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INSETOS: O SUPERALIMENTO DO FUTURO?

INSETOS: O SUPERALIMENTO DO FUTURO?

Insetos: O superalimento do futuro?

Consumidos hoje por cerca de dois milhões de seres humanos, cada vez mais os insetos vão sendo considerados como essenciais para o futuro da nutrição e da agricultura sustentável. Como possuem uma alta concentração de proteínas, lipídios, fibras, minerais e, principalmente, de todos os nove aminoácidos essenciais para a dieta humana, muitos insetos oferecem o chamado “pacote nutritivo completo”…

Por Eduardo Pereira 

Consumidos hoje por cerca de dois milhões de seres humanos, cada vez mais os insetos vão sendo considerados como essenciais para o futuro da nutrição e da agricultura sustentável. Como possuem uma alta concentração de proteínas, lipídios, fibras, minerais e, principalmente, de todos os nove aminoácidos essenciais para a dieta humana, muitos insetos oferecem o chamado “pacote nutritivo completo”.

Estudos mostram que a entomofagia, ou o consumo alimentar de insetos, pode oferecer grande vantagem não somente para saúde humana, mas também para a saúde do planeta. O cultivo de insetos, dizem os especialistas, pode gerar o mesmo estoque de proteína oferecido pelo gado, pelo porco ou pelas aves domésticas, com uma emissão muito menor de CO2 e com o uso de muito menos recursos naturais.

Ou seja, uma verdadeira revolução para a agricultura, hoje uma das maiores responsáveis pela emissão de gases de efeito estufa, pelo desmatamento e pelo consumo de água no planeta. Mais, a FAO, em um relatório de mais de 200 páginas, recomenda a entomofagia como a melhor forma de erradicar a fome no mundo. Segundo a FAO, existem mais de 1.900 insetos comestíveis disponíveis para a dieta humana.

Nos Estados Unidos, grilos e gafanhotos já começam a ser comercializados no formato de barras e suplementos de proteína. E, embora cause certa aversão entre as pessoas, a igualmente nutritiva larva de farinha já está sendo adotada como complemento nutricional em alguns países, tanto para a alimentação humana como para a de outros animais.

No Brasil, segundo a FAO, há cerca de 135 espécies de insetos comestíveis, já em uso por nossas comunidades indígenas, quilombolas e ribeirinhas. Dentre elas, destaca-se a formiga conhecida como tanajura (do tupi-guarani: formiga que se come), amplamente utilizada não somente como “mistura” com o arroz e o feijão, substituindo a carne, mas também em receitas da chamada alta gastronomia.

Segundo a nutricionista Maria Lúcia Barreto Sá, colunista da Slow Food Brasil, “enquanto a carne bovina possui 20% de proteínas, as formigas contêm aproximadamente 44%, sendo sua composição ainda rica em sódio, potássio, ferro, cálcio e ácidos graxos”.

Por essa razão, fica a pergunta: Poderá o mercado crescente da entomofagia representar um grande potencial para o mercado interno e para a exportação, transformando os insetos no superalimento do futuro?

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UMA REVISTA PRA CHAMAR DE NOSSA

Era novembro de 2014. Primeiro fim de semana. Plena campanha da Dilma. Fim de tarde na RPPN dele, a Linda Serra dos Topázios. Jaime e eu começamos a conversar sobre a falta que fazia termos acesso a um veículo independente e democrático de informação.

Resolvemos fundar o nosso. Um espaço não comercial, de resistência. Mais um trabalho de militância, voluntário, por suposto. Jaime propôs um jornal; eu, uma revista. O nome eu escolhi (ele queria Bacurau). Dividimos as tarefas. A capa ficou com ele, a linha editorial também.

Correr atrás da grana ficou por minha conta. A paleta de cores, depois de larga prosa, Jaime fechou questão – “nossas cores vão ser o vermelho e o amarelo, porque revista tem que ter cor de luta, cor vibrante” (eu queria verde-floresta). Na paz, acabei enfiando um branco.

Fizemos a primeira edição da Xapuri lá mesmo, na Reserva, em uma noite. Optamos por centrar na pauta socioambiental. Nossa primeira capa foi sobre os povos indígenas isolados do Acre: ‘Isolados, Bravos, Livres: Um Brasil Indígena por Conhecer”. Depois de tudo pronto, Jaime inventou de fazer uma outra boneca, “porque toda revista tem que ter número zero”.

Dessa vez finquei pé, ficamos com a capa indígena. Voltei pra Brasília com a boneca praticamente pronta e com a missão de dar um jeito de imprimir. Nos dias seguintes, o Jaime veio pra Formosa, pra convencer minha irmã Lúcia a revisar a revista, “de grátis”. Com a primeira revista impressa, a próxima tarefa foi montar o Conselho Editorial.

Jaime fez questão de visitar, explicar o projeto e convidar pessoalmente cada conselheiro e cada conselheira (até a doença agravar, nos seus últimos meses de vida, nunca abriu mão dessa tarefa). Daqui rumamos pra Goiânia, para convidar o arqueólogo Altair Sales Barbosa, nosso primeiro conselheiro. “O mais sabido de nóis,” segundo o Jaime.

Trilhamos uma linda jornada. Em 80 meses, Jaime fez questão de decidir, mensalmente, o tema da capa e, quase sempre, escrever ele mesmo. Às vezes, ligava pra falar da ótima ideia que teve, às vezes sumia e, no dia certo, lá vinha o texto pronto, impecável.

Na sexta-feira, 9 de julho, quando preparávamos a Xapuri 81, pela primeira vez em sete anos, ele me pediu para cuidar de tudo. Foi uma conversa triste, ele estava agoniado com os rumos da doença e com a tragédia que o Brasil enfrentava. Não falamos em morte, mas eu sabia que era o fim.

Hoje, cá estamos nós, sem as capas do Jaime, sem as pautas do Jaime, sem o linguajar do Jaime, sem o jaimês da Xapuri, mas na labuta, firmes na resistência. Mês sim, mês sim de novo, como você sonhava, Jaiminho, carcamos porva e, enfim, chegamos à nossa edição número 100. E, depois da Xapuri 100, como era desejo seu, a gente segue esperneando.

Fica tranquilo, camarada, que por aqui tá tudo direitim.

Zezé Weiss

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