Medellín: Mobilidade Inclusiva
Medellín é uma cidade latino-americana localizada no Valle de Aburrá, a noroeste da Colômbia e já foi considerada como uma das cidades mais violentas do planeta em razão do mundialmente temido cartel de Medellín, liderado pelo narcotraficante Pablo Escobar, morto em 1993…
Por Antenor Pinheiro, especial de Medellín, Colômbia
Mas hoje, mesmo que carregue na sua história o estigma daquele tempo difícil, a cidade quebrou velhos paradigmas e tornou-se referência mundial de desenvolvimento urbano e social não muito distante dos padrões de urbanismo europeus, canadenses, australianos ou estadunidenses.
Sério! Basta percorrer as ruas das 10 cidades que formam a mancha metropolitana de Medellín, em meio aos seus 3,6 milhões de habitantes, e conversar com as pessoas sobre suas percepções que a gente encontra as respostas pra confirmar o sucesso alcançado.
Rapidamente é possível identificar que um dos pilares dessas virtudes urbanas está na forma de gestão de toda a área integrada e na credibilidade que possui a autoridade institucional denominada Área Metropolitana.
Não por menos, em 2012 Medellín mereceu destaque do influente jornal New York Times por sua política de reforma urbana implantada no início deste século, em particular as políticas públicas baseadas no seu programa de Metrô. Está na integração modal do sistema de transportes o principal fator que contribuiu (e contribui) para o desenvolvimento regional sob a égide da inclusão social.
A inusitada e ousada experiência também conferiu a Medellín, em 2013, o título de cidade mais inovadora do mundo em uma competição realizada pela ONG americana Instituto Urban Land, depois de superar centenas de outras cidades e as duas fortes finalistas, Tel Aviv e Nova York.
Ao vivenciar a região e conhecer essas políticas públicas em seus formatos diversos, entende- -se a seriedade do vigoroso marco regulatório nacional baseado no Plano Nacional de Segurança Viária/2011–2021, articulado com outros quatro planos regionais em desenvolvimento (2014 e 2020) e a estruturação da Companhia de Desenvolvimento Urbano.
Mobilidade Urbana para os gestores de Medellín significa “pessoas em movimento”, em alusão à prioridade de se construir e manter o conceito de “cidades para pessoas” em todas as ações governamentais. Esse, o foco de todo o Plano de Mobilidade de Medellín, que é composto de cinco pilares estratégicos: transporte público, estradas, trânsito, meio ambiente e desenvolvimento social/cultura cidadã.
Pegue-se o primeiro pilar, o transporte público! Sua essência é a consolidação do VASIT (Sistema Integrado de Transportes no Vale do Aburrá), que realiza a integração física, operacional e de tarifas dos meios de transporte públicos, como Metrô de Superfície, Metroplus (BRT), Ciclovias (bicicletas públicas), Calçadas, Metrocable (teleféricos), Escadarias (Comuna 13) e as rotas secundárias no Vale do Aburrá, para ser um meio de transporte ágil, confortável, eficiente, econômico e seguro. Note- se a melhoria na utilização dos espaços de mobilidade para mitigar os impactos ambientais e sociais em geral. E, finalmente, observe-se a melhoria da acessibilidade para pessoas com deficiência e de mobilidade reduzida na cidade.
Resumindo, políticas urbanas sustentáveis e investimentos públicos bem direcionados com foco na inclusão social permitem soluções de mobilidade que modificam o cenário urbano, garantem qualidade de vida às populações, superam estigmas e adversidades culturais e consolidam a premissa de que, quando a gente quer, a gente faz!
Antenor Pinheiro – Jornalista. Comentarista
da CBN Goiânia. Membro da Associação Nacional de
Transportes Públicos /ANTP.