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GUARANI MBYA: OS GUARDIÕES DO MILHO

GUARANI MBYA: OS GUARDIÕES DO MILHO

Guarani Mbya: os guardiões do milho

O milho é alimento para os Mbya, povos de tradição milenar, presentes na região oriental do Paraguai, no da Argentina, e nas proximidades de Montevidéu, no Uruguai.

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No , os Mbya, cujo nome se traduz simplesmente por “gente”, vivem sobretudo em aldeias situadas nos estados do Sul – Paraná, Santa Catarina, Rio Grande do Sul – e Sudeste – , Rio de Janeiro e Espírito Santo –, em comunidades junto às regiões montanhosas do que restou da Mata Atlântica.

Dentre os grupos indígenas Guarani, os Mbya são os que ocupam, com continuidade, as principais áreas do litoral Atlântico. Ao realizar suas caminhadas em busca da terra sem mal (yvy marãey), ou da terra perfeita (yvyju miri), essas comunidades vão mantendo e recriando suas tradições em cada “novo lugar”, dentre elas a plantação de suas roças de milho.

MITOS E LENDAS

Os Guarani Mbya se consideram os guardiões do milho, buscando defender as condições territoriais para plantarem este alimento sagrado. Para tanto, a tekoá (lugar onde os Guarani Mbya vivem seu modo de ser) precisa ter condições de plantio e, além disso, um tamanho considerável.

Segundo a Funai, para os Mbya, alimentar-se com o milho guarani tem poder curativo e fortalecedor do e do espírito. Devido à sacralidade da relação dos Guarani Mbya com os alimentos, existem rituais de preparação para o plantio e a colheita, de modo a vincular os alimentos com seus espíritos protetores, e também para fortalecer e proteger aqueles que irão se alimentar.

O uso do petynguá (cachimbo sagrado), para benzer os alimentos, é recorrente durante os rituais Guarani. Eles utilizam o milho para o Nimongarai, ritual de batismo, momento em que são revelados e distribuídos os nomes em língua Guarani às da aldeia e que simbolizam suas verdadeiras almas. Os pais levam a criança à casa de rezas junto com elementos como o ombojapé, um tipo de alimento preparado com farinha de milho guarani e água, assado nas cinzas de uma fogueira.

Os povos Guarani Mbya também contam e ensinam histórias sobre os diversos tipos de milho, pois existe uma grande variedade de espécies do grão cultivadas entre os povos Guarani, de diversas colorações.

Zezé Weiss – Jornalista Socioambiental

Fontes: Guardiões do Milho, Milho Guarani e Povo Guarani Mbya 

Fotos: ISA/PIB Socioambiental

 

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UMA REVISTA PRA CHAMAR DE NOSSA

Era novembro de 2014. Primeiro fim de semana. Plena campanha da Dilma. Fim de tarde na RPPN dele, a Linda Serra dos Topázios. Jaime e eu começamos a conversar sobre a falta que fazia termos acesso a um veículo independente e democrático de informação.

Resolvemos fundar o nosso. Um espaço não comercial, de resistência. Mais um trabalho de militância, voluntário, por suposto. Jaime propôs um jornal; eu, uma revista. O nome eu escolhi (ele queria Bacurau). Dividimos as tarefas. A capa ficou com ele, a linha editorial também.

Correr atrás da grana ficou por minha conta. A paleta de cores, depois de larga prosa, Jaime fechou questão – “nossas cores vão ser o vermelho e o amarelo, porque revista tem que ter cor de luta, cor vibrante” (eu queria verde-floresta). Na paz, acabei enfiando um branco.

Fizemos a primeira edição da Xapuri lá mesmo, na Reserva, em uma noite. Optamos por centrar na pauta socioambiental. Nossa primeira capa foi sobre os povos indígenas isolados do Acre: ‘Isolados, Bravos, Livres: Um Brasil Indígena por Conhecer”. Depois de tudo pronto, Jaime inventou de fazer uma outra boneca, “porque toda revista tem que ter número zero”.

Dessa vez finquei pé, ficamos com a capa indígena. Voltei pra Brasília com a boneca praticamente pronta e com a missão de dar um jeito de imprimir. Nos dias seguintes, o Jaime veio pra Formosa, pra convencer minha irmã Lúcia a revisar a revista, “de grátis”. Com a primeira revista impressa, a próxima tarefa foi montar o Conselho Editorial.

Jaime fez questão de visitar, explicar o projeto e convidar pessoalmente cada conselheiro e cada conselheira (até a doença agravar, nos seus últimos meses de vida, nunca abriu mão dessa tarefa). Daqui rumamos pra Goiânia, para convidar o arqueólogo Altair Sales Barbosa, nosso primeiro conselheiro. “O mais sabido de nóis,” segundo o Jaime.

Trilhamos uma linda jornada. Em 80 meses, Jaime fez questão de decidir, mensalmente, o tema da capa e, quase sempre, escrever ele mesmo. Às vezes, ligava pra falar da ótima ideia que teve, às vezes sumia e, no dia certo, lá vinha o texto pronto, impecável.

Na sexta-feira, 9 de julho, quando preparávamos a Xapuri 81, pela primeira vez em sete anos, ele me pediu para cuidar de tudo. Foi uma conversa triste, ele estava agoniado com os rumos da doença e com a tragédia que o Brasil enfrentava. Não falamos em morte, mas eu sabia que era o fim.

Hoje, cá estamos nós, sem as capas do Jaime, sem as pautas do Jaime, sem o linguajar do Jaime, sem o jaimês da Xapuri, mas na labuta, firmes na resistência. Mês sim, mês sim de novo, como você sonhava, Jaiminho, carcamos porva e, enfim, chegamos à nossa edição número 100. E, depois da Xapuri 100, como era desejo seu, a gente segue esperneando.

Fica tranquilo, camarada, que por aqui tá tudo direitim.

Zezé Weiss

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