pelas queimadas usadas para a limpeza de roçados e pastagens.

Em 2024, Acre e Rondônia convivem com quantidades elevadas no registro de queimadas – e de . Segundo dados do Laboratório de Geoprocessamento Aplicado ao (Labgama), da Ufac, a maior área atingida pela ação do fogo neste ano está em Acrelândia, com 218 hectares.

O município fica na divisa com Rondônia, e é um dos principais corredores do linhão. Em todo o Acre, até o dia 16 de agosto, já tinham sido registrados 32.960 hectares de cicatrizes de queimadas.

Segundo os dados do Inpe, no acumulado de 2024, a Amazônia Legal já registrou 45.742 focos de queimadas. Entre os nove estados da região, Rondônia e Acre ocupam as quinta e sexta posições – respectivamente. Rondônia registra 4.654 focos, enquanto o Acre 1.883.

Além das queimadas, o sul da Ocidental ainda convive com os efeitos de uma seca severa e altas temperaturas. O apagão de ontem aconteceu no momento de calor mais intenso no Acre. Era por volta das 14h45 quando o fornecimento de energia foi interrompido.

A princípio, pensava-se ser mais uma das frequentes quedas de energia típicas da região. O calor extremo eleva o consumo de energia, já que as pessoas passam a usar mais ar-condicionado, o que deixa o sistema sobrecarregado.

Minutos após a interrupção, a empresa responsável pela distribuição informou que a queda era um problema no Sistema Interligado Nacional (SIN), e que a energia só voltaria após ações do ONS, em .

A Energisa disse não ter horário para o restabelecimento, o que aconteceu por volta das 19h do Acre. Após o apagão, o governo criou uma sala de situação para monitorar e acelerar a retomada dos serviços.

Logo depois, o ministro de Minas e Energia, Alexandre Silveira, afirmou que o problema foi na transmissão e que as causas estão sendo investigadas pelo ONS.

FOGO NO LINHÃO
Ségio Vale

As usinas do Madeira

Outro problema que pode vir a impactar a geração e distribuição de energia para os dois estados é o baixo volume do rio Madeira, que alimenta as usinas hidrelétricas de Jirau e Santo Antônio. Ano passado, pelo motivo, elas precisam reduzir suas capacidades operacionais pelo nível crítico de vazante do manancial. Em 2024, o Madeira apresenta níveis abaixo do normal para esta época e deixa as duas usinas em alerta

Fogo no Linhão 

Deixe um comentário

O seu endereço de e-mail não será publicado. Campos obrigatórios são marcados com *

UMA REVISTA PRA CHAMAR DE NOSSA

Era novembro de 2014. Primeiro fim de semana. Plena campanha da Dilma. Fim de tarde na RPPN dele, a Linda Serra dos Topázios. Jaime e eu começamos a conversar sobre a falta que fazia termos acesso a um veículo independente e democrático de informação.

Resolvemos fundar o nosso. Um espaço não comercial, de resistência. Mais um trabalho de militância, voluntário, por suposto. Jaime propôs um jornal; eu, uma revista. O nome eu escolhi (ele queria Bacurau). Dividimos as tarefas. A capa ficou com ele, a linha editorial também.

Correr atrás da grana ficou por minha conta. A paleta de cores, depois de larga prosa, Jaime fechou questão – “nossas cores vão ser o vermelho e o amarelo, porque revista tem que ter cor de luta, cor vibrante” (eu queria verde-floresta). Na paz, acabei enfiando um branco.

Fizemos a primeira edição da Xapuri lá mesmo, na Reserva, em uma noite. Optamos por centrar na pauta socioambiental. Nossa primeira capa foi sobre os povos indígenas isolados do Acre: ‘Isolados, Bravos, Livres: Um Brasil Indígena por Conhecer”. Depois de tudo pronto, Jaime inventou de fazer uma outra boneca, “porque toda revista tem que ter número zero”.

Dessa vez finquei pé, ficamos com a capa indígena. Voltei pra Brasília com a boneca praticamente pronta e com a missão de dar um jeito de imprimir. Nos dias seguintes, o Jaime veio pra Formosa, pra convencer minha irmã Lúcia a revisar a revista, “de grátis”. Com a primeira revista impressa, a próxima tarefa foi montar o Conselho Editorial.

Jaime fez questão de visitar, explicar o projeto e convidar pessoalmente cada conselheiro e cada conselheira (até a doença agravar, nos seus últimos meses de vida, nunca abriu mão dessa tarefa). Daqui rumamos pra Goiânia, para convidar o arqueólogo Altair Sales Barbosa, nosso primeiro conselheiro. “O mais sabido de nóis,” segundo o Jaime.

Trilhamos uma linda jornada. Em 80 meses, Jaime fez questão de decidir, mensalmente, o tema da capa e, quase sempre, escrever ele mesmo. Às vezes, ligava pra falar da ótima ideia que teve, às vezes sumia e, no dia certo, lá vinha o texto pronto, impecável.

Na sexta-feira, 9 de julho, quando preparávamos a Xapuri 81, pela primeira vez em sete anos, ele me pediu para cuidar de tudo. Foi uma conversa triste, ele estava agoniado com os rumos da doença e com a tragédia que o Brasil enfrentava. Não falamos em morte, mas eu sabia que era o fim.

Hoje, cá estamos nós, sem as capas do Jaime, sem as pautas do Jaime, sem o linguajar do Jaime, sem o jaimês da Xapuri, mas na labuta, firmes na resistência. Mês sim, mês sim de novo, como você sonhava, Jaiminho, carcamos porva e, enfim, chegamos à nossa edição número 100. E, depois da Xapuri 100, como era desejo seu, a gente segue esperneando.

Fica tranquilo, camarada, que por aqui tá tudo direitim.

Zezé Weiss

P.S. Você que nos lê pode fortalecer nossa Revista fazendo uma assinatura: www.xapuri.info/assine ou doando qualquer valor pelo PIX: contato@xapuri.info. Gratidão!

PARCERIAS

CONTATO

logo xapuri

posts relacionados

REVISTA