Bernardo Elis

“O Causo eu Conto”: lançamento do livro sobre a vida do Bernardo Élis acontece em Brasília

BRASÍLIA, ANOTE AÍ: 
Continuando com sua série de eventos literários, a Livraria do Chico convida para o lançamento do livro A Livraria do Chico organiza lançamento de livro “O Causo eu Conto”,  sobre a do escritor Bernardo Élis e a do Brasil no século XX, a obra mais recente do jornalista e escritor .
Dia: Quarta-feira, 16 de maio
Hora: 10 – 12h
Local: Livraria do Chico – ICC Norte – UnB
SOBRE O LIVRO
“O Causo eu Conto” é um livro sobre um contador de causos e o tempo em que ele viveu, com uma rica realidade histórica, cultural, familiar e pessoal. Sua é uma viagem suave, gostosa de sorver, pois foi escrita de modo direto, claro e muitas vezes poético.
Em verdade, a vida do escritor Bernardo Élis perpassa um bom quinhão da História do Brasil do século XX. A partir dos sertões centrais do país, repletos de e estórias, as principais matérias-primas de seus tantos escritos, segue rumo às grandes , cheias de fatos, mentiras e verdades, de alguns desencantos.
SOBRE O AUTOR:
Jaime Sautchuk é jornalista e escritor. Mas também mexe com cinema, produção cultural, educação mobilização social, e é editor da Revista Xapuri.
Natural de Joaçaba (SC), aos 13 anos foi estudar em Curitiba (PR). Foi office-boy e bancário, até virar jornalista, aos 18 anos.
Sua trajetória é a de um repórter indócil, independente, adepto do jornalismo investigativo. Trabalhou na grande imprensa, como O Globo, Estadão, Folha de São Paulo, Veja, e,  na resistência ao regime militar, nos jornais Opinião e Movimento. E na rádio BBC, de Londres.
Na produção de vídeo independente, ganhou prêmios como o “Vladimir Herzog de ”, com “Balbina, Destruição e ”. Tem obras com o bispo Pedro Casaldáliga e o filólogo Antônio Houaiss. Entre seus livros, estão “Projeto Jari – A Invasão Americana”, “A Guerrilha do Araguaia”, “Descaminhos do Futebol”, “Cruls – Histórias e Andanças do Cientista Que Inspirou JK A Fazer Brasília” e obras sobre personagens, como Cristovam Buarque. Na ficção, destacam-se a novela “Mitaí” e “Antologia Profética”.
Criou o Festival de Cinema e Vídeo Ambiental (FICA), na . Hoje, coordena projeto do Conselho Mundial da Paz, para formar formadores na proposta de uma Cultura da Paz e Direitos Humanos. Mantém uma reserva ambiental em Cristalina, (GO), onde reside.

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UMA REVISTA PRA CHAMAR DE NOSSA

Era novembro de 2014. Primeiro fim de semana. Plena campanha da Dilma. Fim de tarde na RPPN dele, a Linda Serra dos Topázios. Jaime e eu começamos a conversar sobre a falta que fazia termos acesso a um veículo independente e democrático de informação.

Resolvemos fundar o nosso. Um espaço não comercial, de resistência. Mais um trabalho de militância, voluntário, por suposto. Jaime propôs um jornal; eu, uma revista. O nome eu escolhi (ele queria Bacurau). Dividimos as tarefas. A capa ficou com ele, a linha editorial também.

Correr atrás da grana ficou por minha conta. A paleta de cores, depois de larga prosa, Jaime fechou questão – “nossas cores vão ser o vermelho e o amarelo, porque revista tem que ter cor de luta, cor vibrante” (eu queria verde-floresta). Na paz, acabei enfiando um branco.

Fizemos a primeira edição da Xapuri lá mesmo, na Reserva, em uma noite. Optamos por centrar na pauta socioambiental. Nossa primeira capa foi sobre os povos indígenas isolados do Acre: ‘Isolados, Bravos, Livres: Um Brasil Indígena por Conhecer”. Depois de tudo pronto, Jaime inventou de fazer uma outra boneca, “porque toda revista tem que ter número zero”.

Dessa vez finquei pé, ficamos com a capa indígena. Voltei pra Brasília com a boneca praticamente pronta e com a missão de dar um jeito de imprimir. Nos dias seguintes, o Jaime veio pra Formosa, pra convencer minha irmã Lúcia a revisar a revista, “de grátis”. Com a primeira revista impressa, a próxima tarefa foi montar o Conselho Editorial.

Jaime fez questão de visitar, explicar o projeto e convidar pessoalmente cada conselheiro e cada conselheira (até a doença agravar, nos seus últimos meses de vida, nunca abriu mão dessa tarefa). Daqui rumamos pra Goiânia, para convidar o arqueólogo Altair Sales Barbosa, nosso primeiro conselheiro. “O mais sabido de nóis,” segundo o Jaime.

Trilhamos uma linda jornada. Em 80 meses, Jaime fez questão de decidir, mensalmente, o tema da capa e, quase sempre, escrever ele mesmo. Às vezes, ligava pra falar da ótima ideia que teve, às vezes sumia e, no dia certo, lá vinha o texto pronto, impecável.

Na sexta-feira, 9 de julho, quando preparávamos a Xapuri 81, pela primeira vez em sete anos, ele me pediu para cuidar de tudo. Foi uma conversa triste, ele estava agoniado com os rumos da doença e com a tragédia que o Brasil enfrentava. Não falamos em morte, mas eu sabia que era o fim.

Hoje, cá estamos nós, sem as capas do Jaime, sem as pautas do Jaime, sem o linguajar do Jaime, sem o jaimês da Xapuri, mas na labuta, firmes na resistência. Mês sim, mês sim de novo, como você sonhava, Jaiminho, carcamos porva e, enfim, chegamos à nossa edição número 100. E, depois da Xapuri 100, como era desejo seu, a gente segue esperneando.

Fica tranquilo, camarada, que por aqui tá tudo direitim.

Zezé Weiss

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