Os potes de mel: De onde vêm nossas abelhas

OS POTES DE MEL: DE ONDE VÊM NOSSAS ABELHAS

Os potes de mel: De onde vêm nossas abelhas

Tem-se registro de que as primeiras abelhas de origem europeia conhecidas como Apis mellifera foram introduzidas no Brasil em 1840 pelo Padre Antonio Carneiro

Por Altair Sales Barbosa 

Nos anos que se seguiram, entre 1870 e 1880, imigrantes alemães e italianos introduziram, no sul do Brasil e na Bahia, duas variedades dessa espécie, conhecida como Apis mellifera mellifera, abelha preta alemã, e Apis mellifera ligustica, abelha italiana.

Aos poucos alguns agricultores e pecuaristas começaram a levar colmeias dessas abelhas para certas áreas interioranas. Também é de se supor que, embora essas abelhas não tenham grande autonomia de voo, nem muita agresssividade, é possível que migrações lentas, consecutivas e espontâneas tenham sido também responsáveis pela sua interiorização.

A segunda leva de abehas exóticas foi introduzida no Brasil, em 1956,para fins científicos pelo professor e pesquisador Warwick Kerr. Este pesquisador lecionava em Rio Claro, estado de São Paulo. Trata-se da espécie Apis mellifera africana. Após um acidente no apiário dessa escola, algumas colmeias escaparam.

Por possuirem uma grande autonomia de voo e um grande índice de agressividade, essas abelhas atacaram as colmeias das europeias e cruzaram com elas. Como são da mesma espécie,  não houve problemas de hibridismo o cruzamento. Atualmente há quem afirme que não existem mais colmeias puras de europeias no Brasil, isto é, que todas são africanizadas.

Em meados de 1950, a apicultura brasileira sofreu grande perda em função do aparecimento de algumas . Foi então que o professor Kerr, com autorização do Ministério da ,  dirigiu-se à África com o objetivo de selecionar rainhas de colmeias africanas resistentes às doenças que afetarram as abelhas criadas no Brasil.

Esses dois grupos de abelhas exóticas pertencem ao gênero Apis, que significa ferrão. Elas possuem um ferrão ao final do , onde armazenam substâncias tóxicas extremamente doloridas, cujas picadas, em alguns casos, provocam a tanto de seres humanos como de   silvrestres.

As abelhas do gênero Apis são sociais e depositam seu mel em favos sextavados. Diferentemente das abelhas exóticas, as abelhas nativas não tem ferrão, por isso são caracterizas como Meliponidae e engloba vários gêneros e espécies com comportamentos diferenciados.
Com raríssimas exceções, a maior parte é dócil e não causa transtorno aos que se aproximam de seus ninhos. São também insetos  sociáveis, e algumas espécies são excelentes melíferas, produzindo um mel de alta qualidade.

Entretanto, essas abelhas, que também são responsáveis pela polinização de grande parte das , não depositam seu mel em favos, e sim em potes, que são ordenados no interior do ninho em forma de prateleiras. O mel de algumas dessas espécies enriquecia com açúcar e outros nutrientes a dieta cotidiana dos peregrinos do alvorecer.

Nas escavações arqueológicas de alguns sítios, constantemente, encontram-se as evidências da utilização  desse recurso, tais como pedaços de ninhos e cera. As colmeias se encontram nos troncos das árvores, nass fendas das rochas, e algumas são subterrâneas.

Esses animais fornecem mel cera. A cera tem uma larga utilização. Serve, por exemplo,  para soldar vasilhames, encabar ferramentas, enrijecer fios etc. E o mel é utlizado como alimento puro ou outros elementos.

Você sabia que agrotóxicos podem devastar colmeias

Abelhas: Agrotóxicos devastam colmeias

Segundo a jornalista Fernanda Wenzel: “O que chama atenção é que um dia após o Dia Mundial das Abelhas (20 de maio/2019), marcado por alertas sobre a mortandade destes polinizadores, o governo registrou mais dois inseticidas à base do princípio ativo Fipronil e um à base de Tiametoxam (neonicotinoide proibido na União Europeia), diretamente relacionados às mortandades de abelhas”, afirma ela.

Ela produziu um material que contou com a participação de vários técnicos, especialistas, que avaliaram a situação de modo sistemático.

“Não existe uma doença que mate as abelhas, 100 colônias ao mesmo , em dois, três dias.

Isso é característico do uso de agrotóxicos. Nós temos vários casos no Brasil, isso vem acontecendo há bastante tempo. A gente tem trabalhado inclusive com os agricultores nos sistemas de aplicação para diminuir, mas inseticida é para matar inseto, e abelha é inseto”, explica Roberta Nocelli, bióloga e professora da Universidade Federal de São Carlos, em São Paulo.

As abelhas são as principais polinizadoras da maioria dos ecossistemas do . Voando de flor em flor, elas polinizam e promovem a reprodução de diversas espécies de plantas. No Brasil, de 141 espécies de plantas cultivadas para humana e produção animal, cerca de 60% dependem em certo grau da polinização deste inseto. Segundo a Organização das Nações Unidas para a Alimentação e a Agricultura (FAO), 75% dos cultivos destinados à alimentação humana no mundo dependem das abelhas.

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UMA REVISTA PRA CHAMAR DE NOSSA

Era novembro de 2014. Primeiro fim de semana. Plena campanha da Dilma. Fim de tarde na RPPN dele, a Linda Serra dos Topázios. Jaime e eu começamos a conversar sobre a falta que fazia termos acesso a um veículo independente e democrático de informação.

Resolvemos fundar o nosso. Um espaço não comercial, de resistência. Mais um trabalho de militância, voluntário, por suposto. Jaime propôs um jornal; eu, uma revista. O nome eu escolhi (ele queria Bacurau). Dividimos as tarefas. A capa ficou com ele, a linha editorial também.

Correr atrás da grana ficou por minha conta. A paleta de cores, depois de larga prosa, Jaime fechou questão – “nossas cores vão ser o vermelho e o amarelo, porque revista tem que ter cor de luta, cor vibrante” (eu queria verde-floresta). Na paz, acabei enfiando um branco.

Fizemos a primeira edição da Xapuri lá mesmo, na Reserva, em uma noite. Optamos por centrar na pauta socioambiental. Nossa primeira capa foi sobre os povos indígenas isolados do Acre: ‘Isolados, Bravos, Livres: Um Brasil Indígena por Conhecer”. Depois de tudo pronto, Jaime inventou de fazer uma outra boneca, “porque toda revista tem que ter número zero”.

Dessa vez finquei pé, ficamos com a capa indígena. Voltei pra Brasília com a boneca praticamente pronta e com a missão de dar um jeito de imprimir. Nos dias seguintes, o Jaime veio pra Formosa, pra convencer minha irmã Lúcia a revisar a revista, “de grátis”. Com a primeira revista impressa, a próxima tarefa foi montar o Conselho Editorial.

Jaime fez questão de visitar, explicar o projeto e convidar pessoalmente cada conselheiro e cada conselheira (até a doença agravar, nos seus últimos meses de vida, nunca abriu mão dessa tarefa). Daqui rumamos pra Goiânia, para convidar o arqueólogo Altair Sales Barbosa, nosso primeiro conselheiro. “O mais sabido de nóis,” segundo o Jaime.

Trilhamos uma linda jornada. Em 80 meses, Jaime fez questão de decidir, mensalmente, o tema da capa e, quase sempre, escrever ele mesmo. Às vezes, ligava pra falar da ótima ideia que teve, às vezes sumia e, no dia certo, lá vinha o texto pronto, impecável.

Na sexta-feira, 9 de julho, quando preparávamos a Xapuri 81, pela primeira vez em sete anos, ele me pediu para cuidar de tudo. Foi uma conversa triste, ele estava agoniado com os rumos da doença e com a tragédia que o Brasil enfrentava. Não falamos em morte, mas eu sabia que era o fim.

Hoje, cá estamos nós, sem as capas do Jaime, sem as pautas do Jaime, sem o linguajar do Jaime, sem o jaimês da Xapuri, mas na labuta, firmes na resistência. Mês sim, mês sim de novo, como você sonhava, Jaiminho, carcamos porva e, enfim, chegamos à nossa edição número 100. E, depois da Xapuri 100, como era desejo seu, a gente segue esperneando.

Fica tranquilo, camarada, que por aqui tá tudo direitim.

Zezé Weiss

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