Movimento dos seringueiros celebra 40 anos na COP30 com lançamento de livro histórico e homenagem a lideranças das florestas e das águas

MOVIMENTO DOS SERINGUEIROS CELEBRA 40 ANOS NA COP30 COM LANÇAMENTO DE LIVRO E HOMENAGEM A LIDERANÇAS

Movimento dos seringueiros celebra 40 anos na COP30 com lançamento de livro histórico e homenagem a lideranças das florestas e das águas

O Conselho Nacional das Populações Extrativistas (CNS) celebrou, nesta sexta-feira, 14 de novembro, seus 40 anos de história, luta e resistência em defesa dos povos das florestas e das águas

Por UP Comunicações/Via GuaranyJunior

A comemoração ocorreu no Espaço Chico Mendes e Fundação BB na COP30, em Belém (PA), reunindo lideranças históricas, parceiros institucionais e extrativistas de todos os biomas brasileiros.

A programação iniciou com uma homenagem às lideranças que fundaram o CNS e a entrega do Certificado de Reconhecimento como Cidadã da Floresta para a jornalista Zezé Weiss, que há mais de 50 anos escreve a história do movimento dos seringueiros do Brasil. Também foi marcada pelo lançamento do livro “40 anos de lutas, conquistas e resistências”, obra que registra a trajetória do movimento. A publicação foi escrita e organizada pela vice-presidente do CNS, Letícia Moraes, com a colaboração de cofundadores, pesquisadores e apoiadores.

“Há 40 anos, nossa juventude não tinha letramento, e hoje reunimos histórias contadas por quem vive e luta nos territórios. Queremos mostrar como a luta do seringueiro se entrelaça com tantas outras na Amazônia”, afirmou Letícia Moraes durante a cerimônia.

Estiveram presentes o presidente do CNS, Júlio Barbosa; o presidente do ICMBio, Mauro Oliveira Pires; a antropóloga e referência histórica do movimento, Mary Allegretti; a presidenta do Comitê Chico Mendes, Ângela Mendes; o diretor do Museu Paraense Emílio Goeldi, Nilson Gabas Jr.; uma das cofundadoras do CNS e do PT, Julia Feitoza; e o diretor-executivo da Fundação Banco do Brasil, Gilson Lima, entre outras autoridades.

Durante o evento, Joaquim Belo, secretário de Formação e Comunicação do CNS, reforçou o simbolismo do momento. “O CNS nasceu para cuidar da vida por inteiro — do território e de quem vive nele. Nossa história cabe em muitos livros, mas este é especial porque é contado por quem construiu essa luta. O legado de Chico Mendes está aqui: é o legado de uma luta social que atravessa gerações”, declara.

Além do lançamento do livro, a celebração contou com apresentações culturais, parabéns coletivo com a diretoria do movimento, escolha do mister e miss extrativista, bolo e show do cantor Zake Sá.

A comemoração reforçou o papel central do CNS como uma das mais importantes redes de defesa socioambiental do Brasil, mantendo vivo o legado de Chico Mendes e das lideranças que construíram, ao longo de quatro décadas, um dos maiores movimentos comunitários de proteção da floresta no mundo.

O Espaço Chico Mendes e Fundação BB na COP30 é uma realização do Comitê Chico Mendes, do Conselho Nacional das Populações Extrativistas (CNS) e da Fundação Banco do Brasil, com apoio do Memorial Chico Mendes, do Museu Paraense Emílio Goeldi e do Ministério do Meio Ambiente e Mudança do Clima (MMA).

Fonte: Up Comunicação

Deixe seu comentário

UMA REVISTA PRA CHAMAR DE NOSSA

Era novembro de 2014. Primeiro fim de semana. Plena campanha da Dilma. Fim de tarde na RPPN dele, a Linda Serra dos Topázios. Jaime e eu começamos a conversar sobre a falta que fazia termos acesso a um veículo independente e democrático de informação.

Resolvemos fundar o nosso. Um espaço não comercial, de resistência. Mais um trabalho de militância, voluntário, por suposto. Jaime propôs um jornal; eu, uma revista. O nome eu escolhi (ele queria Bacurau). Dividimos as tarefas. A capa ficou com ele, a linha editorial também.

Correr atrás da grana ficou por minha conta. A paleta de cores, depois de larga prosa, Jaime fechou questão – “nossas cores vão ser o vermelho e o amarelo, porque revista tem que ter cor de luta, cor vibrante” (eu queria verde-floresta). Na paz, acabei enfiando um branco.

Fizemos a primeira edição da Xapuri lá mesmo, na Reserva, em uma noite. Optamos por centrar na pauta socioambiental. Nossa primeira capa foi sobre os povos indígenas isolados do Acre: ‘Isolados, Bravos, Livres: Um Brasil Indígena por Conhecer”. Depois de tudo pronto, Jaime inventou de fazer uma outra boneca, “porque toda revista tem que ter número zero”.

Dessa vez finquei pé, ficamos com a capa indígena. Voltei pra Brasília com a boneca praticamente pronta e com a missão de dar um jeito de imprimir. Nos dias seguintes, o Jaime veio pra Formosa, pra convencer minha irmã Lúcia a revisar a revista, “de grátis”. Com a primeira revista impressa, a próxima tarefa foi montar o Conselho Editorial.

Jaime fez questão de visitar, explicar o projeto e convidar pessoalmente cada conselheiro e cada conselheira (até a doença agravar, nos seus últimos meses de vida, nunca abriu mão dessa tarefa). Daqui rumamos pra Goiânia, para convidar o arqueólogo Altair Sales Barbosa, nosso primeiro conselheiro. “O mais sabido de nóis,” segundo o Jaime.

Trilhamos uma linda jornada. Em 80 meses, Jaime fez questão de decidir, mensalmente, o tema da capa e, quase sempre, escrever ele mesmo. Às vezes, ligava pra falar da ótima ideia que teve, às vezes sumia e, no dia certo, lá vinha o texto pronto, impecável.

Na sexta-feira, 9 de julho, quando preparávamos a Xapuri 81, pela primeira vez em sete anos, ele me pediu para cuidar de tudo. Foi uma conversa triste, ele estava agoniado com os rumos da doença e com a tragédia que o Brasil enfrentava. Não falamos em morte, mas eu sabia que era o fim.

Hoje, cá estamos nós, sem as capas do Jaime, sem as pautas do Jaime, sem o linguajar do Jaime, sem o jaimês da Xapuri, mas na labuta, firmes na resistência. Mês sim, mês sim de novo, como você sonhava, Jaiminho, carcamos porva e, enfim, chegamos à nossa edição número 100. E, depois da Xapuri 100, como era desejo seu, a gente segue esperneando.

Fica tranquilo, camarada, que por aqui tá tudo direitim.

Zezé Weiss

P.S. Você que nos lê pode fortalecer nossa Revista fazendo uma assinatura: www.xapuri.info/assine ou doando qualquer valor pelo PIX: contato@xapuri.info. Gratidão!

PARCERIAS

CONTATO

logo xapuri

REVISTA

💚 Apoie a Revista Xapuri

Contribua com qualquer valor e ajude a manter vivo o jornalismo socioambiental independente.

A chave Pix será copiada automaticamente.
Depois é só abrir seu banco, escolher Pix com chave (e-mail), colar a chave e digitar o valor escolhido.